Hoje é:21 de novembro de 2024

O Instagram aceitou que perdeu

Por Gabriel Medeiros

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

No início de julho, Adam Mosseri, CEO do Instagram, emitiu um comunicado curto e grosso: “O Instagram não é mais um aplicativo de compartilhamento de fotos”.

Colocando os fatos numa linha cronológica, fica mais fácil entender o futuro do Instagram. Em 2013, Zuckerberg fez uma proposta de 3 bilhões pelo SnapChat, a proposta foi recusada pelo conselho do Snap. Zuck, acuado, não pensou duas vezes: importou todas as ferramentas do Snap para dentro do Insta, e qual foi o nome disso? Stories.

Uma mudança completa no aplicativo, todos, a partir daquele momento, poderiam postar em real time tudo o que estivessem fazendo. O aplicativo dobrou de tamanho em relação ao feed. Se você postava uma vez por semana, agora você estava forçado a fazer um post por dia. Zuck gosta de alimento e alimento para ele é o maior número de mídias por usuário possível. E são esses dados que ele transforma em dinheiro. Em 2020, o Snap valia 2 bilhões, imagina o remorso de não aceitar 3 em 2013 + correção monetária de 8 anos.

Dito isso, entendemos que o Zuckerberg trabalha de duas formas: ou ele compra o teu aplicativo, ou ele copia as ferramentas e implementa no dele.

Agora, voltamos ao comunicado do início do artigo. Qual a leitura dessas duas linhas do CEO? Simples e curto, o Instagram perdeu para o TikTok. Uma plataforma de fundo de investimento chinês não vai se vender ao capitalismo americano. Não é uma questão de mercado, é uma questão política. É como o Brasil vender o Maracanã para a Argentina.

Então, qual recurso o Zuck usará? Importar as ferramentas do TikTok para o Instagram. “Não somos mais um app de vídeo e foto”, leia-se, perdemos! Agora, prepare-se para fazer aula de dança e coreografia, porque é assim que o Instagram vai trabalhar a partir de agora. Pouquíssima relevância para foto, para vídeo de trabalho ou bolinho de aniversário. Se você vive do Insta, a mudança na sua vida será brusca.

Qual a análise da mudança de público sobre isso?

O que restou no Facebook em 2021? Pessoas na faixa entre 50 e 70, discutindo sobre política. A gente tem que entender que as plataformas envelhecem e tudo tem início, meio e fim. Essa tentativa desesperada em rejuvenescer o Instagram (que funcionou contra o Snap) não me parece ser a melhor alternativa. O público é quem escolhe e o público muito jovem, já escolheu o TikTok.

Temos no TikTok pessoas entre 10 e 25, no Insta entre 25 e 50 e no Facebook entre 50 e 70. As coisas são assim. Tem espaço para todo o mundo e, às vezes, não querer perder é só prolongar a asfixia. Você acha que um adolescente de 14 anos, que acha o Instagram “super cringe” vai migrar para lá, só porque o Zuck tentou modernizar o app? Você voltaria a andar de Chevette só porque instalaram vidro elétrico?

Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos que vão se desenrolar ainda em 2021, a mudança não será suave. Ainda neste ano, haverá outra mudança, uma isonomia de valores, no sentindo de caminhar contra a dismorfia corporal, onde as pessoas começaram a se enxergar feias no espelho, porém bonitas com o filtro do Insta, algo sério, mas que só será pauta do próximo artigo.

Forte abraço e cuidado com o filtro!

Publicitário, estrategista de marketing, ex-diretor de comunicação do Governo do Rio de Janeiro, e sócio da agência Bartô publicidade, especializada em conteúdo e digital.

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