Hoje é:19 de setembro de 2024

“A gente nunca tomou uma decisão solitária, sempre foi uma decisão em conjunto”

Membros da diretoria da Anicer enviaram perguntas ao atual presidente da Associação, Natel Moraes, que termina seu mandato este ano. Confira abaixo todas as respostas

Por Carlos Cruz

Após 6 anos no comando da Anicer, Natel Moraes, atual presidente da Associação, encerra seu mandato. Foi um longo período de desafios e novas experiências que chega ao fim, mas deixa na Anicer um legado marcado por bons resultados. Em uma entrevista feita com perguntas enviadas pelos membros da diretoria da associação, Natel fala sobre sua visão acerca da atual gestão e o que espera para o futuro.

Na sua visão, quais os pontos que foram fortalecidos na gestão dessa diretoria e quais os pontos importantes para a próxima gestão? (Sandro da Silveira)

Primeiro que a gente aprendeu a viver sem a feira. Acho que a feira tinha criado uma dependência e a gente conseguiu mudar isso, então agora a gente trabalha mais com o próprio orçamento. A gente focou muito em mercado, em desenvolvimento de produto, em ensaios, acho que esse foi o diferencial. Eu acho que um ponto importante para a próxima gestão é manter isso e a gente fortalecer também na área de bloco de vedação e fortalecer isso na área de telha também. O mesmo trabalho que foi feito com bloco estrutural, também fazer com a telha e com o bloco de vedação.

Natel, o que a nova diretoria da Anicer precisa fazer para que o PSQ de Blocos seja mais propagado e utilizado no Brasil? (Fernando Ibiapina)

O PSQ precisa ser cobrado. Na verdade, o PSQ é pouco cobrado, é pouco exigido. Por exemplo, no nosso segmento, a gente sofre muito com o PSQ porque ele é aceito, ele é muito cobrado em construtoras, só que no varejo não é, e até mesmo nas construtoras, só algumas cobram, outras não. Então, a exigência do PSQ deve ser mais propagada, tem que ser mais forte. Tanto o MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional), o próprio programa e a Caixa deveriam exigir mais a utilização do PSQ, coisa que não é feita.

Como você analisa a sua gestão à frente da Anicer? (Jorge Lopes)

Bom, eu analiso como uma gestão participativa, onde todo mundo participou, deu seu palpite. Acho que a gente nunca tomou uma decisão solitária, sempre foi uma decisão em conjunto. A gente trabalhou muito a parte de venda, trabalhou muito a parte de ensaios, a parte do movimento tecnológico, mas também a gente fez muito a parte política, fortaleceu essa questão de relação política, eu acho que isso ficou marcado. E foi uma gestão também com muitos problemas que a gente enfrentou. Pegamos uma pandemia, pegamos um impeachment de presidente da República, pegamos guerra no final. Enfim, muitos problemas a gente teve, muitas mudanças, troca de cargo no Sebrae. Acho que foi uma gestão muito desafiadora e eu acredito que a gente deu conta.

Como gostaria que seu mandato fosse lembrado? (Constantino Bueno)

Este foi um mandato de união, de muito trabalho, foi um mandado que a gente enfrentou muitos desafios, com o impeachment, na época do governo Dilma, depois nós tivemos eleição do presidente Bolsonaro, que fez uma mudança de 360º. Depois a gente teve pandemia e depois a gente teve guerra. Enfim, acho que foi um mandado de muito trabalho, de muita união e muitos desafios. Foi muito bom.

Qual a habilidade que você usou durante sua gestão, que não imaginava que usaria, que foi importante? (Constantino Bueno)

Acho que a habilidade que eu acabei usando bastante, e que foi muito importante, é que, quando a gente assume a Presidência de uma associação com bastante gente envolvida, o primeiro ponto é ter paciência. Acho que isso é o principal. Tem que ter tolerância, saber ouvir, saber respeitar, medir as palavras, saber muito o que você vai falar,  porque você tem que agregar, que somar, você não pode subtrair. A associação tem que crescer. Acho que uma habilidade que a gente usou muito foi a tolerância, foi a habilidade também de convencimento, acho que foi muito importante também.

Se você pudesse dar um conselho para a próxima gestão que você não recebeu no início da sua, qual seria? (Constantino Bueno)

O conselho que eu dou para a nova gestão é ter paciência e perseverança. Pode ter certeza que tudo que você vai querer fazer, às vezes não vai conseguir fazer naquele momento, mas aos poucos você consegue realizar. No começo, a gente acha que consegue fazer tudo, mas não é bem assim. Por exemplo, no nosso caso, a máquina pública não anda com a mesma velocidade que uma associação que nem a nossa anda. Por isso que eu falo, tem que ter muita paciência, muita perseverança, muita tolerância. É isso que eu deixo para a nova gestão, que tenha essa mesma percepção, que eu acho importante. E ouvir! A gente tem que ouvir, ouvir os sindicatos, ouvir os ceramistas, ouvir todo mundo.

