Hoje é:20 de setembro de 2024

A quarta revolução industrial já está atuante em seu negócio?

A compreensão do conceito de Indústria 4.0 pela sua empresa, que deve avaliar como está hoje e para onde pode ir

Por Manu Souza | Imagens: Antonio Cruz/Agência Brasil, Cerâmica City

A quarta revolução industrial ou Indústria 4.0 é um termo que integra diversas expressões que você, certamente, tem ouvido por aí, mas ainda não se deu conta. Internet das coisas, big data, inteligência artificial e armazenamento em nuvem são apenas algumas delas.

A quarta revolução industrial se caracteriza por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico e as principais tecnologias que permitem a fusão desses mundos são a Manufatura Aditiva, a Inteligência Artificial (IA), a Internet das Coisas (IoT), a Biologia Sintética e os Sistemas Ciber Físicos (CPS).

Segundo informação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a participação da indústria de transformação no PIB, que já havia atingido mais de 20% em meados da década de 1980, reduziu para próximo de 11%, fruto de mudanças na estrutura produtiva do país e dos novos modelos de negócios trazidos pela disrupção tecnológica. Segundo levantamento da ABDI, a estimativa anual de redução de custos industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito 4.0, será de, no mínimo, R$ 73 bilhões/ano. Essa economia envolve ganhos de eficiência, redução nos custos de manutenção de máquinas e consumo de energia. Apesar disso, os dados apontam a quarta revolução industrial como uma oportunidade para o país.

Evolução industrial

As três primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação à indústria. Isso elevou a renda dos trabalhadores e fez da competição tecnológica o centro do desenvolvimento econômico. A quarta revolução industrial, que tem impacto mais profundo e importante, se caracteriza por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico.

Nestes sistemas, as máquinas estão interconectadas, conversam e trocam comandos entre si, armazenam dados na nuvem, identificam defeitos e fazem correções sem precisar de ajuda. Assim, é possível produzir mais, a preços menores e de forma mais inteligente. Opções em softwares e startups são muitas, em diversas áreas e tipos de mercado, que oferecem soluções com foco na facilidade de interação entre as áreas.

Uma história de sucesso

Gabriel Medeiros, diretor da Agence Rio, tem vasta experiência no desenvolvimento de startups e conta que se adaptar será o grande diferencial dos próximos anos. “A comunicação se divide em pré e pós-redes sociais. Antes, as marcas não tinham ‘obrigação’ em se relacionar com seus clientes de forma individual. As redes sociais se tornaram um canal ativo de troca de informações e reclamações entre clientes e marcas. Basta ver o tamanho da plataforma Reclame Aqui. Então, não tem para onde correr. Ou você aceita (como marca) trabalhar todos os canais de relacionamento e venda pela internet, ou você começa a perder adesão e, principalmente, a atenção do seu consumidor. Depois que você perde esses dois fatores é muito difícil reconquistar o seu público, e aí você começa a perder faturamento para o seu concorrente, que usa todos esses canais”.

Publicitário de formação, Medeiros sabe do que está falando. Quando ninguém acreditou em sua ideia para desenvolver um aplicativo de solidariedade, ele mobilizou pessoas e desenvolveu o Perdi mas Achei, um app de achados e perdidos, totalmente gratuito e que vem ajudando usuários em todo o Brasil. Com três anos no ar, o app já contabiliza mais de 20 mil cadastros. “Solidariedade nunca sai de moda. O nosso grande desafio desse projeto foi convencer as pessoas que podia dar certo. Com um cenário político como o nosso, cheio de corrupção, ninguém acreditava na nossa proposta. Mas nós realmente queríamos transformar a minoria em maioria. Claro, ouvimos muito não no começo, mas hoje podemos dizer que o serviço de achados e perdidos digital vingou. Então, o que impede que qualquer outro setor, com uma ideia – mesmo que mirabolante – inicie a sua própria inovação? Nada! Os empresários precisam mesmo é sair do lugar comum, da zona de conforto. É aquela história de pensar fora da caixa”, indica o desenvolvedor.

Trazendo a questão para o setor da cerâmica vermelha, Medeiros aconselha: “As cerâmicas estão perdendo faturamento enquanto os pedidos continuarem a chegar apenas por telefone e e-mail. Existe um mundo de pessoas que querem conhecer o segmento cerâmico, que simplesmente não usam mais telefone fixo e raramente dão importância ao e-mail. Essas empresas devem estar presentes, postando conteúdo diário no Instagram, Facebook e principalmente vendendo via e-commerce. Incluir uma cultura digital dentro nas cerâmicas é um dever para ontem. Criar um plano de conscientização de dentro pra fora, desde o dono ao chão de fábrica. Compreender como esse mundo da internet funciona, para que no próximo passo comecem a se vender no online. É necessário entender a importância do mundo online para que a relação e venda (faturamento) na internet comece a acontecer”.

