Hoje é:19 de setembro de 2024

Logística de entrega também impacta no seu orçamento da obra

Setor de cerâmica vermelha brasileiro é o principal fornecedor de materiais para alvenarias e coberturas para uso residencial e comercial

Por Manu Souza | Imagens: Anicer e Antônio Pimenta

Você pensa em fazer uma obra e logo agiliza a compra dos produtos que irá precisar para o seu projeto. Mas, você já parou para pensar como esse material vai chegar até você?

O setor de cerâmica vermelha brasileiro é o principal fornecedor de materiais para alvenarias e coberturas para uso residencial e comercial. Uma das principais missões do segmento de cerâmica vermelha brasileiro é oferecer produtos qualificados como forma de alavancar sua competitividade e garantir seu espaço na indústria da construção civil do país.

Produtos cerâmicos fornecem naturalmente uma condição térmica mais agradável e saudável no interior das edificações. Uma construção de tijolos cerâmicos sólidos regula os níveis de umidade e temperatura e isso proporciona uma alta qualidade de vida. As Cerâmicas e olarias estão distribuídas por todas as regiões do País. Em sua maioria são empresas de pequeno porte, neste setor tradicionalmente conhecido por gestão familiar e forte empregador em quase todos os municípios do Brasil. Nas diversas regiões do país, os fabricantes têm acesso a argilas com excelentes propriedades minerais, o que garante aos produtos finais durabilidade, conforto térmico e acústico e preço competitivo, quando comparados com as demais opções oferecidas pelo mercado. Vale lembrar ainda que a cerâmica é 100% natural e não utiliza aditivos insalubres aos ocupantes dos imóveis e a natureza.

O seu sonho não precisa virar um pesadelo, por isso, a logística é realizada da melhor maneira possível, para garantir a qualidade do produto que chega até o consumidor, mas antes disso, o material passa por várias etapas.

Fabricação de um produto cerâmico

Todo o processo começa com a extração da matéria-prima, após a extração, a argila é transportada até a área de estocagem da cerâmica. Depois, acontece a mistura e preparação da massa.  A mistura, em forma de massa consistente, é transportada por meio de correia para estocagem e descanso. Então, acontece o processo de conformação mecânica do bloco, onde o produto é modelado através da extrusão. O corte dos blocos cerâmicos é realizado por sistema mecanizado, equipamento acoplado na saída da extrusora, que opera em sincronia com o deslocamento das peças. No caso das telhas cerâmicas, esta é a etapa de conformação mecânica dos bastões pré-modelados que originarão a telha após a prensagem. Seguindo para etapa de corte dos bastões. Depois vem a secagem, que consiste na eliminação da água utilizada na fabricação dos produtos cerâmicos. Após a secagem, as peças cerâmicas são transportadas para o forno, onde são queimadas em temperaturas na ordem de 800o C a 1.000o C. Finalizado o processo de queima e resfriamento, os produtos cerâmicos seguem para etapa de expedição, onde são classificados de acordo com a sua conformidade em relação ao atendimento às normas nacionais vigentes, sendo então paletizados e estocados ou dispostos para carga e comercialização. Até chegar ao distribuidor e, consequentemente, até o consumidor final.

Tipos de logística para blocos e telhas cerâmicas

Entrega a granel

Entrega do material solto, sem nenhuma embalagem (pallet, fita, plástico), que segure os produtos – blocos, telhas, lajes -, o material é deslocado para o caminhão manualmente, onde a carga fechada é entregue ao comprador.

Entrega com pallet

Os produtos são colocados sobre um pallet – estrutura, em geral de madeira -, amarrados com fitas ou plástico, onde uma empilhadeira organiza as estruturas em um caminhão e seu descarregamento na obra.

Entrega em embalagem sem pallet

Amarrados com fitas, é mais comum em entregas de blocos, que são dispostos de maneira que fique parecido com um cubo, deixando aberturas para a empilhadeira possa içar a carga.

“Hoje em dia, a entrega do produto sem o pallet facilita muito, principalmente para o pessoal que trabalha com bloco estrutural, porque você consegue fazer uns pacotes pequenininhos e deslocar até com o carrinho. Isso é interessante porque existem locais onde a mão de obra não é muito farta para fazer trabalho braçal de descarga dos produtos”, indica o consultor técnico, Jeferson Lemke.

“Nós deixamos de realizar entregas paletizadas, com o guincho, porque a relação não estava boa com as construtoras, que pediam para entregar na segunda ou terceira laje. Nós acabávamos usando nosso equipamento não só para a entrega, mas também para movimentação da carga da própria construtora, então, mudamos o sistema e agora entregamos o produto embalado na fita ou no filme, sem o pallet”, explica o diretor do Grupo Tavares, com cerâmicas espalhadas pelo Estado do Ceará, Marcelo Tavares.

