Hoje é:20 de setembro de 2024

É hora de construir imagem e derrubar paredes (virtuais)

Por Ed Wanderley

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

Das mais simbólicas imagens que representam quem venceu na vida, talvez seja a de uma varanda numa sala a que mais tenha impacto emocional em minha vida. Justamente por isso, em meio ao isolamento físico compulsório, para dar aquela calibrada na sanidade mental e autoestima, mesmo sem ter vencido na vida, decidi pôr uma rede na bendita sala, próximo à janela do apartamento, aquela ostentação. Foi apenas quando me vi, do alto de minhas duas toneladas corporais, bunda no chão e pedaços de parede nas costas que descobri o incrível mundo da comunicação espontânea no que diz respeito à construção.

No incrível reino do YouTube, tiozões e tiazinhas, sem alarde ou script, ensinam de tudo: de preparar massa, aplicar rejunte e escolher tijolo a fazer acabamentos, colorir cimento queimado e muito mais. Os vídeos, espalhados na rede e sem técnicas soberanas de SEO, sem gestão de comunidade e sem planejamento de comunicação, somam dezenas de milhares de visualizações cada. Nos comentários, um punhado de agradecimentos com promessas de “vou tentar” a dúvidas de casos específicos que os autores se dispõem, de fato a responder.

Muito se fala em marketing de conteúdo, mas, por vezes, não se compreende com clareza que o xis da questão é basicamente pensar no consumidor final ou em seu cliente intermediário, no sentido de informá-lo; de oferecê-lo presença e assistência, derrubando a parede da distância entre necessidade e fim; de tirar dúvidas, básicas ou complicadas; o que, no final das contas, significa provocar uma associação de marca que vá além do desembolso de dinheiro – até porque essa é uma imagem triste para todo mundo, a do dinheiro saindo, não acha? Sensação exatamente oposta à do dinheiro caindo ali na conta, como um balançar de fim de tarde e cheiro no cangote…

Em meio ao isolamento físico compulsório, para dar aquela calibrada na sanidade mental e autoestima, mesmo sem ter vencido na vida, decidi pôr uma rede na bendita sala, próximo à janela do apartamento, aquela ostentação.

A pergunta é: o que você, sua marca ou empresa tem feito para se colocar no imaginário de seus clientes e consumidores para além de ser visto como gasto? Que tipo de relação qualitativa está sendo criada? Quando a Tramontina mostra receitas de comidas rápidas em vídeos super produzidos ou a Unilever mostra influenciadores dando dicas infalíveis de como tirar manchas difíceis ou truques domésticos, elas dizem, silenciosamente, “somos parceiros”, “meu produto tem como missão te ajudar”. Pode não ser, claro; você pode só estar interessado no dinheiro, mas simpatia pode te ajudar nesse objetivo.

Fazer esse tipo de conteúdo não é difícil. Basta pensar em que dúvidas e situações você pode oferecer soluções. Ah! Aprendi a fazer massa pesada, a chumbar em coluna não vital e a fazer acabamento com tijolo aparente. A rede tá na sala, mas restrita a gente magra e crianças – é que a minha tal vitória ainda tarda, mas a imagem, amigo, essa faz pose pro Instagram…

Instagram: @edwanderley

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Ed Wanderley é repórter e escritor, natural de Pernambuco, destacado entre os 100 jornalistas mais premiados do Brasil. Torcedor do Sport e entusiasta da lógica de que quando a informação não é o bastante, só o humor salva.

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