Hoje é:19 de setembro de 2024

Cerâmica vermelha, atemporal e cheia de estilo

Como a cerâmica vermelha além de útil pode trazer um conceito marcante ao projeto

Por Juliana Meneses sob supervisão de Manu Souza | Imagens: Divulgação

A cerâmica vermelha é estilosa e pode ser utilizada nos mais variados ambientes e com distintos conceitos. Seu caráter marcante faz com que arquitetos escolham este material para os mais diferentes projetos, sendo aplicado na construção ou de forma substancial, como no caso de telhados, onde o material cerâmico se mostra uma excelente escolha – uma vez que é um excelente agente térmico, mantendo uma temperatura agradável na construção -, ou mesmo para servir de objeto de design, onde combinado com outros materiais pode adquirir a concepção de estilos distintos, criando ambientes harmoniosos e aconchegantes nos projetos.

A arquiteta Renata Souza, em seu projeto de sala de jantar, utilizou o revestimento de cerâmica vermelha para dar um conceito de vigor e equilíbrio à construção. O tijolo à vista é um revestimento super atemporal e versátil. Nesse apartamento de alma masculina, arrojado, equilibrado e super sofisticado, optamos por utilizar uma parede de tijolo aparente vermelho – assentado com junta seca o que o deixa mais requintado e leve -, como destaque ao fundo da sala de jantar, criando um mix de textura e cores e banhado por um feixe de luz que deu o toque final, coroando o ambiente com um estilo rústico fino”.

“Durante o processo de criação, nós queríamos algo marcante, que tivesse uma pegada moderna e que não cansasse com o passar do tempo, e o mais importante: que imprimisse a personalidade do cliente, que por sinal nos deu total autonomia na escolha dos produtos, com isso, obtemos esse resultado que é um sucesso até hoje, virando referência de estilo para novos clientes”.

A ideia de Renata era que fosse possível transmitir também um ar de sofisticação ao ambiente na utilização do tijolinho aparente.

O arquiteto Caio Fontoura conta que em um dos seus projetos, o telhado era o verdadeiro desafio que ele teria que solucionar.

“Todos nós, arquitetos, em algum momento da carreira já nos deparamos numa solicitação de projeto de reforma em que a primeira ideia que veio em mente foi “derruba e faz outro”. Pois bem, este foi o primeiro pensamento que me veio quando vi o imóvel do projeto. O telhado em telha cerâmica deixou de ser o “desastre” daquela construção para ser o grande marco construtivo que transformaria totalmente a estética daquele imóvel. Fui convidado pela minha amiga arquiteta Karine Crispim, especializada em design de interiores, para desenvolvermos juntos uma solução para aquela residência. Localizada numa esquina, num platô – cerca de 3 metros acima do nível da rua – que posicionava a residência em destaque na rua. O que me chamou atenção naquela construção foi a quantidade de águas daquele telhado – termo técnico dado a cada plano de um telhado -, elas tinham ângulos, sentidos e tamanhos diferentes. Não tinha nenhum ritmo, harmonia e proporção, somado a aquele aspecto de abandono causado por telhas brancas cobertas de fungos e limo. O telhado da varanda no térreo era curvo, acompanhando a curvatura do muro na esquina, a torre do reservatório superior era coberta por um telhado de quatro águas parecendo um “tampão” de uma garrafa. Eram tantos ângulos e sentidos diferentes das águas que causava uma extrema confusão na leitura daquele telhado. Após perceber todo o efeito negativo causado pelo telhado existente, ficou claro para mim que o segredo para aquele projeto seria mudar todo aquele telhado. Sabendo da minha experiência, Karine me deu carta branca para criar uma nova cobertura para aquela residência, enquanto ela colocaria todo o seu talento em cada detalhe fazendo um belíssimo projeto de design de interior”.

O arquiteto conta que o objetivo do projeto foi então reestruturar o telhado, investido para que ele ficasse impecável. “As premissas iniciais para fazer o projeto de cobertura seriam ter um telhado em telha cerâmica, limpo, leve e deixando claro que ele era sim o destaque estético daquela residência. As limitações eram muitas, como por exemplo pé direito para se obter o caimento correto, limites laterais do lote e principalmente o orçamento da obra. A primeira decisão foi que o telhado só poderia ter 2 sentidos de quedas e o menor número possível de águas”.

“Assim, defini que toda a área de varanda seria uma água, o hall de entrada da residência ficou marcado com um grande beiral com pé direito duplo e uma grande água marcando a vista principal da residência. A cobertura da torre do reservatório foi removida e projetada uma laje impermeabilizada para realmente destacar a “torre” e não a “cobertura da torre”. No lado menos visto da residência, o telhado nasce mais alto à lateral oposta, para se ter o pé direito necessário para o conforto dos ambientes. O resultado, com uma grande aprovação dos proprietários, foi um telhado com telha cerâmica e madeiramento aparente marcando a estética da residência de forma leve, proporcional e bem definida. Foi um desafio e tanto, acredito que a grande sacada para este projeto foi perceber a importância do telhado em telha cerâmica, marcando a identidade daquela residência”.

A arquiteta Semíramis Alice, em seu projeto para um jovem casal, prestes a casar, utilizou o tijolinho cerâmico não apenas para decorar a sala, mas também no banheiro social.

“No projeto de interiores do apartamento de um casal, localizado na Barra Funda, bairro de São Paulo, o conceito do apartamento foi baseado no estilo industrial, por isso o uso do tijolinho aparente. Para compor, foi utilizada a cor cinza nos móveis e prateleiras em chapa metálica. O mesmo tijolinho aparente utilizado na sala, foi usado na parede da bancada do banheiro social, que teria a função de lavabo também”.

A arquiteta conta que o casal sugeriu a utilização do revestimento cerâmico, ela fala ainda sobre a ideia de utilizar o mesmo revestimento no banheiro. “Um apartamento jovem e moderno, aconchegante e com uma pegada mais industrial. O tijolinho foi um pedido deles, para fugir dos revestimentos 3D e papel de parede. Gosto de trabalhar com o mesmo conceito em todo apartamento, porque dá um senso de continuidade e integração”.

Juliana Meneses é jornalista na Anicer.

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