“A maioria das indústrias de cerâmica vermelha ainda fazem entrega à granel, a grande maioria mesmo. A paletização – a embalagem com mini pallet, pallet inteiro ou outras formas de embalagem -, começaram a ser desenvolvidas de algum tempo para cá, o que agiliza o carregamento e descarregamento, diz o Consultor Técnico da Anicer, Antônio Pimenta.

Entrega interfere no orçamento da obra

Conforme pontuado pelo consultor Pimenta, grande parte das cerâmicas ainda trabalham com vendas por milheiro e entregas a granel. Esse tipo de operação logística impacta na entrega, já que obriga a necessidade de mão de obra para o descarregamento e aumenta o risco de quebra das peças, uma vez que ao descarregar as peças, algumas fatalmente acabarão sendo derrubadas.

Os pallets, por sua vez, tornam a entrega mais rápida, eficiente e reduz os prejuízos de quebras das peças. Por outro lado, a estrutura do pallet acaba gerando um aumento no custo final do produto e mesmo empresas que trabalham com o retorno do pallet, precisam contar com a não devolução da peça ou mesmo a devolução da peça danificada. “A indústria cerâmica está vendendo bloco a um determinado valor e coloca dez mil peças no caminhão, quando vai colocar no pallet, se ele fizer pallet sobre pallet, até vai conseguir colocar um pouco mais, entretanto, se ele não conseguir fazer a sobreposição de pallet, muitas vezes o arranjo de cargas vai fazer com que não sejam entregues os dez mil blocos. Além disso, tem o valor de aquisição do pallet, muitas vezes quem está comprando não quer pagar pelo pallet e indica que vai devolver, só que não devolve ou devolve quebrado ou devolve um pallet diferente e fica essa confusão. Eu estive em uma empresa esses dias que tinha uma produção muito grande, mas muito grande mesmo, e eles têm um funcionário exclusivamente contabilizando a entrada e saída de pallets que vão para as construtoras e para as lojas e os que voltam”, explica Pimenta.

O consultor também explica as diferenças da logística dos produtos alternativos. “O bloco de concreto só é entregue em pallet, não porque eles gostam ou porque eles querem, é porque houve uma acordo com o Inmetro, porque o bloco de concreto não tem carimbo individual. Já no caso do bloco cerâmico, todos os blocos têm que ter o carimbo. No acordo com o Inmetro, os blocos de concreto podem ser entregues sem o carimbo desde de que sejam entregues em pallets fechados, não se pode vender o pallet picado, não se pode vender a granel e no pallet tem que haver uma etiqueta grande identificando qual é o tipo de produto que tem ali e qual a quantidade que tem naquele pallet. Já o produto cerâmico não, ele pode ser vendido a granel, pode ser vendido no pallet, só que cada um deles tem que ter seu carimbo e identificação”.

Logística reversa

Cada vez mais, a indústria demonstra preocupação com a logística reversa, muitas empresas cerâmicas já adotam tal procedimento, com o reaproveitamento de pallets. Vale destacar que a ação deve ser conjunta, entre as indústrias produtoras e as construtoras ou consumidor final.

Fabricante de um produto naturalmente ecológico, nos últimos anos, um número crescente de indústrias cerâmicas vêm adotando, como combustível para os fornos, diversas biomassas renováveis que são descartadas pela agroindústria, como bagaço de cana, cascas de coco e de castanha, sementes de açaí, palhas de café, milho e arroz, além do pó de serragem da indústria moveleira e grandes volumes de podas de árvores de parques e jardins, entre outros. Além de utilizar combustíveis que emitem menos gases do efeito estufa e que não desmatam, a indústria cerâmica passou a absorver e eliminar resíduos de outros segmentos, atuando como indústria limpadora do meio ambiente.

A redução das emissões de gases do efeito estufa alcançada pela adoção dessas biomassas alternativas tem permitido às empresas gerar e negociar créditos de carbono no mercado internacional por meio de diferentes operações, como o mecanismo de desenvolvimento Limpo (MDL). Os recursos obtidos nestas transações têm permitido que as empresas financiem a conversão de seus equipamentos para se tornarem cada vez mais sustentáveis. Este ciclo virtuoso, que tem se repetido em um número cada vez maior de indústrias, vem ganhando escala no segmento cerâmico e está transformando o setor em um importante aliado contra o aquecimento global.

Outro fato importante é que os resíduos de cerâmica vermelha não são nocivos ao meio ambiente e são classificados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) como classe “A”, como reaproveitáveis e totalmente recicláveis, sem danos ao meio ambiente.

Manu Souza é gestora de comunicação e editora da Revista da Anicer.

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