Hoje é:14 de novembro de 2024

Museu das Telhas abriga peças que podem salvar telhados

Único no Brasil, o local possui telhas de diversos modelos, incluindo fora de linha e peças raras

Por Juliana Meneses | Imagens: Acervo Museu das Telhas

Especializado em telhas, com aproximadamente 400.000 unidades e mais de 200 modelos distintos, o Museu das Telhas, localizado em São Paulo, idealizado por Carlos Pereira Neto, conta com diversos modelos de telhas cerâmicas para os mais variados tipos de telhados.

Os materiais vão desde telhas fabricadas por pequenas empresas familiares, até as de grande produção industrial. O material cerâmico é de grande durabilidade, o que permite que o telhado, se tendo a manutenção adequada, possa ser preservado por muitos anos, contribuindo de forma econômica e ecológica, reduzindo a necessidade de trocas desnecessárias.

Com mais de 60 anos de fundação, o Museu das Telhas surgiu quando Neto, na época caminhoneiro, realizava o transporte de telhas, ele observou como uma quantidade considerável deste material era descartada e que poderia ser utilizada. A prática de recolher, separar e estocar telhas descartadas tornou o Museu das Telhas uma referência para as cerâmicas que estavam fechando ou tirando um determinado tipo de telha de linha, o que tornou o proprietário um repositor no meio das telhas de cerâmica vermelha.

De acordo com o empresário, o Museu trabalha em prol da preservação. “Na construção civil no Brasil há muito desperdício, joga-se muito fora e o reaproveitamento é pequeno, daí, surgiu a preservação que existe, quando se reaproveitam telhas e conseguimos salvar telhados”.

O proprietário do Museu das Telhas conta que eles conseguem atingir variados públicos, desde pequenas reformas, até obras maiores que demandam uma quantidade grande de materiais. As telhas disponíveis vão desde as mais comuns até telhas raras, da época em que o Brasil era uma colônia ou importadas. “Conseguimos atender pequenas reposições e grandes obras, inclusive de arquitetura que remetam à fazendas, à época colonial e muitas obras de Patrimônio Histórico. Temos telhas raras, algumas importadas da França, algumas do sul do país”.

As telhas vendidas no Museu auxiliam diversos clientes a reformar e restaurar telhados sem que seja preciso trocá-lo por completo, é necessário levar uma amostra para identificação do modelo correto para a reposição. “Vendemos telhas de todos os modelos das mais variadas cerâmicas, algumas que deixaram de existir ou apenas deixaram de ser fabricadas. As mais procuradas são as tipo – capa e canal, dos mais variados fabricantes”.

De acordo com o Museu da Telha, a conservação de telhas e telhados está diretamente relacionada com uma série de fatores, dentre eles: a validade das telhas, uma telha de qualidade pode durar séculos; a manutenção, ou seja, uma revisão periódica que observe as calhas, madeiramento e telhas pode ser fundamental para que não haja prejuízos futuros; a verificação dos fatores de risco como proximidade de árvores, prédios, troca de antenas e calhas, pintura externa, limpeza de caixa d’agua; reposição que inclui guardar algumas telhas extras para possíveis trocas necessárias em curto tempo; amarração já que dependendo das travas ou inclinação as telhas precisam ser amarradas com arame de cobre legítimo para que não deslizem; subcobertura que é o uso de mantas especiais para melhorar na proteção do material e mão de obra especializada para o cuidado do telhado.

“A melhor condição de manter um telhado é contar com mão de obra especializada – “telhadistas” – que são especialistas raros no mercado. Inclusive, acreditamos que as próprias cerâmicas deveriam investir em formar mão de obra de qualidade, fazendo convênios com instituições de ensino técnico etc. Poderiam assim vender seus produtos com a certeza de serem bem utilizados”.

Carlos Pereira Neto acrescenta que para um telhado bem conservado é fundamental que seja feita a manutenção regularmente, o que não apenas preserva o material, mas identifica possíveis problemas no início poupando dinheiro. “Um telhado para ser bem conservado precisa ter sido bem feito e contar com manutenções constantes – com revisão antes dos períodos de chuvas para consertar qualquer estrago que alguma instalação que tenha sido feita, como passagem de fios, antenas, alarmes e limpeza de calhas, que com a proximidade de árvores, deverão ser mais constantes”.

As telhas adquiridas no Museu auxiliam na preservação histórica de diversos telhados, bem como na recuperação de marcos arquitetônicos conhecidos do patrimônio nacional como por exemplo o Teatro Amazonas, o Grande Hotel de Araxá (MG), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz em Piracicaba (SP), o prédio do DOPS (SP), a Faculdade de Medicina da USP (SP), a Igreja da Consolação (SP) e o Pátio do Colégio – local de fundação da cidade de São Paulo, sendo um local de contribuição da memória e da cultura e auxiliando na restauração desde casas comuns até locais históricos.

 

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Juliana Meneses é jornalista na Anicer.

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