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Argamassas para Alvenaria Estrutural

Por Emil Sanchez | Imagem: Cerâmica City

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

As funções da argamassa de assentamento são garantir o monolitismo e a solidez da parede e transmitir todas as ações verticais e horizontais atuantes de forma a solidarizar as unidades, formando uma estrutura única. Insere-se também nesse contexto a possibilidade da sua capacidade de assimilar as deformações entre os blocos e corrigir as irregularidades causadas pelas variações dimensionais dos mesmos, bem como impedir, nas paredes, a ação deletéria das chuvas, dos ventos e outros agentes.

As argamassas consistem numa mistura proporcionada de aglomerante (cimento e cal hidratada), agregado miúdo (areia) e água, podendo ainda empregar adições e aditivos de forma a aprimorar suas propriedades e desempenho. As principais funções dos insumos são: resistência mecânica e durabilidade (cimento); trabalhabilidade e resiliência (cal hidratada); controle da retração e redução dos custos (areia); a impermeabilidade, a resistência mecânica e as propriedades específicas como a trabalhabilidade melhoram com os aditivos, sendo que não é permitido o emprego de produtos à base de cloretos.

Para a elaboração da dosagem e apuração do consumo dos diversos insumos que constituem as argamassas têm-se as seguintes massas específicas aparentes: cimento Portland=1 505 kg/m3; cal hidratada= 640 kg/ m3; pasta de cal = 1 280 kg/m3; areia úmida = 1 280 kg/m3. Esses dados visam elaborar uma dosagem inicial básica e, posteriormente, realizar as adaptações necessárias na dosagem.

A trabalhabilidade da argamassa é aferida pelo ensaio de abatimento de tronco de cone (slump), que deve ficar entre 10 cm a 20 cm. A resistência da argamassa é obtida em corpos de prova prismáticos, moldados com golpes de soquete. Os resultados obtidos nos ensaios são analisados estatisticamente segundo critérios de amostragem e apuração de valores constantes em prescrições normativas.

A resistência característica fak fica estabelecida considerando-se um percentil de 5% na curva de Gauss (curva normal), isto é, garante-se que 95% dos valores obtidos nos ensaios estarão acima da magnitude prescrita para a resistência da argamassa.

Os resultados dos ensaios de paredes com blocos assentados com argamassas, com diversos consumos de cimento por metro cúbico, indicam que o acréscimo de cimento a partir de 300 kg/m3 não aumenta a sua resistência característica, que fica em torno de 12 MPa. Então, aumentar o consumo de cimento é antieconômico e não resultará em acréscimo de resistência na parede.

A ASTM prescreve diversos tipos de argamassas, cujas denominações foram retiradas da palavra MASON. Sendo:

TIPO M – alta resistência; para alvenaria armada e não armada submetidas a altas cargas de compressão; são apropriadas para pressões de terra, solicitação de vento, terremoto, ou seja, para estruturas abaixo e acima do nível do solo.

TIPO S – tem uma alta resistência de aderência (própria para solicitações de tração); recomendada para estruturas submetidas à força de compressão de magnitude corrente, mas que requerem resistência de aderência quando solicitadas a flexão (pressão de solos em arrimos, vento, terremoto), e sua excelente durabilidade recomenda-a para paredes junto ao solo (fundações, arrimos e pisos).

TIPO N – é usual para estruturas acima do nível do solo; recomendada para paredes externas internas e para a técnica do “veneer”; sua trabalhabilidade, resistência a compressão, a flexão e custo, são parâmetros que a recomendam para as aplicações usuais.

TIPO O – o seu alto teor de cal confere a esta argamassa uma baixa resistência; recomendada para paredes não estruturais (externa e interna) e paredes que utilizem a técnica do “veneer” que não estejam sujeitas a umidade, sendo usada em prédios de um e dois andares tendo boa trabalhabilidade e baixo custo.

A tabela 1 mostra as dosagens básicas para os tipos de argamassas padronizadas pela ASTM C270.

Tipo fa28
(MPa)
Cimento Portland Cal hidratada Areia
Mín. Máx. Mín. Máx.
M 17,5 1,00 0,25 2,81 3,75
S 12,00 1,00 0,25 2,81 3,75
0,50 3,37 4,50
N 5,30 1,00 0,50 3,37 4,50
1,25 5,06 6,75
O 2,50 1,00 1,25 5,06 6,75
2,50 7,87 10,50

Tabela 1

Para as dosagens usuais no Brasil têm-se os dados da tabela 2.

Dosagem em volume
C:Cal:A
Consumo de cimento
(kg/m3)
Resistência à compressão
fa28 (MPa)
 
Utilização
1:2,0:9 162 2,5 Paredes de vedação
1:1,0:6 243 4,5 Casas térreas
1:0,6:6 224 5,8 Sobrados
1:0,6:5 263 7,5 Prédios até 4 andares

Tabela 2

Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

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