Hoje é:19 de setembro de 2024

Cerâmicas que brilham

Compostos foram desenvolvidos de acordo com o processo de produção e matéria-prima empregada na fabricação das peças de cerâmica vermelha

Por Manu Souza | Fotos: Jeferson Lemke

Para manter a competitividade, é preciso ficar de olho em tudo que diz respeito à inovação na construção civil. Novas técnicas e tecnologias surgem a todo instante e garantir qualidade, praticidade na aplicação, funcionalidade e beleza, faz a diferença no mercado.

Buscando atender a uma demanda crescente no setor de cerâmica vermelha, o consultor técnico, Jeferson Lemke, vem desenvolvendo compostos exclusivos para aplicação em qualquer processo de produção de peças em cerâmica vermelha convencional. Podendo ser queimados uma ou duas vezes, os esmaltes são aplicados com uso de sistema de pulverização aerógrafa automática, diretamente sobre a peça, sem necessidade de aplicação de engobe ou outro tipo de esmalte como base.

“No processo convencional, a superfície cerâmica não possui uma película vítrea estabilizada, sendo assim, para reduzir sua porosidade superficial, a peça cerâmica necessita ser queimada em uma temperatura mais alta do que a convencional, alterando sua cor e até mesmo sua estrutura. Com a utilização dos compostos vítreos, a peça cerâmica recebe uma proteção extra na superfície, que é desenvolvida e adequada, respeitando o processo de produção já existente, principalmente a etapa de tratamento térmico (queima)”, explica Lemke.

Atuante no mercado de desenvolvimento de peças especiais para cerâmica vermelha, desde o ano de 1999, Lemke se dedica a atualização da técnica junto a consultores europeus vindos da Espanha, Alemanha e Itália, regiões que detém muita tecnologia aplicada a este segmento. O consultor explica que no Brasil existe uma grande necessidade de desenvolvimento de produtos para este fim, junto à cerâmica vermelha convencional, uma vez que diferentemente do processo de produtos esmaltados tradicionais, a cerâmica vermelha tem inúmeras particularidades em cada processo, o que a diferencia totalmente e até mesmo inviabiliza a utilização de alguns insumos existentes no mercado, sem a devida adequação. “No caso especifico dos produtos metalizados, muito se observa a existência destas peças em cerâmica de alta temperatura ou importadas, porém, a visão para esta iniciativa foi desenvolver algo para o nicho de produtos em cerâmica vermelha tradicional, processo que se iniciou em laboratório próprio em 2014. Este tipo de composto pode ser aplicado em qualquer tipo de cerâmica vermelha de superfície aparente, como placas de revestimento, telhas, cobogós, tijolos para construção aparente, tijolo à vista, confeccionado via extrusão ou prensagem, tijolos de vedação com faces aparentes, entre outros”.

A iniciativa já colhe bons frutos no Mato Grosso do Sul e em Goiás, com a confecção de peças a partir de argila reutilizada da produção de tijolos de vedação, em ambos os projetos. “As aplicações foram estendidas ainda à industrias cerâmicas que fabricam revestimento rústico tradicional, com uso de argilas comumente empregadas na cerâmica vermelha, agregando assim um diferencial único aos produtos especiais da empresa”.

Para entender melhor a aplicação desta inovação, a Revista da Anicer fez uma entrevista com o consultor Jeferson Lemke, que nos explicou a importância de alimentar o setor com novidades e abrir mercados para novos produtos. Confira a seguir.

Para que mercado se destina essas peças?

Este tipo de produto vem atender as necessidades de um público atualmente composto por arquitetos e decoradores que buscam assinar seus projetos com peças especiais, diferenciadas, com cores, efeitos e texturas que não venham apenas trazer um ar de estética única ao ambiente, mas que tenham particularidades facilitadoras, como uma manutenção simplificada, um ciclo de vida maior do produto em relação aos processos convencionais, podendo agregar a rusticidade a seus projetos mais nobres, de uma forma mais padronizada e com identidade única.

Como está a questão da inovação no setor cerâmico?

O mercado atual está em busca de inovações constantes, porém, observamos certo receio por parte do empresariado em investimentos nesta área, além do momento econômico que o país atravessa, muitas vezes a inovação é vista como onerosa e até mesmo desnecessária, mas na verdade ela é o grande diferencial que está sendo um classificador natural, entre as empresas de mesmo porte, uma vez que frente as normativas nacionais, já não se pode apenas aguardar o concorrente lançar o produto, para se copiar e produzir também. Hoje, se faz necessário garantir a qualidade de seu produto e isso não se pode plagiar.

Por que o ceramista deve inovar?

A inovação faz com que o ceramista, constantemente, esteja antenado com as novidades de mercado fora da empresa e muitas vezes fora do segmento cerâmico, porém, que são e serão influenciadoras diretas nas tendências de mercados futuros e, consequentemente, serão balizadoras das necessidades de produtos e serviços a se apresentar, caso o ceramista queira sempre ser competitivo, operando com pioneirismo e lucratividade.

De onde veio esta ideia?

A ideia partiu da constante necessidade de produtos para aplicação no desenvolvimento de peças de cerâmica vermelha metalizada que fossem facilmente ajustados, conforme o tipo de argila, o processo de produção envolvido, a estrutura de secagem, o tipo de forno e de combustível empregado. Enfim, criar um produto para somar junto a identidade da empresa, sendo totalmente ajustável conforme a necessidade. Esta situação não se tem no mercado nacional de coloríficos, uma vez que o custo para o desenvolvimento de um composto especifico exclusivo, somente compensaria para emprego em uma empresa que realmente produzisse em larga escala, como as tradicionais fábricas de revestimento prensado, mas em cerâmica vermelha o volume é menor e o poder de investimento muitas vezes também, dessa forma, desenvolver um tipo de produto que seja de fácil implementação nos processos existentes e de baixo custo, até mesmo para volumes pequenos, não é só uma inovação, mas também uma necessidade extrema.

Manu Souza é gestora de comunicação e editora da Revista da Anicer.

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