Fonte: Ibram | Foto: Milca Santos
Pesquisadores e empresários consideram estratégico reaproveitar rejeitos minerais, de modo a promover a aplicação da economia circular. O processo, segundo painelistas, ajuda a construir um cenário mais sustentável com potencial para introduzir a transição energética e um modelo mais adequado de produção no setor primário. A discussão foi realizada, no dia 7 de maio, em Brasília, no segundo painel do Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos, realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
O painel, intitulado “Economia Circular e os Desafios da Circularidade Mineral na Transição Energética”, foi composto por pesquisadores e empresários com projetos relacionados ao tema. Participaram a pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), Lúcia Helena Xavier; o coordenador de Meio Ambiente da Lunding Mining, Samuel Meier; o representante da Unesco no Brasil, Sérgio Monforte; e o pesquisador da Fundação Ellen MacArthur, Pedro Henrique Prata. A gerente de Sustentabilidade do Ibram, Cláudia Salles, mediou a discussão com o grupo.
Dando início às falas, o pesquisador Pedro Prata definiu como positivas as expectativas quanto à implementação de políticas públicas para as práticas de economia circular na mineração. Ele citou, por exemplo, a tramitação do PL 1874/2022, que institui a Política Nacional de Economia Circular. “Há um amadurecimento da compreensão sobre o tema, tanto do Congresso, como do Executivo”, avaliou.
Prata também destacou a importância de se trabalhar de forma dinâmica na hora de redefinir os processos produtivos da mineração, sobretudo em relação ao reaproveitamento de rejeitos, ou seja, “como elaborar produtos, materiais e processos aproveitando ao máximo os minerais críticos da economia. Você já tem que pensar no processo como um todo, para ver como ele volta pra economia”, disse.
Na mesma linha, a pesquisadora do Cetem, Lucia Helena Xavier, também se manifestou sobre o aproveitamento dos rejeitos na mineração em consonância com as metodologias previstas na economia circular. Ela citou passos que considera fundamentais: desacelerar o consumo e o descarte rápido, prolongar a vida útil dos produtos, reduzir o risco de materiais críticos e recuperar materiais secundários. “Se hoje ou amanhã ele [o material principal] pode ser substituído, ele se prolonga no mercado”, disse.
A Lundin Mining trouxe para o painel um exemplo prático de reutilização de rejeitos provenientes da mineração para aperfeiçoamento do solo destinado ao plantio. Em um projeto experimental, iniciado em parceria com o Mining Hub – espaço de inovação aberto do setor –, em 2020, a Lundin reutilizou os rejeitos do seu processamento redirecionando como reminerilizadores de solo, aplicados em uma fazenda localizada no estado do Goiás.
Segundo o coordenador de Meio Ambiente da Lundin Mining, Samuel Meier, o projeto foi um sucesso. Foi possível perceber um aumento de 3% na performance da produção de soja e sorgo, principais culturas da fazenda de 900 hectares parceira no projeto. Para ele, o sucesso representa justamente o potencial da implementação de ações em prol do meio ambiente. “As ações de ESG têm que se traduzir em benefícios para o cenário em que essas boas práticas estão inseridas”, explicou.
Por fim, o representante da Unesco no Brasil, Sérgio Monforte, comemorou a futura publicação de três normas ISO que irão definir, dar orientações para a transição de modelo econômico e fixar parâmetros e métricas para a mensuração da economia circular. Segundo Monforte, a norma define economia circular como um “sistema econômico que utiliza abordagem sistêmica para manter o fluxo circular dos recursos, recuperando, retendo ou agregando valor, contribuindo para o desenvolvimento sustentável”.
Além disso, ele citou três projetos da Unesco que corroboram para a pesquisa e trajetória da economia circular no Brasil: O Patrimônio Mundial, o Patrimônio Mundial dos Geoparques e as Reversas da Biosfera.
Sobre o Seminário
O Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos é organizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Tem a presença de autoridades e especialistas de vários países e organizações, como: Agência Internacional de Energia; ICMM – Conselho Internacional de Mineração e Metais; Fórum Econômico Mundial; União Europeia; Unesco; Comissão de Transição Energética; representações diplomáticas de EUA, Canadá, Bolívia, entre outras; além de BNDES; CNI; CNA; ABDI; MME; MRE, MDIC; ANM; SGB/CPRM; CTEM; mineradoras, como Lundin Mining; CBMM; Vale; Kinross; Companhia Brasileira de Lítio; Hydro; organizações como Vale Metais Básicos Atlantico Sul; Humana; Instituto Igarapé; Ellen MacArthur Foundation; WEG; ABIQUIM; Mining Hub.
Temas em destaque no seminário:
- Os minerais críticos e estratégicos e a transição energética no Brasil e no mundo
- Rotas de descarbonização da mineração e da indústria no contexto da transição energética
- Política mineral e o futuro do Brasil
- Potencial dos minerais críticos e estratégicos nas Américas
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