Desafios para o Brasil avançar

Para estabelecer o Brasil como uma potência industrial neste novo momento, é preciso transformar fábricas que já existem em fábricas inteligentes. Afinal, a Indústria 4.0 já é uma realidade e será fundamental aderir a ela. A inovação deve fazer parte da estratégia de desenvolvimento e crescimento econômico. Esse movimento provoca ainda uma mudança no perfil do trabalhador e exige profissionais multidisciplinares.

Os estudantes vão conhecer ferramentas e megatendências de inovação, bem como compreender a importância desses conceitos no mundo dos negócios. Já os profissionais, precisarão se reinventar e incorporar as novas tecnologias para competir em igualdade de condições em seu mercado de trabalho.

O Sebrae indica que mais do que nunca, são necessárias fortes lideranças e articuladores na indústria, no governo e nas instituições acadêmicas e de pesquisa. Além de níveis de investimento relevantes e da capacitação intensiva de gestores, engenheiros, analistas de sistemas e técnicos nessas novas tecnologias, além de parcerias e alianças estratégicas com entidades de outros países. Mais do que “fazer amigos e influenciar pessoas”, os novos profissionais têm pela frente o desafio de facilitar a interação entre o mundo real e virtual.

O diretor de atendimento da Reserva Comunicação, Márcio Quirino, indica o novo perfil desses profissionais. “Não podemos dizer que existe um novo consumidor, na verdade, esse consumidor é o mesmo. O que muda é a forma com que ele se relaciona com as mídias e o quanto o produto tem se customizado para atender a necessidade do consumidor. Ao longo dos anos a gente vê a segmentação de produtos cada vez mais voltada para atingir nichos específicos, mas outras categorias têm conseguido ter capilaridade, principalmente o setor de serviço. Temos como exemplo a ‘uberização’ das coisas. O consumidor hoje é multitela, ele deixou de ser um passivo, agora ele é ativo e quer informação, tem acesso muito rápido a essa informação e acaba sendo mais crítico na hora de tomar uma decisão. Então é preciso trabalhar de forma a disponibilizar essa informação sobre atributos, diferenciais, inovação do produto e também aparecer, surgir, sem ser procurado para estimular consumo, mas também para disseminar uma cultura dos benefícios. Por exemplo, se o setor de cerâmica vermelha for desconhecido ou não estiver no dia a dia das pessoas, vai acabar sendo engolido por outro setor que se apresenta e que se posiciona nas mídias”.

Cerâmica Vermelha 4.0

Donos de micro e pequenas empresas-cerâmicas estão investindo na transformação do seu negócio através do avanço tecnológico para aumentar a competitividade do segmento cerâmico. Os programas habitacionais trouxeram perspectivas promissoras para os empresários do setor, mas, em contrapartida, as exigências do mercado por qualidade, inovação e sustentabilidade, a forte concorrência e as dificuldades econômicas impuseram a necessidade de soluções mais urgentes para o desenvolvimento dessas MPEs.

Algumas fábricas são modelos dessa linha de mudança e aos poucos vêm conquistando um posicionamento importante no mercado da construção civil. “O nosso setor já trabalha, há muito tempo, meios de tornar-se mais moderno e eficiente em sua produção. Muitas cerâmicas, em todas as regiões do Brasil, possuem processos produtivos automatizados e robotizados. Temos excelentes modelos de negócios nas regiões sul, sudeste e nordeste”, indica o presidente da Anicer, Natel Moraes.

A Telhamar, indústria pertencente ao Grupo Telhas Mafrense, localizada na zona rural de Teresina, no Piauí, importou tecnologia italiana e americana para compor um sistema de máquinas de última geração. O resultado é uma indústria autônoma, que produz telhas extrusadas nos modelos Canal, Piauí, Colonial Média e Colonial Grande. A cerâmica tem um elevado grau de automação e queima com um forno túnel da marca americana Direxa, já o automatismo é da empresa italiana Marchelluzzo e da brasileira Man. A cerâmica, que trabalha com argila 100% moída, possui ainda equipamentos para moagem da Manfredini. “Além de uma produção muito maior, ganhamos significativamente em matéria de segurança e qualidade. Hoje já temos uma telha prensada reconhecidamente de qualidade superior. Com a fábrica, ganhamos ainda mais em excelência, uma vez que temos um produto ainda mais uniforme, com controle rígido feito pelos nossos técnicos e pelos italianos, que mesmo à distância podem analisar em tempo real a performance dos equipamentos. Entretanto, infelizmente, devido as dificuldades e retração muito forte na demanda de nossos produtos, estamos com nossos equipamentos mais modernos parados. Se ligarmos, a produção é maior que nossas vendas. Por isso, estamos esperando tudo passar, para retornarmos a pleno vapor”, explica o diretor da empresa, José Joaquim Costa.

