Hoje é:20 de setembro de 2024

Blocos em movimento

Fachada de prédio no Teerã dá vida à construção com disposição de blocos que imitam uma veneziana

Por ArchDaily | Imagens: Mostafa Karbasi, Parham Taghioff – ArchDaily

Durante as últimas décadas, a população de Teerã cresceu enormemente, como consequência, a demanda por habitação aumentou dramaticamente, levando a altos preços da terra. Em tais condições, cada metro de terra equivale a uma quantidade considerável de lucro, fazendo uma mudança nas prioridades. Em contradição ao passado, onde a principal necessidade estava no conforto e na conveniência das pessoas, hoje, aproveitar ao máximo a área de construção de cada projeto, tornou-se a prioridade número um.

Antes, uma característica fundamental da arquitetura residencial iraniana, era proporcionar privacidade aos moradores, por meio de uma arquitetura introvertida, geralmente formada em torno de um jardim privado central com todas as aberturas voltadas para isso e as janelas raramente expostas nas áreas externas. Hoje, na arquitetura residencial, as janelas se abrem para a passagem pública e, com o crescimento vertical dos apartamentos, a privacidade tornou-se uma qualidade perdida. O que acaba gerando um número enorme de varandas cobertas por materiais opacos que bloqueiam a visão dos edifícios opostos.

Embora esse padrão de habitação seja economicamente rentável para os construtores e pareça ser a única solução para a falta de espaço suficiente, está em extremo contraste com o estilo de vida iraniano originário de sua cultura, crença e religião. Pensando em amenizar a falta de privacidade e garantir a satisfação daqueles que precisam morar em apartamentos, o escritório de arquitetura Admun Design & Construction Studio desenvolveu o projeto desta fachada.

A construção ainda garante outros recursos, como moderar a luz, limitar a visão externa, organizar a experiência caótica dos terraços e diminuir o ruído do bairro. Os tijolos cerâmicos foram escolhidos por ser um dos materiais mais usados na região, além disso, os arquitetos precisavam atender as necessidades ambientais e, ao mesmo tempo, criar numerosas texturas esteticamente bonitas.

O conceito da fachada foi inspirado na vizinhança. A textura do tijolo é um reflexo do horizonte caótico do contexto e as aberturas estão localizadas considerando as vistas agradáveis e desagradáveis das redondezas. Girar os tijolos proporciona a existência de vários graus de aberturas e os ângulos de rotação são precisamente ajustados através de um diálogo entre o interior e o exterior, considerando a direção do sol, a luz do dia e o nível de distração dos apartamentos. Sendo assim, a arquitetura está constantemente viva, tanto dentro quanto fora da construção.

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