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Alvenaria Estrutural: Armada ou Não-armada? O que realmente muda?

Por Rangel Lage | Imagem: Anicer

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

Normalmente, grande parte das edificações em alvenaria estrutural com blocos cerâmicos são classificadas como “não-armadas”, mesmo com uma taxa de armadura, embora bem pequena, comparada ao concreto armado (uma das grandes vantagens da alvenaria estrutural: baixo consumo de aço).

Mas afinal, o que classifica a alvenaria estrutural como armada ou não-armada?

De acordo com a NBR15812-1 de 03/2010 – Alvenaria Estrutural — Blocos Cerâmicos – Parte 1: Projetos:

  • Elemento de Alvenaria Não-armado: Elemento de alvenaria no qual não há armadura dimensionada para resistir aos esforços solicitantes (tração).
  • Elemento de Alvenaria Armado: Elemento de alvenaria no qual são utilizadas armaduras passivas, que são consideradas para resistir aos esforços solicitantes.

Ou seja, sempre que em algum grupo de paredes submetida a esforços horizontais (vento e/ou desaprumo) ocorrem tensões de tração superiores ao resistido pela argamassa, há necessidade de adicionar armadura vertical para combater os esforços de tração e, portanto, pode ser considerada como Alvenaria armada. 

Em edificações em alvenaria estrutural, onde o aço vertical tem apenas função “construtiva”, ou seja, quando realizado o cálculo, os esforços de tração estão dentro do limite absorvido pela própria argamassa, pode ser classificada como Alvenaria não-armada.

Não é a presença de armadura ou não no projeto da alvenaria estrutural que a classifica como armada ou não-armada, e sim a necessidade desta armadura à tração, e isto só será definido pelo projeto estrutural.

Sendo assim, para ser considerada Alvenaria Armada, deverá haver barras de aço (geralmente apenas 1 por furo do bloco) verticais, sendo solicitados à tração. A presença de armaduras horizontais (vergas, contra-vergas, cintas da laje e intermediárias) e aço vertical “construtivo”, não são fatores que classificam a alvenaria como armada.

Quais são estes limites?

De acordo com a NBR 15812-1, sempre que os esforços de tração ultrapassem os seguintes limites:

Direção da Tração Resistência média à compressão da argamassa (MPa)
1,5 a 3,4 3,5 a 7,0 Acima de 7,0
Normal à fiada 0,10 0,20 0,25
Paralela à fiada 0,20 0,40 0,50

Valores característicos da resistência à tração na flexão ftk

E quando necessário, a armadura longitudinal para combater a tração nas paredes de contraventamento, não deve ser menor que 0,10% da área da seção transversal (armadura mínima).

Ou seja, não é a presença de armadura ou não no projeto da alvenaria estrutural que a classifica como armada ou não-armada, e sim a necessidade desta armadura à tração, e isto só será definido pelo projeto estrutural.

Instagram: @rangellage

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Especialista e Mestre em Estruturas pela FEC/Unicamp, é Sócio-diretor da Somma Cálculo Estrutural, professor em cursos de pós-graduação da Unicamp, Facens e Unasp, Possui 12 anos de experiência em projetos estruturais de Alvenaria Estrutural.

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