A Cerâmica City, localizada no município de Cesário Lange, interior de São Paulo, conta com exclusiva tecnologia de fabricação trazida da Europa e é uma das cerâmicas líderes em qualidade e tecnologia no Brasil. A linha de produção da fábrica conta com cinco robôs e um sistema totalmente automatizado. O que garante um aumento de produtividade, além de eficiência, qualidade do trabalho e regularidade na produção. Para o diretor da City, Constantino Frollini Neto, a tecnologia é um forte aliado no dia a dia de sua empresa. “Automatizamos o máximo que conseguimos, dentro das nossas possibilidades. Além disso, montamos um laboratório completo próprio, para dar segurança para nós e para os clientes”.

O empresário também destaca que valeu a pena todo o investimento feito para automatizar a sua linha de produção. “O nosso setor precisa se modernizar. E não falo apenas da fábrica, mas nos conceitos de construção como um todo. Temos que bancar pesquisas de métodos modernos de construção, utilizando nossos produtos com mais eficiência e investir em muitas outras ações”, indica Frollini Neto.

O Gerente Técnico da Cerâmica Gresca, localizada em Jundiaí, São Paulo, explica que acredita nos benefícios que a evolução da indústria pode trazer. “Muitos especialistas falam que a maioria das indústrias nacionais, ainda estão em transição para a Indústria 3.0, que aplica automação por meio da eletrônica, robótica e programação. No caso da Gresca, fazemos parte do grupo que está investindo em automação e toda nossa área administrativa já utiliza o sistema ERP (Sistema Integrado de Gestão Empresarial), que melhora a gestão, automatizando os processos e integrando as atividades de vendas, finanças, contabilidade, fiscal, estoque, compras, recursos humanos, produção e logística. O departamento comercial também gerencia o relacionamento com o cliente através do CRM, que armazena informações dos clientes atuais e potenciais (nome, endereço, telefone etc.), suas atividades e pontos de contato com a cerâmica, incluindo visitas ao site, ligações telefônicas e e-mails. Em relação ao processo produtivo da Gresca, ele está praticamente todo automatizado com carregadores e descarregadores automáticos. Nosso processo produtivo trabalha com PCP (Planejamento e Controle de Produção) que define a sequência de produtos que devem ser produzidos com base na demanda a médio e longo prazo. Monitoramos também, todas as etapas do processo produtivo confrontando o que foi planejado com o que realmente foi produzido. A próxima etapa será a integração de TI (Tecnologia da Informação) com TA (Tecnologia da Automação), que vai monitorar e controlar todas as etapas do processo de produção em tempo real permitindo uma melhor gestão na tomada de decisão. A urgência na utilização de novas tecnologias na indústria cerâmica surge da necessidade de aumentar a competitividade, através da otimização dos processos industriais e da redução de custos. Estamos enfrentando uma severa crise econômica que torna esse desafio muito mais difícil, porém a utilização dessa tecnologia traz agilidade na execução das tarefas e redução de custos operacionais, tornando a empresa mais competitiva e rentável, portanto quem não acompanhar estará fora do mercado”, explica Marcelo Scarazzatto.

Profissões em alta

  • Integrador de sistema de automação predial
  • Técnico de construção seca
  • Técnico em automação predial
  • Gestor de logística de canteiro de obras
  • Instalador de sistema de automação predial
  • Analista de IoT (internet das coisas)
  • Engenheiro de cibersegurança
  • Analista de segurança e defesa digital
  • Especialista em big data
  • Engenheiro de softwares
  • Mecânico de veículos híbridos
  • Mecânico especialista em telemetria
  • Programador de unidades de controles eletrônicos
  • Técnico em informática veicular
  • Técnico em impressão de alimentos
  • Especialista em aplicações de TIC para rastreabilidade de alimentos
  • Especialista em aplicações de embalagens para alimentos
  • Técnico de projetos de produtos de moda
  • Engenheiro em fibras têxteis
  • Designer de tecidos avançados
  • Projetista para tecnologias 3D
  • Operador de High Speed Machine
  • Programador de ferramentas CAD/CAM/CAE/CAI
  • Técnico de manutenção em automação
  • Técnico em análises químicas com especialização em análises instrumentais automatizadas
  • Técnico especialista no desenvolvimento de produtos poliméricos
  • Técnico especialista em reciclagem de produtos poliméricos
  • Especialista em técnicas de perfuração
  • Especialista em sismologias e geofísica de poços
  • Especialista para recuperação avançada de petróleo

