Por Emil Sanchez
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A normalização brasileira para o dimensionamento de pilares e paredes comprimidas segue diversos enfoques da normalização estadunidense, a datar da elaboração da primeira norma brasileira para dimensionamento de Alvenaria Estrutural. Em 1989 a NBR 10837 adotou um coeficiente redutor “R” para considerar a flambagem (encurvadura) sem ter, contudo, uma fundamentação técnico-científica, configurando uma adaptação da norma do ACI – American Concrete Institute para servir de base e permitir a elaboração dos projetos nacionais.
Cabe mencionar que a esbelteza do elemento comprimido influencia seu comportamento mecânico. Sendo assim, os resultados de ensaios de paredes e pilares de Alvenaria Estrutural mostram que o raio de giração da seção transversal é o parâmetro a ser analisado para esses casos; então os estadunidenses contornaram a dificuldade de se ter vários tipos de seções transversais para os blocos relacionando a razão do raio de giração da seção transversal (r/h) pela altura da parede com a razão da altura pela espessura da parede (h/t) que define a esbelteza da parede estrutural, que tem comportamento de lâmina. Evidencia-se, portanto, a primeira inconsistência, pois a esbelteza dos pilares (elementos lineares) não é definida por essa expressão h/t. Ressalta-se que o fator redutor “R” é adotado sem ressalvas também para os pilares, mas os resultados que levaram a definição desse coeficiente são relativos aos ensaios de paredes.
Salienta-se que esses pesquisadores adequaram os resultados experimentais de 26 paredes relacionando-os com razões máximas r/h=99 e h/t=29 e limitando o comportamento da curva de flambagem, onde se constata a partir desses valores a instabilidade elástica do elemento. Apesar disso deve-se considerar que esse programa experimental desenvolvido não teve um número significativo de resultados que possibilite subsidiar as suas conclusões de forma a atender a todos os casos possíveis de configurações das paredes, tais como: paredes internas ou externas, tipos de apoios e influência da rigidez das lajes para as quais servem de apoios, arquitetura dos furos dos blocos (influencia o raio de giração), etc.
A metodologia de avaliação da flambagem adotada corresponde ao prescrito nas normas de concreto armado, de estruturas de aço e de madeira anteriores à década de 1970. Àquela época se adotava diagramas de flambagem que relacionavam a esbelteza à tensão crítica de flambagem, delimitando o comportamento plástico do elástico, sendo esse correspondente à solução clássica de haste bi-rotulada, que é representada por uma hipérbole. Com exceção da NB 1 de 1960, norma de concreto armado, que adotava prescrições relativas ao Estado Limite Último, as demais normas eram em tensões admissíveis.
Atualmente o projeto ABNT NBR 16868-1 do ABNT/CB-002 adota no seu escopo o dimensionamento estrutural no Estado Limite Último, considerando, também, a excentricidade de segunda ordem na flexão composta e esse malfadado coeficiente redutor. Essa nova abordagem mostra a incoerência contemporânea e que a transcrição de prescrições lamentavelmente negligencia o conhecimento técnico e científico dos profissionais e pesquisadores atuantes no cenário brasileiro, que são alicerçadas em critérios estatísticos e fundamentadas em conceitos modernos, pois o Brasil destaca-se no cenário mundial nas pesquisas sobre Alvenaria Estrutural. Entretanto, na nova norma que ora se encontra em fase de publicação essa sistemática antiquada mantém-se com soberba falta de comprovação experimental criteriosa e de consistência teórica.
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