Hoje é:3 de dezembro de 2024

Flambagem de Paredes de Alvenaria Estrutural

Por Emil Sanchez | Imagens: Argibem

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As normas de dimensionamento ao abordarem as paredes de Alvenaria Estrutural, de blocos de concreto, cerâmicos ou outro material, consideram as duas condições de contorno, conforme ilustrado na Figura 1, que são relativas à flambagem (encurvadura) dos elementos, garantindo o equilíbrio já que está associada à flexão com compressão da parede ou do pilar e à esbeltez. Destaca-se que a altura efetiva hef  é função da altura real h.

Figura 1 – Condições de contorno segundo a normalização brasileira para alvenaria estrutural.

Essa flexo-compressão associada a uma excentricidade inicial da força normal, gera uma flecha que leva ao equilíbrio instável do elemento estrutural. Então, não se trata apenas de considerar a resistência à compressão simples do bloco, que está vinculada à resistência do prisma, de dois ou três blocos, mas à esbelteza, às condições de contorno e à posição das forças atuantes.

Figura 2 – Ruptura flexo-compressão do painel de alvenaria (Cary Cassiano Cavalcanti Filho)

Os ensaios de modelos reduzidos realizados por Cary Cassiano Cavalcanti Filho, em 2014, realçam a importância da excentricidade inicial da parede no seu comportamento face à encurvadura. A Figura 2, extraída dessa pesquisa, mostra uma parede com esbelteza igual a 14, ensaiada à flexo-compressão com excentricidade inicial igual a 0,5, que corresponde a 0,25t, sendo t a espessura da seção transversal, onde é possível observar a ocorrência de flecha máxima no ponto médio da parede e uma separação na junta de argamassa ao longo da parede sem a ruptura do bloco.

O comportamento relativo à encurvadura de uma parede é bem conhecido, entretanto, em várias partes do Brasil muitas construtoras adotam de maneira simplória e desprovida de qualquer respaldo teórico e experimental, o acréscimo da resistência dos blocos a serem utilizados em função do número de pavimentos da edificação. Esse procedimento pode até ser válido para as construções de programas habitacionais de baixa renda, onde se tem prédios regulares, com paredes com altura máxima de 2,80 m, espessura de 14 cm e vãos de lajes da ordem de 4,00 m com carregamentos de pequena magnitude. Não devendo ser adotado como procedimento válido para as construções em geral.

Uma condição normalmente desprezada na análise da flambagem das paredes é a sua posição: parede externa ou parede interna. Além dessa consideração, se tem a variação das rigidezes das lajes, que se apoiam nas paredes. O dimensionamento com esses parâmetros é mais laborioso, não tem qualquer dificuldade adicional, mas não consta da normalização brasileira.

Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

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