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Quem vai pagar a conta?

Entidades do setor elétrico fazem manifesto pela modernização do modelo comercial no país

Por Carlos Cruz

Um grupo formado por doze organizações de diferentes setores divulgou, no dia 11 de maio, um manifesto em defesa da aprovação urgente do Projeto de Lei 414/2021, que trata da modernização do modelo comercial do setor elétrico brasileiro. O principal objetivo do PL é conceder aos brasileiros o direito de decidir o seu fornecedor de energia.

O manifesto destaca que o consumidor tem papel ativo e autonomia em diferentes segmentos da economia, mas essa não é a realidade no setor elétrico. “Enquanto os consumidores de vários países concentram na palma da mão suas escolhas energéticas, utilizando variados recursos tecnológicos para economizar e até gerar riquezas com a gestão da energia, o Brasil segue com um modelo atrasado e ineficiente, que contribui para uma conta de luz cada vez mais cara”, diz um trecho do documento.

O presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, falou sobre a importância da participação do consumidor no processo de tomada de decisão no segmento. “O setor de energia sempre foi dominado pelos elos de sua própria cadeia. Geradores, transmissores, distribuidores e comercializadores. O consumidor precisa ter mais voz para interromper essa tendência de energia sempre mais cara. E a união da indústria em movimentos como o do Manifesto é essencial”, destacou o executivo.

As entidades que assinaram o manifesto apontam que os valores pagos em outorgas de usinas hidrelétricas devem ser atribuídos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Além disso, também consideram que os consumidores de baixa renda não devem ser obrigados a contribuir com a CDE em suas tarifas, como acontece.

Além de ser uma das signatárias do manifesto, a Abrace também publicou um documento se posicionando a favor da aprovação do Projeto de Lei. No texto, a entidade destaca que o encarecimento das contas de energia afeta os consumidores de diferentes formas. “A energia cara impacta os brasileiros diretamente, via contas de luz, e indiretamente, pois encarece os produtos e serviços consumidos”, diz um trecho da declaração. A associação também destaca os cinco principais pontos da modernização do setor: Transparência dos preços e das tarifas de energia; Separação de lastro e energia; Proteção aos pequenos consumidores; Previne novos custos (subsídios) e Garantia de destinação de recurso de outorgas para modicidade tarifária através da CDE.

O PL já foi aprovado no Senado e agora está em trâmite na Câmara dos Deputados, onde aguarda para obter o regime de urgência, a fim de ser votado em plenário, sem passar pelas comissões. Se for aprovado, o projeto volta para o Senado, onde precisará ser ratificado e, em seguida, irá aguardar a sanção do presidente Jair Bolsonaro. O texto altera o atual modelo comercial do setor elétrico, o PLS 232/2016. O manifesto pontua que a discussão sobre o aprimoramento do setor não é de hoje e também já esteve presente em outras esferas do poder.

O debate sobre o aprimoramento do setor esteve em pauta na Consulta Pública nº 33 de 2017, através do Ministério de Minas e Energia. “Isso evidencia o caráter suprapartidário e supragovernamental do projeto”, declara outro trecho do documento. O manifesto foi divulgado em um encontro promovido pela Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, no restaurante do Senado, e contou com o apoio do Movimento Brasil Competitivo, da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) e da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).

Também assinaram o documento as Associações Brasileiras da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), do Plástico (Abiplast) e Têxtil e de Confecção (Abit); o Movimento pela Liberdade de Escolha do Consumidor, o Ranking dos Políticos, o Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert), a União pela Energia e o Unidos pelo Brasil.

O link do manifesto na íntegra está disponível no site da Abrace.

Carlos Cruz é jornalista na Anicer.

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