Hoje é:19 de setembro de 2024

O que vem por aí?

Por Carlos Cruz | Foto Pedro Guimarães: Alan Santos/PR

Em entrevista dada em janeiro à Agência Reuters, o copresidente da construtora MRV&Co., Rafael Menin, previu que 2022 será o pior ano para a habitação popular em mais de uma década. E foi enfático sobre o motivo: a inação do governo federal em reajustar os valores da tabela do programa Casa Verde e Amarela, já defasada com o aumento da inflação.

“Se não houver atualização nas regras de renda, vai ser o pior ano do programa desde o início do Minha Casa Minha Vida (atualmente, o programa se chama Casa Verde e Amarela)”, disse Menin. Segundo o executivo, famílias que antes se enquadravam nas faixas de renda mais baixa do programa não mais conseguem se habilitar porque sua renda ficou defasada em relação aos preços dos imóveis.

Dados operacionais divulgados no início do ano pelo braço da MRV responsável por imóveis populares mostram que o desempenho do quarto trimestre de 2021 foi o mais fraco, mesmo com os recordes em lançamentos e vendas da AHS, unidade do grupo nos Estados Unidos.

Na outra ponta, a Caixa Econômica Federal se mostra bastante otimista para este ano ao prever um aumento de até 15% nas concessões de empréstimos para compra de imóveis em 2022, apesar das altas dos juros e da inflação e do aumento na taxa de inadimplência em 2021.

“Apesar de altas dos juros e da inflação, a demanda por crédito segue muito forte”, destacou o presidente do banco, Pedro Guimarães, em entrevista coletiva.

Na comparação de 2020 com 2019, a Caixa havia alcançado um crescimento na carteira de crédito, especialmente na modalidade imobiliária, de 10%. A tendência, de acordo com Guimarães, é que os resultados de 2022 sejam ainda melhores. Ele também prevê avanços na economia do país, contrariando analistas que apostam na estabilidade e até mesmo na queda. Sua expectativa é de um crescimento na faixa dos 2% baseada no microcrédito e que deverá se dar para além do eixo Rio-São Paulo-Brasília.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também vê o ano de 2022 com certo otimismo. No entanto, de acordo com a economista do órgão, Ieda Vasconcelos, o aumento na taxa de juros que vem se elevando nos últimos meses pode impactar o mercado, ao contrário do que vinha acontecendo até junho de 2021, quando a Selic (a taxa básica de juros da economia brasileira) estava em 4,25%.

“Em 2021, os financiamentos imobiliários com os recursos da caderneta de poupança alcançaram patamares recordes. Isso significa que um maior número de famílias teve acesso à casa própria. Um dos fatores que contribuiu para isso foi o baixo patamar da taxa de juros que vigorou até o final do primeiro semestre”, destacou a economista.

“Nesse contexto, o atual patamar da taxa de juros poderá impactar o mercado de habitação não somente pelo maior custo do financiamento, mas especialmente por contribuir para deprimir o ritmo da atividade econômica do país. Além disso, preocupa a inflação ainda em patamares elevados, que está corroendo a renda das famílias. Assim, esperamos pelo menos repetir o desempenho alcançado em 2021, o que, caso confirmado, será um resultado positivo”, afirmou Ieda.

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Carlos Cruz é jornalista na Anicer.

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