Por Ed Wanderley
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Esperemos que na internet ou dentro de casa, pelas redes sociais ou através de seus filhos, você tenha ouvido essa constrangedora palavra: “cringe”. Tendo ouvido, você passa na primeira verificação de que não está numa bolha sem comunicação com o restante do mundo.
Para quem não explorou o termo inglês, ele é um verbo que significa retesar com medo ou vergonha, aquela sensação em que você fecha um dos olhos não querendo ver algo desagradável ou que claramente vai dar errado à sua frente, sabe? É bem isso.
Mas como significado pouco importa para a geração Z, os “novinhos” transformaram a palavra em adjetivo “estrangeirado” para criticar comportamentos dos hoje jovens adultos da geração millenial, por “pecados”, que vão desde dar parabéns pelas redes sociais a até mesmo tomar café da manhã ou se preocupar com boletos. Sim, é a turma dos seus filhos, sobrinhos ou dos aborrecentes de seus amigos que te fazem revirar os olhos.
Para além da perda de tempo, a modinha que tomou a internet de assalto nas últimas semanas e dominou conversas que evitam, na cara dura, abordar a CPI da covid, teve, sim, uma serventia. Ela mostra claramente que não vale seguir qualquer tendência para manter sua marca jovial e antenada com os movimentos sociais que se propagam nas redes.
É preciso escolher suas investidas, em vez de correr atrás de qualquer sinal de movimento de manada, tal qual cachorro ao ouvir o rolar de qualquer pneu. Por um lado, em junho tivemos uma causa consolidada e de reconhecimento mundial, o mês do Orgulho LGBTQIA+, que levou todo tipo de marca a adotar sinais de respeito ou vestir-se com as cores da diversidade – nem que seja apenas para se apresentar como politicamente corretas. Por outro, perseguir o barulho da modinha colocou muitos negócios no limiar do ridículo para tentar chamar a atenção nas redes para um público que sequer é o seu.
É preciso filtrar e escolher o que aderir, considerando os benefícios e prejuízos possíveis para a sua marca e o seu negócio. Aparecer por aparecer, dentro ou fora da internet, não vai te trazer novos negócios – esqueça aquela baboseira de “falem mal, mas falem de mim”, ok?
Mas, ceramistas, vamos combinar que a onda “cringe” não seria tão difícil de decidir ficar longe, não é mesmo? Lidar com um público que torce a cara para a preocupação de pagar as próprias contas é também saber que ele não está nem perto de preparado para virar seu cliente. Afinal, para quem não sabe o que é pagar boleto, pensar em construir ou reformar se limita às páginas desse povo no YouTube, com conteúdos sempre vespertinos, já que eles só acordam na hora do almoço…
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