Hoje é:21 de novembro de 2024

Juntas em Paredes de Alvenaria Estrutural

Por Emil Sanchez

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

Os elementos das estruturas se movimentam devido, principalmente, a movimentações higrotérmicas e cargas atuantes o que torna imperioso, aos profissionais responsáveis fornecerem condições para que esses deslocamentos ocorram sem gerarem danos ou manifestações patológicas que possam levar a condições de serviço inadequadas, a uma estética indesejável ou, até mesmo, a um estado limite último.

Os deslocamentos devem ser acautelados por meio da execução de dois tipos de juntas: juntas de controle e juntas de dilatação. O tipo, a locação e o espaçamento dessas juntas dependem: do material da alvenaria (blocos e tijolos); das condições climáticas; do tipo de estrutura; dos fatores locais e, principalmente, da experiência do projetista.

No que se refere ao material da alvenaria e, considerando a magnitude dos movimentos, o cozimento dos blocos cerâmicos reduz suas dimensões. Na presença de umidade ocorrerá uma expansão, já que para o acréscimo de 1% de umidade resulta numa expansão de 0,02%, ou seja, tem-se um aumento de 0,2 mm para cada 1 m de parede, enquanto a alvenaria se expande de 0,036% para a variação de cerca de 38 oC.

Para os blocos de concreto a retração ocorre devido à perda de água durante o processo de secagem da alvenaria (água da argamassa e do grout) ocasionando tensões internas nos blocos, desse modo, manifestações patológicas na alvenaria, sendo uma condição fundamental de minimização desse dano a cura a vapor durante a confecção dos mesmos. Deve-se, inclusive, considerar que a água empregada na confecção do grout aumenta a umidade da parede causando uma expansão, e após a hidratação do cimento e o endurecimento do grout a secagem da parede ocorre da face exterior para o interior do bloco, ocasionando tensões diferenciadas ao longo de sua espessura. A face externa retrai e gera tensões de tração nessa região, enquanto no interior do bloco ocorrem tensões de compressão. Se a tensão de tração atuante for superior à tensão de tração resistente da alvenaria, ocorrerão fissuras. Em resumo, a variação de umidade ocasiona mudança no volume da alvenaria, sendo influenciada pelo tipo de agregado e cura empregada, sendo que a cura a vapor tende a minimizar essa variação volumétrica do bloco entre 0,01% a 0,10%.

Nesse contexto, um importante detalhe construtivo para as alvenarias estruturais é a manutenção das juntas de construção entre 8 a 10 m, permitindo adotar um valor máximo de 12 m para as paredes internas. A normalização brasileira prescreve a espessura mínima para a junta de controle, que no caso de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos pode ser determinada como 0,13% do espaçamento das juntas, e apresenta tabelas para o caso de haver aberturas nas paredes, sendo que nesse caso os limites das juntas podem ser alterados, desde que sejam colocadas armaduras horizontais adequadamente dispostas em juntas de assentamento horizontais, alertando que essa decisão deve ser tecnicamente justificada.

Em aberturas de janelas com dimensão horizontal menor ou igual 1,70 m deve ser executada uma junta de um só lado da abertura, contornando a verga. Para aberturas maiores deve-se contornar a verga dos dois lados da janela; nesses dois casos seu comprimento é ao longo da altura da parede. A principal função desse procedimento é abrandar as tensões locais eliminando restrições aos movimentos. Caso se tenha duas aberturas contíguas, por exemplo, janelas próximas uma da outra, e não sejam executadas juntas de controle, certamente ocorrerão trincas inclinadas partindo dos vértices das vergas e contravergas, que normalmente são diagnosticadas de forma errada como sendo ocasionadas por recalques devido à sua configuração.

As juntas de controle devem ser posicionadas na junção de paredes onde se tem variação de alturas, ou variação de espessuras. Quando executadas em intersecções de paredes ortogonais recomenda-se que os furos dos blocos na junção sejam preenchidos com grout e colocados grampos metálicos ligando-os.

Um fato importante a ser realçado é que juntas de controle não são juntas de dilatação.

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Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

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