Por Carlos Cruz | Imagens: Divulgação
Se você é usuário do Facebook e do WhatsApp, é possível que já tenha reparado uma alteração no nome da empresa, de Facebook para “Meta”. O assunto passou a ser noticiado na imprensa após o anúncio realizado pelo empresário e fundador da rede social, Mark Zuckerberg, em outubro do ano passado.
O novo nome faz referência ao conceito de metaverso, um movimento da empresa no sentido de combinar realidade aumentada com realidade virtual. A mudança de nome, de acordo com Zuckerberg, serve para marcar a nova fase da companhia.
O conceito de metaverso apareceu pela primeira vez no livro “Snow Crash”, de Neal Stephenson, publicado em 1992 pela editora Penguin Books Limited. Uma ficção científica, na qual seus personagens usam o metaverso para escapar da sua realidade, vivendo em um mundo virtual por meio de seus avatares.
A experiência também pode ser curtida por qualquer pessoa usando óculos de realidade aumentada e, em alguns casos mais sofisticados, com o auxílio de roupas especiais que forneçam todas as experiências sensoriais. Contudo, o conceito de metaverso vai muito além de um jogo: ele, em tese, permitiria viver por meio de avatares, trabalhando, se divertindo, acordando e dormindo.
Metaverso na construção civil
O mundo que Mark Zuckerberg pretende criar ainda está longe de ser realidade. Mas o metaverso já é bastante utilizado em algumas áreas, que fazem uso de tecnologias para se aproximar do público consumidor e impulsionar as vendas.
Na construção civil, a solução vem sendo utilizada pincipalmente neste momento de pandemia para apresentar lançamentos de empreendimentos imobiliários, sem a necessidade da presença física. E, assim como nos jogos, a interação acontece por meio de avatares, computadores, óculos de realidade virtual, fones de ouvido e o que mais a tecnologia permitir.
A Studio Trim é uma das empresas que já oferecem esse tipo de serviço. Criada pelas sócias Natália Borba de Castro e Karina da Rosa Mendes, a empresa se especializou no desenvolvimento de projetos com realidade aumentada para o setor.
As sócias Karina e Natália: “É uma ferramenta que possibilita simular de diversas formas, ao mesmo tempo e para clientes diferentes um mesmo projeto”.
De acordo com as empresárias, o principal uso do metaverso é expandir a experiência do cliente em qualquer que seja o empreendimento. “Hoje em dia, a gente sabe que pode visitar um apartamento decorado ou não, e se limita àquilo que a gente consegue ver materialmente. E o metaverso vai possibilitar, com um custo muito menor pra construtora e para o próprio investidor, enriquecer esse material, para que ele possa também entender a dor desse cliente e garantir a compra”, explica Natália.
Ambas defendem que os óculos VR (realidade virtual) são uma ferramenta muito rica que ainda está sendo utilizado de forma limitada. “É uma ferramenta que possibilita simular de diversas formas, ao mesmo tempo e para clientes diferentes um mesmo projeto”.
O cliente tem sempre razão
“Qualquer especialista em vendas sabe que o que importa para o cliente é o que ele precisa, é entender a expectativa desse cliente. E poder simular essa expectativa antes da obra estar construída e sem despender nenhum valor em relação a um apartamento decorado que às vezes atende à expectativa de um cliente só, não é a expectativa que os outros cem clientes estão esperando, é maravilhoso”, acrescenta Karina. “Essa ferramenta insere o cliente em uma atmosfera que ele não sabe ainda, mas que já está na mente dele. Traz a realidade, antecipa o sentimento do cliente, de gratidão, de interesse, é como se trouxesse o resultado final antes. Muito mais em conta que qualquer apartamento decorado”, defende.
As duas garantem que o valor de um projeto utilizando o metaverso não é alto, se comparado à construção física no mundo real de um apartamento decorado. Primeiramente, explicam as sócias, é possível simular diversos ambientes em um mesmo apartamento ou em diversos apartamentos, o que se aplica a um empreendimento com vários tipos diferentes de apartamentos, um diferente do outro.
Além da decoração, a tecnologia também possibilita a realização de testes para a construção, como, por exemplo, saber se algumas soluções vão funcionar. “É um período de teste, principalmente para apartamentos de alto padrão que exigem uma decoração mais apurada, com artigos de luxo, mobiliário. Possibilita a criação desse ambiente”, conta Natália.
Partindo desse ponto, elas garantem que o uso da tecnologia do metaverso fica muito mais em conta e muito mais rápido, principalmente quando o projeto depende do prazo de entrega de algumas lojas. “Em relação a valores, um apartamento, por exemplo, pode variar entre R$ 10 mil e R$ 30 mil, para elaborar um tour virtual nesse apartamento, uma experiência completa. O cliente vai entrar, através desses óculos, e sentir esse apartamento”, explica Natália. “Se você levar em consideração um projeto pequeno, um prédio de três andares com dois apartamentos por andar, com cada apartamento custando R$ 3 milhões, os seis apartamentos vão ser iguais e o construtor vai gastar R$ 30 mil pra fazer o projeto para os seis apartamentos e vender. Então não sai caro, não tem como comparar. A escala, pode ser comparada a dois, três metros quadrados desse apartamento”, acrescenta Karina.
Elas contam que sentiram um aumento na procura pelo uso do metaverso nos últimos anos, e isso, na opinião das sócias, pode ser atribuído à pandemia de Covid-19 e à popularização da ferramenta. “Hoje em dia, os clientes já procuram a gente direcionados, sabendo o que querem. Antigamente nós montávamos o orçamento e fazíamos sugestões de serviços, mostrávamos como funcionava e tentávamos convencer o cliente de aplicar no projeto dele o tour, a realidade aumentada. Agora, não! Eles já procuram a gente querendo saber o valor, já sabem o que querem”, afirmam.
Mas apesar do aumento, Karina e Natália acreditam que ainda há muito espaço para o crescimento. “Com certeza pode ser muito mais utilizada, ainda tem muita coisa para acontecer e para ser descoberta e outras formas de explorar essa ferramenta”, garante Karina.
“A gente tem alguns clientes que já investem, mas muitos outros ainda acham que não vale a pena, acham caro. Às vezes não sabem como passar isso para o cliente, porque não é só montar um ambiente virtual. A gente também passa uma aula pro nosso cliente para ele dar para o ciente final dele, de como funciona, como é o acesso, todo esse tipo de coisa”, explica Natália. “Muitas pessoas estão buscando mais tecnologia para poder acessar esse tipo de material de forma mais rápida. É um nicho que a gente vê com muito potencial de crescimento ainda”, conclui.
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