Por Gabriel Medeiros
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Depois de dezenas de experimentos sociais, a gente pode taxar: é muito difícil conviver em comunidade. O vizinho chato, o nervosinho do futebol; onde coabitam duas pessoas existe convivência e onde há convivência, há embaraço social. Imagina em um aplicativo com 1 bilhão de usuários.
O silêncio dos inocentes
Analisando os fatos em uma linha cronológica, sem tentar dividir as coisas entre pré e pós-militância na internet, o fato é que nossos pais e avós, tiveram a oportunidade sensorial, única, de se sentarem em frente à TV, cultivando o dom do silêncio, de curtir cada momento de vácuo cerebral, sem pensamentos, sem raciocínio, cultuando apenas o absoluto nada.
Hoje, a única possibilidade remota de você alcançar esse “orgasmo mental”, é saindo das redes sociais.
Você não é obrigado a se posicionar sobre nada
Agora, se você ali está e quer continuar, então você já passou por isso na rede social: “E aí, o que você acha sobre isso?” ou ainda um comentário jogado no ar (para você): “não me preocupo com o grito dos maus, mas com o silêncio dos bons”. É cilada!
Ficar calado também é resposta. Aproveite a grande vantagem de estar online, deitadinho no sofá, você pode se omitir com um clique e desligar a tela, sem criar nenhum embaraço. Imagina a mesma situação em um elevador ou uma mesa de bar. Complica!
Qualquer posicionamento seu pode ser tóxico pela visão alheia e isso vai virar uma réplica, que vira uma tréplica, que vira um bate-boca chato e agressivo. Você não precisa estar certo, você precisa estar em paz.
Então quem é o tóxico?
“Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo”.
Sigmund Freud.
Hoje, se você é um usuário quietinho, dos que postam pouco, o algoritmo não te entrega engajamento. Então, achamos o primeiro intoxicado: a plataforma que tira o holofote de quem se manifesta pouco e joga luz em cima de quem freneticamente sobe conteúdo, ou seja, ficou isento, perdeu visibilidade. Se você está ali só para ver e não ser visto, funciona.
O segundo intoxicado é o que vê toxicidade em tudo. Porque dentro dele mesmo há um galão de Césio 137. Uma mistura de Angra 3, com Chernobyl e contra esse não há defesa. Tudo o que você disser, vai se voltar contra você. Freud explica!
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