Senai lança plataforma e cursos gratuitos de indústria 4.0 para empresas

Recentemente, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) lançou, uma plataforma na qual os empresários poderão fazer o diagnóstico online do estágio tecnológico de suas empresas. A avaliação servirá de base para elaboração de um plano individualizado de inserção na indústria 4.0 – termo que define o uso de tecnologias digitais nos processos produtivos desde o desenvolvimento até o uso. O teste de maturidade e o plano de evolução tecnológica são gratuitos a empresas de todos os portes e setores.

Os empresários interessados no tema também terão a oportunidade de participar de workshops e cursos rápidos e gratuitos para entender conceitos, oportunidades e riscos da quarta revolução industrial. O lançamento das iniciativas do Senai nesse campo foi feito pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, e pelo diretor-geral do Senai, também superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi), Rafael Lucchesi, durante a inauguração do Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados e do Centro de Inovação Sesi em Tecnologias para Saúde, em Santa Catarina.

O Senai vai ofertar ainda 11 cursos de aperfeiçoamento para qualificar os profissionais que vão trabalhar com tecnologias da indústria 4.0. Os alunos terão conhecimentos introdutórios em temas como inteligência artificial, big data, internet das coisas, segurança cibernética, entre outros. Na lista está o curso online “Desvendando a Indústria 4.0”, que será ofertado gratuitamente. A instituição já possui cursos de pós-graduação ligados ao conceito, como o MBI em Indústria Avançada, em Santa Catarina, e o MBI em Confecção 4.0, no Rio de Janeiro, oferecido pelo Senai Cetiqt.

Produtividade

Durante o evento, foi lançada a “Carta da Indústria 4.0”, na qual as instituições do Sistema Indústria avaliam que a também chamada manufatura avançada é a “grande oportunidade que a indústria brasileira precisa para se tornar mais produtiva”. “Processos mais ágeis representam maior produtividade, que, por sua vez, reflete-se em maior investimento e mais empregos. É o caminho para o desenvolvimento do País”, afirma o documento. “É preciso ver este momento não como ameaça, mas como uma grande oportunidade de tornar o setor industrial mais produtivo e inovador e, consequentemente, mais competitivo”, completa.

De acordo com o presidente da CNI, a iniciativa busca estimular a atualização tecnológica no Brasil o mais rápido possível. “O Sistema Indústria tem uma preocupação nesta nova fase, que é a 4.0 e alguns já falam em 5.0, que é ajudar a indústria brasileira a se inserir de uma forma muito rápida. As indústrias que vão sobreviver são as que vão investir em tecnologia e inovação”, afirmou Robson Braga de Andrade.

Ao lançar a plataforma online, o diretor-geral do Senai afirmou ser importante que as empresas entendam onde estão situadas em termos de maturidade na adoção de métodos, técnicas e estratégias em indústria 4.0. Com base no diagnóstico, serão traçados planos de digitalização específicos a cada uma. Segundo ele, mais de mil consultores e mais de 500 pesquisadores, presentes em todo o Brasil, estarão disponíveis para prestar consultoria às empresas interessadas na atualização tecnológica.

“O maior desafio da indústria brasileira é se preparar para as transformações da indústria 4.0. A indústria precisa ser a protagonista desse processo no Brasil e o Senai está pronto para ser seu principal parceiro nessa trajetória, seja na formação de recursos humanos ou na oferta de serviços técnicos e tecnológicos”, explica Lucchesi.

A carta do Senai sobre indústria 4.0 aponta quatro passos para as empresas brasileiras se atualizarem tecnologicamente:

  1. Enxugar processos: a recomendação é que, antes de digitalizar seus processos, a empresa adote métodos gerenciais e práticas organizacionais, como eficiência energética, produção limpa e lean manufacturing, técnica que reduz desperdícios com medidas de baixo custo, com excelentes resultados no aumento de produtividade.
  2. Qualificar trabalhadores: é fundamental qualificar os profissionais das empresas em técnicas como programação, robótica colaborativa e análise de dados, assim como desenvolver competências socioemocionais com métodos para estimular a criatividade, o empreendedorismo, a liderança e a comunicação.
  3. Empregar tecnologias disponíveis e de baixo custo: o Senai recomenda que as tecnologias da indústria 4.0 sejam empregadas, em um primeiro momento, para as empresas aprenderem o que está ocorrendo no seu chão de fábrica e sejam mais ágeis nas decisões. A sugestão é a utilização de soluções de baixo custo, como sensoriamento, internet das coisas, computação em nuvem e big data para melhor compreensão do processo produtivo, e de técnicas como “advanced analytics” e inteligência artificial para prever problemas que afetam a produtividade, como quebras de máquinas.
  4. Investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação: a fim de serem mais competitivas e oferecerem melhores produtos, as empresas precisam investir em inovação. A recomendação é que os empresários tenham como objetivo a implantação de fábricas inteligentes, flexíveis e ágeis, conectadas com suas cadeias de fornecimento e com capacidade de customização em massa de seus produtos, estágio mais avançado da indústria 4.0.
Pilotos

A fim de oferecer soluções para as empresas em digitalização, o Senai realiza pilotos com 56 pequenas, médias e grandes empresas em todos os estados brasileiros. O objetivo da experiência, chamada de “Indústria mais Avançada”, é refinar um método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação. São testadas técnicas de internet das coisas, sensoriamento, computação na nuvem e analytics que permitam intervir nos processos produtivos com maior agilidade.

A instituição já realizou pilotos em duas pequenas indústrias do ramo alimentício de Santa Catarina. As fábricas receberam sensores e equipamentos digitais, de baixo custo, que monitoram em tempo real a produção de massas e de biscoitos. As informações são acessadas em telas de smartphones ou tablets e, a partir dos dados, os empresários e supervisores podem tomar decisões. Foram obtidos ganhos em termos de agilidade na detecção de problemas e redução de perdas, com impactos positivos sobre a produtividade.

O Senai também planeja lançar, ainda este ano, experiências chamadas “Test Beds”, que são ambientes para testes e demonstração de tecnologias da indústria 4.0. Problemas reais serão recebidos para serem solucionados em um ambiente neutro e controlado. Após entender os benefícios, riscos e o retorno do investimento, a empresa poderá utilizar a solução em sua indústria com apoio de consultores do Senai.

A iniciativa tem a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O objetivo é somar esforços entre as instituições e ofertar recursos para a solução rápida em curto período (entre seis e nove meses). A estrutura dos Institutos Senai de Inovação, rede nacional de 25 centros de pesquisa aplicada, e dos Institutos Senai de Tecnologia estarão a serviço do projeto.

A indústria 4.0 é a nova fronteira da produção industrial e tornará a forma como se produz hoje obsoleta. Neste modelo, tecnologias ganham maior integração e há uma fusão entre os mundos físico e virtual, criando sistemas chamados ciberfísicos. A principal diferença em relação às demais revoluções industriais está na velocidade das transformações produzidas pela digitalização.

As principais tecnologias envolvidas são: internet das coisas, robótica avançada, impressão 3D, manufatura híbrida, big data, computação em nuvem, inteligência artificial e sistemas de simulação virtual. A combinação entre as tecnologias abre um leque inédito de possibilidades, novos negócios e solução de antigos problemas, como acesso remoto à saúde, cidades inteligentes, mobilidade urbana, geração de energia a partir de novas fontes, entre outros.

O que é a Rede Nacional de Institutos Senai de Inovação

Criados em 2013, os 25 Institutos Senai de Inovação, dos quais 21 já funcionam plenamente, trabalham com pesquisa aplicada – o emprego do conhecimento de forma prática e no prazo exigido pelo mercado. Possuem mais de 500 colaboradores, que desenvolvem novos produtos e soluções customizadas para as empresas ou de ideias que geram oportunidades de negócios.

A rede, que pode ser acessada a partir de qualquer um dos seus institutos, identifica e se organiza para atuar integrada a tendências globais, como mobilidade, saúde, energia, cidades inteligentes, manufatura avançada, bioeconomia e tecnologias da informação e comunicação, entre outras. Os institutos estão credenciados pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e suas iniciativas contam com verba diferenciada para financiamento de projetos estratégicos de pesquisa e inovação.

*Publicado originalmente na Revista da Anicer 115.

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Manu Souza é gestora de comunicação e editora da Revista da Anicer.

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