Por Carlos Cruz | Imagens: Cerâmica City e Bloco Brasil
À primeira vista, os benefícios são inúmeros e a técnica parece ser a solução para todos os problemas: execução acelerada de projetos, as instalações feitas sob medida, a escolha inteligente de materiais, uma maior durabilidade e um custo reduzido da obra.
Baseada na aplicação de sistemas pré-fabricados, que chegam às obras, prontos para serem montados, a técnica tem causado uma total reestrutura nos canteiros, transformando-os em verdadeiras linhas de montagem. A maior parte dos processos ocorre dentro do ambiente fabril. “Muito comuns, por exemplo, na construção de indústrias e galpões, onde a estrutura de pré-fabricados é muito comum”, explica o engenheiro e colunista da Revista da Anicer, Rangel Lage.
“Nós temos sistemas como parede de concreto moldada in loco, que é um tipo industrializado; nós temos construções modulares, como estruturas com contêineres; nós temos construção com steel frame, que tem um grau de industrialização importante; nós temos construções metálicas e as construções modulares que já vêm para encaixe apenas. Esses são os mais utilizados”, acrescenta.
Contudo, a larga utilização desse sistema começou a causar problemas para o mercado. Um dos pontos sensíveis é que todos os dias novos elementos construtivos vêm sendo introduzidos no mercado e no cotidiano das obras. No entanto, muitos dos que se aventuram por esse modelo se esquecem que construções desse tipo dependem do bom desempenho obtido na associação entre sistemas.
No estudo Mapeamento de problemas na construção industrializada em aço, os autores Urânia Sales, Henor de Souza e Francisco Neves destacam que é cada vez mais comum nos canteiros de obras o uso de painéis de fechamento industrializados. No entanto, não é sempre que esses elementos são usados adequadamente e com todo o seu potencial de racionalização. O que tem se observado, por conseguinte, é o uso de componentes de fechamento inovadores de maneira tradicional, o que pode gerar problemas durante a obra, como a elevação do custo do projeto, e até mesmo problemas futuros para os usuários da edificação, como problemas patológicos.
Isso sem falar na carência de mão-de-obra especializada e qualificada, o que ainda representa uma dificuldade para os empreendedores, já que as técnicas e os materiais em questão são relativamente novos no mercado nacional e as empresas que oferecem mão-de-obra nem sempre têm qualificação adequada.
“Para que a construção industrializada funcione bem, assim como qualquer tipo de construção, ela tem que ser bem-feita. E para ser bem-feita, às vezes a gente esbarra na questão de mão de obra e de qualidade de material. Então construções feitas numa velocidade muito alta, com alto teor de industrialização, em que as coisas têm que estar muito bem encaixadas, se não forem muito bem executadas, podem trazer alguns problemas, manifestações patológicas, dificuldade de manutenção, uma série de coisas comparadas às construções tradicionais”, comenta Lage.
O engenheiro ainda acrescenta que esses processos mais industrializados não costumam funcionar para a construção de residências. Primeiramente, por questões culturais. “As pessoas tendem a preferir sistemas mais tradicionais por uma questão mais cultural, no sentido de que já passou pelo teste do tempo. Construções novas tendem a ter uma certa dificuldade por não passar no teste do tempo”, aponta o engenheiro. “É muito comum que a técnica seja adorada em edificações de grande porte como, por exemplo, indústrias, shoppings, uma obra que tenha que ser entregue num tempo muito curto, e com um nível de complexidade muito grande. Nesses casos, tende-se a se utilizar algo mais industrializado, ou, por exemplo, em construções em que seja necessária uma escala muito grande, com muitas unidades sendo entregues”, acrescenta.
De acordo com Lage, a própria alvenaria estrutural traz um alto grau de industrialização no sentido de poder ser um processo mais racionalizado, que traz mais velocidade à obra, mais padronização. “Eu diria que não é uma industrialização total, mas é um grau de industrialização bem aceitável, que traz mais produtividade, que é o que se busca na industrialização, a padronização, a velocidade e, portanto, a economia”, afirma. “Um exemplo disso é que a gente chama a construção civil de ‘indústria da construção civil’, mas acaba lidando como se não fosse uma indústria”.
Lage destaca que outros sistemas, como a própria parede de concreto moldada in loco, trazem essa mesma dificuldade, de um bom controle executivo e tecnológico para que as manifestações patológicas sejam minimizadas, o que ainda não é a maior parte da realidade o país. “Na minha visão, o modelo construtivo mais recomendado é aquele que for mais adequado para aquela arquitetura e para a realidade de cronograma e financeira do seu cliente. Uma residência, por exemplo, que eu tenho dois ou três meses para entregar, a alvenaria estrutural é a minha preferida. Mas nem sempre é possível”, explica. “Às vezes, o cliente precisa disso para uma semana, e então é preciso buscar sistemas pré-modulados que permitam essa velocidade tão alta e, claro, sempre há um preço a se pagar por isso. É preciso saber se isso se adequa à questão financeira e de prazo”, conclui.
Alvenaria do Brasil
Em meio a invasão de sistemas construtivos alternativos no mercado da construção civil brasileira, a Anicer e a Bloco Brasil se uniram para desenvolver a campanha publicitária “Alvenaria do Brasil”, que foca nas vantagens do sistema em uma construção.
Com o objetivo de desmistificar a alvenaria, a iniciativa destaca as vantagens do sistema e busca alcançar o consumidor, que muitas vezes compra o seu imóvel sem ter acesso a informações importantes sobre a construção, como futuras reformas, funcionalidades das paredes e até aspectos como acústica e sensação térmica. Essas informações acabam impactando em toda a vida útil do imóvel, inclusive no gasto da conta de energia com ar condicionado e aquecedor.
Planejada para veiculação ainda neste mês de janeiro, a campanha apresenta uma cartilha interativa impressa e digital. Confira, em breve, nas redes sociais da Anicer e da BlocoBrasil.
Deixe um comentário