Hoje é:23 de novembro de 2024

Resistência à flexão de paredes estruturais

Por Emil Sanchez

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O preenchimento dos vazios dos blocos, de concreto ou cerâmico, com grout possibilita um incremento superior ao dobro, na resistência à compressão axial da alvenaria; entretanto, o mesmo comportamento não é observado para o caso da resistência à flexão.

Para a solicitação à flexão de vigas ou paredes de Alvenaria Estrutural devem ser consideradas, nas propriedades mecânicas tanto a resistência à compressão quanto à tração. A elaboração da norma única para blocos vazados de concreto e cerâmico, onde se adaptou as prescrições das NBR 15812:2010 e NBR 15961:2011, apresenta pequenas variações de conteúdo desses textos anteriores.

As paredes submetidas à forças perpendiculares ao seu plano são submetidas à flexão, distinguindo-se dois casos (Figura 1):

a) plano de flexão normal à fiada onde a resistência solicitada é a resistência à tração normal à fiada. Assim, ocorre compressão normal à junta, portanto, adota-se a resistência à compressão por meio dos procedimentos relativos à compressão simples.

b) plano de flexão paralelo à fiada – a resistência solicitada é a resistência à tração paralela à fiada onde a solicitação é paralela às juntas de argamassa, adotando-se a resistência à compressão simples do prisma de dois blocos fk somente se a região comprimida estiver totalmente preenchida com grout, caso contrário é necessário efetuar uma redução de 50% nesse valor, isto é, deve-se adotar 0,5 fk.p>

Figura 1 – Flexão nas paredes de alvenaria estrutural.

Destaca-se que se os vazados dos blocos não são preenchidos com grout a resistência à compressão na flexão, na direção normal às juntas de assentamento, será igual a 1,5 fk e, caso ocorra preenchimento total dessas áreas o valor é igual a 2,0 fk. Verifica-se que o preenchimento não aumenta substancialmente esse valor, mas essa diferença pode ser determinante numa verificação onde ocorra um valor alto a ser analisado.

A resistência à tração na flexão ftk é muito menor do que a resistência à compressão, sendo os valores característicos a serem adotados fornecidos numa tabela da NBR 16868:2020 em função da direção da tração, normal ou paralela às fiadas de blocos, Tabela 1.

Tabela 1 – Valores característicos da resistência à tração segundo a normalização brasileira.

Resistência média à compressão da argamassa fpk (MPa)
Direção da tração perpendicular à fiada Direção da tração paralela à fiada
Entre 1,5 e 3,4 MPa 0,10 0,20
Entre 3,5 e 7,0 MPa 0,20 0,40
Acima de 7,0 MPa 0,25 0,50

No plano de flexão normal à fiada a aderência entre a argamassa e os blocos é o parâmetro que controla as resistências à tração normal, visto que as tensões de compressão normais entre as fiadas diminuem as tensões de tração e influenciam a resistência à flexão. E, ainda, a resistência à tração na flexão normal à fiada mobiliza a resistência de aderência entre a interface dos elementos (blocos) e a argamassa.

A presença de tensões de compressão normais à fiada influencia a resistência à flexão das paredes e diminui as tensões de tração. A resistência à tração quando o plano é paralelo à fiada mobiliza resistências à tração entre os elementos e a argamassa, ou seja, resistências cisalhantes provenientes da aderência entre a interface dos elementos e a argamassa. A presença de tensões de compressão normais à fiada melhora a resistência de aderência da argamassa com o elemento componente da parede e a resistência à tração.

Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

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