Hoje é:20 de setembro de 2024

La casa de papel

Por Caio Fontoura

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

Apesar do título, não vou falar sobre a série espanhola que fez muito sucesso… Quero falar sobre as construções de papel que o Brasil está construindo! O período chuvoso vem chegando e o número de problemas de infiltrações é absurdamente grande. O mais preocupante é que o problema acontece em imóveis de alto padrão ou com menos de 5 anos de construído, dentro do prazo de garantia, deixando de lado aquela ideia de que esse tipo de problema só acontece em imóveis com longo tempo de construído ou imóveis de baixo padrão. A pergunta que não quer calar é: porque todos os anos esse tipo de problema só aumenta? Porque é tão difícil ter uma construção impermeável?

Vamos lá, vamos entender o cenário que estamos inseridos: primeiro, lembro a todos que o Brasil é um país tropical, temos um clima misto de chuva, umidade e sol forte na maior parte do seu território. A cidade com maior índice pluviométrico do país é Calçoene, no Amapá, que chega a chover mais de 4.000 mm no ano. Para se ter uma noção, a cidade de São Paulo tem a precipitação média anual de 1.300 mm, Salvador 1.700 mm e Belém 2.300 mm. Será que estamos projetando considerando esses índices? Será que estamos construindo lembrando das condições da nossa atmosfera natural – chuva, umidade, sol forte e algumas regiões salitre muito forte?

Nossos projetos devem conter as devidas proteções para chuva que podem ser de várias maneiras: beiral com o comprimento adequado, laje em balanço, platibandas, dimensionamento de calhas, peitoril, pingadeira, esquadrias com vedações, manta de proteção sob telhas cerâmicas, vedações nas junções em diferentes sistemas de uma construção. Um bom projeto deve conter todos estas informações e preocupações para garantir a estanqueidade das construções.

É importante entender que as construções estão em constante movimento dilatando, retraindo, vibrando, balançando e cada movimento deste é ainda mais impactante nos pontos de junções dos sistemas, como por exemplo vigas e paredes, lajes e vigas, laje e platinbanda, ficando muito vulnerável a abrir fissuras por retrações, sendo a porta de entrada de água pelas fachadas.

Durante o processo de construção muitas são as falhas construtivas que podem ser desde a falta de impermeabilização das vigas baldrames, erro na aplicação de impermeabilizantes, falhas na aplicação de texturas, erro no caimento dos telhados, lajes e calhas, subdimencionamento de calhas, falta de tratamento em pontos de fissuras – principalmente em fachadas – ou até mesmo falta de vedação de esquadrias, falha no rejuntamento de revestimento de fachadas, falta de peitoril e pingadeiras, são os principais casos de infiltração quando as chuvas começam.

Temos que lembrar também que a falta de manutenção pode causar problemas de infiltração.

Temos que lembrar também que a falta de manutenção pode causar problemas de infiltração. As inspeções programadas devem sempre acontecer para que se possa identificar as falhas construtivas com antecedência e assim evitar a penetração de água nas construções. Deve-se verificar não só se a calha está suja, mas se existem pontos de corrosão. Deve-se verificar fissuras ou falhas de rejuntamento em fachadas e pisos externos, o estado de conservação das mantas de impermeabilização, texturas e pinturas de fachadas, vedação de esquadrias…detalhes tão pequenos, mas quando estamos falando em penetração de água pode ser uma grande dor de cabeça.

Instagram: arquitetocaiofontoura

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Arquiteto e urbanista, pós-graduado em tecnologia no gerenciamento de obras. Atua em construções de edifícios para o mercado imobiliário da cidade de Salvador (BA). É sócio da AF Engenharia, empresa que atua nos setores industrial e comercial, prestando serviços de planejamento, coordenação de projetos e execução de obras em diversas cidades das regiões norte e nordeste do Brasil.

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