Hoje é:3 de dezembro de 2024

Reparo e Reforço das Colunas do Palacete Babilônia

Por Emil Sanchez | Foto de abertura: Brazil Imperial

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

O Palacete Babilônia situado no Colégio Militar do Rio de Janeiro foi construído entre os anos de 1837 e 1838 por Antônio Alves da Silva Pinto, foi propriedade de Jerônimo José de Mesquita, o Barão de Mesquita, filho do Conde de Bomfim. As suas fachadas têm estilo neoclássico, com um pórtico na entrada juntamente com escadaria (Figura 1).

Figura 1

O ambiente agressivo deteriorou as armaduras longitudinais e transversais das colunas dessa edificação, que não tiveram qualquer tipo de manutenção durante a sua existência e apresentavam danos consideráveis. As colunas das fachadas, principal e lateral, apresentavam trincas longas e com grandes aberturas, daí era necessária uma intervenção imediata nesses elementos estruturais. Quando as colunas foram escarificadas constatou-se que as seções circulares eram apenas aparentes, pois os núcleos têm seção retangular e são formados por alvenaria de tijolos cerâmicos maciços, envolvidos por um anel de concreto armado, cujas armaduras eram mínimas e estavam corroídas. Os cobrimentos das colunas apresentavam trincas longitudinais que estavam ocasionando seu desprendimento, expondo as armaduras (Figura 2).

Figura 2

Para executar o reparo das colunas foi necessário remover os capitéis, porque era preciso acrescentar armaduras principais que teriam que penetrar pelo menos 5 cm na viga do pórtico. Além disso, ficavam a 5 cm antes do intradorso da viga. Confeccionou-se um molde para possibilitar a execução de novos capitéis a serem colocados sobre as colunas após a realização dos diversos serviços. Quando os capitéis foram retirados com a finalidade de solidarizar a armadura principal da coluna com a viga, constatou-se que também havia corrosão nas armaduras da viga (não havia fissuras aparentes quando da inspeção para elaboração do diagnóstico). As barras da armadura principal deveriam começar a 5 cm da pedra e terminar com 5 cm no interior da viga. A seguir aplicou-se com um pincel uma camada de inibidor de corrosão à base de zinco sobre toda a área da armadura existente, nas quais também foram colocadas pastilhas Z (proteção catódica), evitando-se manchar o concreto. A fixação de novas barras longitudinais foi executada por meio da aplicação de resina Sikadur 32 nas armaduras (adesivo epóxi de alta resistência), de modo a aderir o concreto ao aço e garantir a perfeita ancoragem dos vergalhões. Após essas etapas, as colunas foram revestidas com grout tixotrópico de alta resistência para proteção das armaduras. As seções das colunas foram recompostas, pois haviam sido diminuídas quando da remoção do cobrimento original e foram colocados estribos adicionais (Figura 3).

O mesmo tratamento inicial foi adotado para as vigas (escovar, escarificar, aplicar pintura a base de zinco). O grout tixotrópico também tem função de aumentar a seção transversal além de garantir o cobrimento das armaduras. Um novo capitel foi executado e implantado após a viga ser reparada.

Figura 3

A armadura de reforço adotada teve a seguinte sequência de serviços: a) remoção de todo o revestimento original expondo a trinca com toda sua profundidade e higienização mecânica, por meio de escova macia e aspirador de pó, execução de rejuntes com argamassa de cimento e areia; b) limpeza e tratamento das barras com inibidor de corrosão à base de zinco, aplicação de três camadas de silicato de etil a 10% sobre os tijolos por pincelamento, colocação de pastilhas Z e colocação das armaduras longitudinal e transversal e injeção por gravidade de resina epóxidica nos tijolos (Figura 4).

Figura 4

A recuperação desse elemento em alvenaria estrutural e concreto armado manteve a arquitetura original, em total concordância com as exigências do IPHAN. Os reforços das colunas aumentaram a sua capacidade resistente e foram executados de conformidade com as prescrições normativas vigente à época.

Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

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