Quais ações gostaria de ter feito na sua gestão e que podem ser feitas na próxima gestão? (Marcelo Tavares)

Eu queria muito ter feito um trabalho melhor na área de bloco de vedação e de telha. Eu acho que isso é importante. O nosso setor tem muitos fabricantes de telha ainda e tem muitos de blocos de vedação. Acho que tem que ser feito e eu deixo essa dica para o próximo presidente, para que essas ações aconteçam na próxima gestão, fortaleçam mais o mercado de telha e o mercado de blocos de vedação. Eles precisam de uma atenção também e eu acho que esse trabalho tem que começar, quem sabe ainda este ano, e dar continuidade na próxima gestão.

Como foi avançar com tecnologia e qualificação no mercado cerâmico, com tantas opções avançando e batendo no nosso produto? (João Neto)

Avançar com tecnologia e qualificação no mercado cerâmico foi necessário porque a gente viu os concorrentes avançando nesse sentido e o setor cerâmico tinha ficado muito para trás. Então, a gente precisou investir muito nisso, investir muito em desenvolvimento tecnológico, em normas, investir na questão das FAD’s. Enfim, a gente teve que se adequar, que trabalhar muito nisso e isso foi muito importante. E acho que o fato também das outras opções virem crescendo muito, batendo em nosso produto, fez com que a gente tivesse esse olhar e trabalhar essa necessidade.

Com experiência adquirida ao longo de dois mandatos, com um excelente trabalho à frente da Anicer, qual a sua sugestão para nova diretoria no tocante às de ações que devam ser implementadas, visando à melhora no associativismo para adesão de novos sócios – cerâmicas, sindicatos e associações? Vale lembrar que, quanto maior o número de associados, mais forte fica a nossa associação, seja pelo aspecto econômico, seja pelo aspecto de legitimação para representar todo o setor. Parabéns a você e a toda equipe. (Marcelo Lima)

É uma pergunta muito interessante e até muito difícil de ser respondida. Veja bem, primeiro a gente tem que entender qual é a maior importância de uma associação ou de uma representatividade de classe, como uma associação nacional ou então um sindicato que nós temos. Primeiro é a defesa dos interesses, eu acho que isso é importantíssimo. Nós temos um governo bem emparelhado e um governo muito técnico, porque as pessoas que trabalham no governo são pessoas preparadas por aqui. E nós temos que nos preparar também. E a gente se prepara para isso, entendeu? E eu acho que é isso que as associações têm que fazer, defender a classe, defender as demandas que o Brasil tem. Isso é importantíssimo, não tem preço. Esse é o primeiro ponto. Quando as pessoas começarem a entender a importância desse trabalho que o sindicato faz, que é representar a classe em todas as instâncias, em todos os órgãos federativos, estaduais e municipais, aí eu acho que isso já impulsionaria muito as ligações. O sindicato tem que devolver também isso, essa representatividade e, claro, tem mais coisas que a gente tem que trabalhar, por exemplo, o fortalecimento de mercado e da tecnologia. Eu acho que tudo isso o sindicato faz, isso a gente vem fazendo. Agora, as pessoas têm que se convencer de que acabou aquela época de sindicato e associação que oferecia plano de saúde, tratamento dentário, esse tipo de coisa. Isso aí não é mais do sindicato. O que as pessoas têm que entender é o trabalho que a associação e que o sindicato podem lhe devolver, com representatividade. É isso que o sindicato tem que oferecer. Isso que eu sempre defendi. Tem muita gente que acha assim: ‘a Anicer faz pouco’. Pouco o quê? A Anicer vem trabalhando muito. Em todas as decisões mais importantes do país, a Anicer esteve lá, presente, representando o ceramista. No momento que, por exemplo, faltou orçamento na Caixa Econômica, a Anicer estava lá, brigando por orçamento na Caixa para que não parassem as obras. Vamos pegar 2018, greve dos caminhoneiros. A Anicer estava lá, presente na desmobilização para fazer o Brasil voltar a andar de novo. E assim sempre foi e sempre vai ser. As pessoas têm que começar a reconhecer também esse trabalho e aí fortalecer mais. Eu digo que, se todo mundo contribuísse com a Anicer, trabalhasse firme com a Anicer e com os seus sindicatos, nós teríamos uma mega associação e mega sindicatos. Porque nós temos muitas cerâmicas no Brasil, e se cada um contribuísse um pouquinho, eu tenho certeza que a gente poderia fazer muito mais do que já faz.

Carlos Cruz é jornalista na Anicer.

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