Hoje é:24 de novembro de 2024

Resistência à compressão simples de paredes estruturais

Por Emil Sanchez

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

A principal propriedade mecânica considerada nas obras de Alvenaria Estrutural é a resistência à compressão dos blocos, pois esses compõem cerca de 80% de uma parede. A NBR 16868:2020 fornece por meio de uma tabela as magnitudes dos coeficientes de ponderação para o bloco, grout e aço a serem considerados nas diversas combinações de ações quando do dimensionamento no Estado Limite Último.

Os valores apresentados não diferem dos que constavam das normas anteriores, a de blocos de concreto e a de blocos cerâmicos. Ressalta-se que no Estado Limite de Serviço todos os coeficientes são unitários, isto é, igual a 1,0.

Coeficientes de ponderação

Combinações Alvenaria Grout Aço
Normais 2,0 2,0 1,15
Especiais ou de construção 1,5 1,5 1,15
Excepcionais 1,5 1,5 1,0

A norma atual prescreve que a resistência característica à compressão simples da alvenaria, deve ser determinada por meio do ensaio de paredes. Entretanto, admite a utilização de percentuais que relacionam a resistência característica de compressão simples do prisma como segue: 70% da resistência do ensaio de uma parede e para as pequenas paredes prescreve 85%. Desse modo, o prisma é utilizado com referência da resistência à compressão, a qual deve ser obtida em ensaios realizados na obra e com os materiais realmente utilizados, principalmente a argamassa, sendo que se deve ter “argamassamento” total das paredes do bloco.

Na obtenção da resistência do prisma, deve ser considerada sua área bruta, já que ao se considerar a área líquida de um bloco de 4,5 MPa, se obtém uma resistência para o prisma de valor superior ao do bloco, o que é inconsistente. Os calculistas admitem, em geral, uma razão igual 60% entre a resistência do prisma e a do bloco. Essa sistemática era consagrada no meio técnico e utilizada por grande parte dos calculistas. Ressalta-se que esse percentual só pode ser admitido como válido se os blocos tiverem todas as paredes argamassadas, isto é, não é válido para preenchimento parcial das paredes dos blocos, pois nesse caso deve-se adotar uma redução de 20% na resistência da parede.

Verifica-se, portanto, que os prismas devem ser criteriosamente confeccionados e ensaiados já que são o referencial para determinação da resistência da parede. Sendo assim, os blocos devem ser íntegros e isentos de quaisquer defeitos; a moldagem dos prismas deve ser realizada em função da variação da resistência dos lotes de bloco, caracterizados pela resistência dos blocos. E ainda, os prismas podem ou não serem preenchidos com grout e, caso o sejam deve ser observado que não ocorra retração do grout, o que leva a que toda força aplicada pela prensa seja transferida para as paredes dos blocos deturpando o resultado do ensaio.

Outra relação prescrita por essa norma relaciona a resistência característica de compressão simples do prisma com a resistência característica à compressão do bloco.

Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *