Hoje é:21 de novembro de 2024

Edificações inteligentes

O uso de sensores tem otimizado processos e proporcionado conforto em edifícios residenciais e comerciais

Por Carlos Cruz

O sensoriamento de ambientes tem proporcionado à arquitetura contemporânea oportunidades de inovação. Cada vez mais comuns, os sensores passaram a fazer parte da estrutura de muitas construções, oferecendo benefícios em diversos âmbitos. O engenheiro eletricista Henrique Sauer, CEO da Renovatto Consultoria e Treinamento, desenvolve projetos na área e realiza treinamento para aplicação de sensores, medição e tratamento de dados. Ele explica que o sensoriamento de ambientes está dentro dos smart buildings e pode ter várias aplicações.

“Nós temos sensoriamento de iluminação, temperatura, coisas desse tipo, que vão estar relacionadas ao conforto. A partir desses sensores, você pode acender uma lâmpada, abrir uma janela ou ajustar o ar-condicionado automaticamente. E isso pode ser tanto residencial quanto comercial”, explica.

Mas o sensoriamento também pode estar ligado a questões mais funcionais. “Você tem um sistema centralizado, que já é uma coisa também relativamente comum em alguns prédios, a centralidade de segurança, como o sensoriamento de fumaça e de temperatura para fins de incêndio. Também a questão da segurança, com câmeras e outras coisas que podem ter outras funções”, acrescenta o engenheiro eletricista.

Existem diversos benefícios relacionados ao sistema de sensoriamento. A redução de custos, segundo Henrique Sauer, é a principal vantagem que se espera com a adoção desse sistema em prédios comerciais, com o uso inteligente dos recursos, reduzindo o consumo de energia e de água.

Também é possível utilizar o serviço para reforçar a segurança dos processos e aumentar a praticidade. “Você tem um sistema centralizado, inteligente, que possa tomar ações a partir de uma identificação facial, possa trancar uma porta ou liberar o acesso”, explica. E acrescenta: “Então por exemplo, quando um colaborador chega no prédio, a portaria inteligente já o identifica, destrava a entrada e a pessoa entra. Já é um tipo de automação que vai reduzir o custo de operação e automatizar certos processos”.

Já nas construções residenciais, o conforto é a principal vantagem. “Você vai ter um ambiente inteligente, em que você estará trabalhando na sua mesa e estabelecer um nível de iluminação mínima que você aceita. E conforme vai entardecendo, você vai trabalhando e não percebe que o ambiente está ficando escuro. Nesses casos, a sua própria sala já vai começar a ligar algumas luzes, ou abrir uma janela um pouco mais para entrar claridade. Tudo vai sendo ajustado. Ou o ar-condicionado que liga sozinho quando a temperatura sobe muito. É um impacto muito mais do ponto de vista de conforto do que de eficiência”, explica o CEO.

A eficiência é bastante notada quando o mesmo sistema é utilizado nas áreas comuns do edifício. Mas para isso, é importante ter em mente que esse sensoriamento não deve ser feito de forma aleatória, em qualquer parte do ambiente. Para Sauer, os sensores devem ser posicionados em pontos chaves da edificação e ligados a uma central, que concentre os dados para a tomada de decisões automáticas. “Essa central pode ser desde um mesmo sistema bem simples de automação ou pode partir para uma coisa de inteligência artificial, bem mais complexa, em um prédio inteiro, buscando otimizar eficiência energética, questões de reconhecimento facial de segurança. Em geral, a gente tem sempre os sensores ligados a uma central e essa central controlando alguma coisa, como portas, janelas, temperatura etc”, diz.

Diferentes lugares, diferentes usos


Esses sistemas já são utilizados em diversos países do mundo, mas com empregabilidades que vão variar de acordo com o local. No Brasil, segundo o engenheiro, o sensoriamento é mais usado em prédios comerciais, para a eficiência de escritórios, enquanto que, fora do país, já é mais comum em residências, com foco no conforto dos moradores.

“Isso já está integrado em uma central com eficiência energética, já com o sistema de geração solar e outras coisas, tudo no mesmo sistema, sendo controlado para otimizar o consumo de energia. Isso já é mais comum lá fora. Aqui no Brasil, praticamente ainda não existe”, reitera o CEO da Renovatto.

Sistemas cada vez mais modernos


As técnicas de sensoriamento já evoluíram consideravelmente e estão se tornando cada vez mais acessíveis. “Os sensores de temperatura e de iluminação já existem há décadas, só que a integração deles de forma inteligente é que vem evoluindo muito rápido nos últimos anos. É aí que essa coisa tem ganhado mais corpo, devido à inteligência artificial e outras tecnologias de computação que estão permitindo tomar ações mais inteligentes”, analisa.

Para o futuro, a principal tendência avaliada pelo especialista é a da evolução dos smart buildings. “A tendência é que os prédios comecem a ser construídos já com esse viés, com esse foco, e aí você começa a ter uma integração maior dos sensores, permitindo que o sistema central consiga atuar muito mais, tomando decisões muito mais complexas”, destaca.

Para o engenheiro, é provável que essas automações, por estarem relacionadas a questões de economia, de eficiência energética e de conforto, sejam cada vez mais implementadas no país. “Ele (o prédio com os sensores) pode entender automaticamente o seu cotidiano, o seu horário, e automaticamente já ir tomando ações, porque ele sabe que você vai chegar em tal horário, então já pode acender uma luz ou ligar o ar condicionado para deixar o ambiente climatizado, ou desligar tudo quando você sair”, exemplifica.

E pouco a pouco, já se pode ver alguns prédios comerciais que já nascem com essa inovação. “Até então, o que a gente tinha era o proprietário de uma residência, o proprietário de um prédio comercial já pronto, já existente, e aí ele vem com a ideia de instalar esses sensores e busca fazer uma reforma, instalar esses sistemas. Agora, não! O que a gente tem visto é uma tendência (e até uma questão de competitividade) de algumas construtoras começarem a integrar esses sistemas nos seus produtos e já entregar o prédio, ou com o sensoriamento, ou com espera, ou com a possibilidade do sensoriamento já pré-instalado. Essas são as tendências que, ao meu ver, têm acontecido”, conclui o engenheiro.

Carlos Cruz é jornalista na Anicer.

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