Hoje é:24 de novembro de 2024

Paredes com índice de esbeltez superior a 30

Por Emil Sanchez

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

Dentre algumas novidades em relação às normas anteriores de Alvenaria Estrutural, que limitavam a esbeltez das paredes em 30, a NBR 16868-1:2020 determina as seguintes especificações para essa condição, a seguir descritas com alguns comentários:

a) as paredes devem ser armadas;

b) o elemento deve ser parede e não pilar, isso se deve ao fato do comportamento diferenciado entre elemento reticulado e chapa, que tem mais rigidez;

c) a espessura dos blocos deve ser, no mínimo, 14 cm;

d) os deslocamentos horizontais fora do plano, na base e no topo da parede, devem ser restritos, o que enfatiza a necessidade de serem estabelecidas condições de apoio adequadas que dão rigidez aos extremos do elemento estrutural;

e) no dimensionamento os extremos, base e topo, devem ser considerados simplesmente apoiados, que é o caso de maior comprimento de flambagem, excluído o caso de engaste e bordo livre, que não pode ser considerado por não atender ao item (d);

f) a tensão máxima de projeto deve ser menor ou igual a 10% da resistência do prisma de projeto, isto é, ;

g) a área máxima de armadura deve estar vinculada à posição da linha neutra dada por , onde é a altura útil da seção considerada,  e desse modo garantir a ductilidade da parede à flexão;

h) o dimensionamento da parede deve ser realizado considerando-se o efeito ;

i) no dimensionamento deve ser considerada a área efetiva da parede.

Em relação aos itens (h) alguns comentários suplementares mais detalhados precisam ser relatados.

O dimensionamento por meio do processo  mostra uma preocupação com o comportamento da parede quando do seu histórico de carregamento, sendo que essa prescrição difere da prescrição para as paredes com esbeltezes até 24, para as quais se tem uma expressão que determina a resistência última, baseada num coeficiente redutor que considera a esbeltez, , sem a consideração do comportamento da parede nos diversos estágios de carga.

Ressaltam-se alguns itens não considerados na norma:

  1. as rigidezes das lajes apoiadas nas paredes devem ser consideradas, pois nas junções base da parede superior-laje-topo da parede inferior se tem um nó que deve estar em equilíbrio, permitindo a distribuição das parcelas do momento de flexão advindo dos carregamentos das lajes que gera momentos nos extremos das paredes;
  2. a simples consideração de rótulas nos extremos das paredes acarreta a consideração de maior comprimento de flambagem, mas não traduz a realidade das solicitações nos nós;
  3. uma análise  é adequada, mas por si só não traduz de forma plena o comportamento do elemento estrutural.

São nítidas e louváveis as inovações constantes da NBR 16868-1:2020 sobre a possibilidade de se adotar esbeltezes até 30, mas com a aplicação dessas prescrições ao projetos quotidianos mostrará que deverão ser adicionados outros itens no seu escopo.

Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *