Hoje é:14 de novembro de 2024

Telhas para todos os gostos

Em meio a diversidade de cores existentes no mercado, o consumidor anda mais ousado na hora de escolher a cobertura de sua casa

Por Manu Souza | Imagens: Arquivo Anicer

É cada vez mais comum encontrarmos telhados de cores diversas, saindo da tradicional terracota para uma cartela mais personalizada, como o azul, amarelo, branco, verde, entre tantas outras possibilidades. Vale o olhar do arquiteto e também o gosto do cliente.

Além da questão estética, a escolha da cor do telhado das casas também influencia no conforto térmico do ambiente, a exemplo da cobertura branca, já que alguns estudos indicam que a cor produz menos calor ao refletir a radiação solar e de olho nesse novo filão “sustentável” de mercado ganham os fabricantes de telhas e o consumidor também.

Na cidade de São Paulo tramitam simultaneamente, na Câmara Municipal, dois Projetos de Lei que, se aprovados, os moradores terão que decidir entre a obrigatoriedade por telhado branco ou “verde” (com plantas). O objetivo da ação é melhorar o conforto ambiental dos imóveis da cidade.

O PL 615/09, de autoria do vereador Antônio Goulart (PMDB), prevê que todos os imóveis da cidade sejam pintados na cor branca e foi baseado na campanha One Degree Less (Um Grau a Menos), de 2010, divulgada pela organização não governamental Green Building Council Brasil – GBC Brasil. A entidade sugere que o uso de telhados brancos nos edifícios pode reduzir os efeitos do aquecimento global e o consumo de energia. A ONG divulga estudos do Lawrence Berkeley National Laboratory, vinculado à Universidade da Califórnia, que estimam que, a cada 100m2 de área branca, é possível compensar a emissão de 10 toneladas de CO2 por ano, além disso, a instituição estima que 25% da aérea de uma grande cidade sejam ocupadas por telhados.

Já o PL 115/09, proposto pela vereadora Sandra Tadeu (DEM), defende que novos condomínios edificados com mais de três unidades contem com “telhado verde”, já que a camada de terra deste tipo de cobertura, promove o aumento da inércia térmica do teto, de modo que sua temperatura não mude tão rapidamente. Os dois Projetos foram aprovados em primeira fase pela Câmara, mas ainda não há estimativa para as votações em definitivo.

As telhas brancas são aliadas para melhorar o conforto ambiental da edificação.

Talvez por isso, as cores claras sejam preferência na hora da escolha da cobertura, por apresentar uma alternativa mais sustentável. O arquiteto baiano, Caio Fontoura, explica que a escolha da cobertura depende da característica de cada projeto e que é importante prever todas as interferências para a entrega de uma obra assertiva. “Além da cobertura estar de acordo com o conceito do projeto e apresentar uma estética condizente com o escolhido, ela deve ser tecnicamente adequada ao projeto: deve atender aos pré-requisitos de troca de calor, inclinação escolhida, manutenabilidade e vida útil. São considerações básicas para escolher o tipo de cobertura para um projeto. Acredito que a preocupação maior deve ser em absorver menos calor e evitar que esta absorção não aumente a temperatura interna. Uma edificação quente se torna desconfortável e faz-se necessário o uso de aparelhos de ar condicionado ou ventiladores para melhorar o conforto, desta forma, não estamos contribuindo para o meio ambiente. As telhas brancas são aliadas para melhorar o conforto ambiental da edificação”.

Telhas coloridas

O processo de coloração das telhas cerâmicas pode ser executado de três maneiras, o que configura as telhas esmaltadas, engobadas e eletrostáticas. A telha esmaltada é composta por uma camada colorida de compostos inorgânicos, à base de tintas e corantes. A composição é aplicada sobre a telha durante a queima e a fusão do esmalte à telha dá o aspecto vitrificado. A telha engobada é feita através da mistura de corantes óxidos (pigmentos) e argila fina. A fusão é espalhada na superfície da telha e, durante a queima, os materiais se fundem, proporcionando um colorido uniforme. Já na pintura eletrostática, considerada ecologicamente correta por não utilizar solventes, a telha recebe uma camada de tinta em pó, com base de poliéster, por eletrodeposição e depois é submetida à queima.

Entretanto, o consumidor deve ficar atento na hora de escolher o material que irá usar em sua obra para que não tenha dores de cabeça no futuro. Antes de mais nada, ter consciência do tipo de telhado que irá construir, definir a telha e as cores e se informar se o produto atende aos requisitos das Normas Técnicas, e se tem o selo do PSQ ou alguma certificação, o que irá garantir a qualidade do material, daí para frente é mãos à obra.

Sobre as telhas coloridas, Fontoura indica ser uma ótima opção para diferenciar projetos e dar personalidade às construções. “As cores são sempre bem-vindas na arquitetura, é o papel do arquiteto ou arquiteta fazer a escolha certa para que tenha uma boa harmonia no contexto inserido. Além disso, é importante observar pontos como a manutenção e troca de calor conforme a característica da região. Por exemplo: cores claras absorvem menos temperatura, porém ficam com o aspecto de suja mais rápido”.

Entre beleza e funcionalidade, no momento de construir um projeto, o arquiteto destaca a importância de levar em consideração as duas coisas. “Se não houver equilíbrio a edificação poderá ter grandes problemas. Se não for considerada a beleza poderá acontecer uma desvalorização comercial, se não for considerada a funcionalidade poderá ter elevados custos de manutenção, menor durabilidade da cobertura ou até danos provocados por falha das telhas. Equilíbrio sempre”, finaliza.

Manu Souza é gestora de comunicação e editora da Revista da Anicer.

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