Por Carlos Cruz | Imagens: VideoUP e Anicer
Um fim de semana marcado pela qualificação profissional, interação entre fornecedores e vendedores e muitas experiências enriquecedoras. Assim foi a 49ª edição do Encontro Nacional da Indústria Cerâmica Vermelha, evento que reuniu, de forma híbrida, pouco mais de 100 pessoas nos dias 17 e 18 de novembro, na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Entre os representantes do setor presentes na solenidade de abertura do evento, destaque para o presidente da Anicer, Natel Moraes, o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, e o ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Cesar Rezende de Carvalho Alvim.
Em seu discurso de abertura, Eduardo Eugênio deu as boas-vindas a todos, destacando a importância do setor cerâmico no cenário econômico nacional. “Além do impacto econômico na geração de empregos e renda, o setor se faz presente na construção de habitações de interesse social. Há grandes obras de infraestrutura passando por milhões de lares Brasil afora”, comentou. Na sequência, o ministro Paulo Cesar Rezende comparou o setor a um termômetro da economia. “É um setor que tem um impacto territorial, presente em todo o território nacional, um impacto na geração de postos de trabalho e presente na vida de todos os brasileiros. A gente pode contabilizar quem não tem uma interação com o setor”, afirmou. Para o ministro, a 49ª edição do encontro comprova a resiliência e o compromisso do setor com o desenvolvimento do país.
Durante toda a programação, o público pôde interagir com os palestrantes com dúvidas e questionamentos, o que possibilitou maior dinamismo e interação nas apresentações.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro, abriu o 1º fórum apresentando o cenário no período pós-eleições. Ele apresentou premissas macroeconômicas e setoriais que indicam possíveis cenários para 2023, como a diminuição da inflação e os investimentos privados em infraestrutura, que poderão impactar positivamente o setor, e a persistência de tensões geopolíticas e o endividamento das famílias, que poderão ter um impacto negativo. Navarro traçou cenários otimistas, pessimistas e regulares em 4 quesitos, comparando-os a 2022: o PIB, o PIB da Construção, o varejo de materiais e a indústria de materiais. “A gente precisa arregaçar a manga e trabalhar muito. Essa é a única certeza que eu tenho. A gente vai precisar trabalhar pacas. Se você já está cansado, com tanta externalidade, tanta coisa, se prepare, porque você vai trabalhar mais ainda”, apostou.
Em seguida, o CEO e fundador da Smart Sky Tech Hub, Chase D. Olson, apresentou as oportunidades oferecidas com a chegada do metaverso e as novas tecnologias. Ao reiterar a importância da discussão sobre as novas tecnologias, Chase afirma acreditar que um dia, tudo do mundo físico terá sua versão digital. “Eu tive o privilégio de abordar vários temas de inovação, temas como blockchain, crypto moedas, nft, entre diversas outras, onde o foco e apresentação principal era sobre metaverso e como que todas esses tecnologias e metodologias serão utilizadas com essa onda do metaverso, onde a gente pode apresentar um pouco nossa visão, onde a gente acredita muito que o futuro do metaverso são ambientes digitalizados, são ambientes digitais a partir de ambientes físicos”, diz. O CEO da Smart Sky Tech complementa elogiando o nível dos palestrantes e reconhecendo a oportunidade da formação de networking durante o evento.
Para o segundo tesoureiro da Anicer, Marcelo Tavares, os temas foram de grande pertinência no atual momento da cerâmica vermelha.
“A palestra com o presidente da Abramat foi muito positiva, pois abriu a tendência do que pode ser o mercado para gente no próximo ano. A questão do metaverso e das tecnologias que estão abrangendo a construção civil também foi muito boa. As palestras sobre meio ambiente também surpreenderam positivamente e o formato híbrido, rápido que pode proporcionar várias pessoas a estarem dialogando e participando e trocando ideia foi muito importante”, disse Tavares.
No último dia do encontro, os fóruns se concentraram em temas relacionados às questões ambientais. A especialista em meio ambiente da Firjan, Andrea Lopes, abriu a sequência de apresentações com a palestra sobre biomassas. Segundo Andrea, a matriz energética já representa 91,5% do consumo de energia da indústria cerâmica. “Ela já é uma indústria com uma matriz energética grandemente renovável. Isso é uma vantagem quando a gente se compara com as outras indústrias, outros segmentos industriais, que ainda estão muito presos na energia fóssil”, destacou.
Depois foi a vez da engenheira civil, Mestre e Doutora em Engenharia de Construção Civil e Urbana, Fernanda Belizário, subir ao palco para falar sobre os impactos do ESG. Para a especialista, apesar do termo “sustentabilidade” ser bem mais antigo, a sigla ESG está sendo mais aderida e comentada no último ano. Em sua opinião, o sucesso do ESG está relacionado aos fatores financeiros. Anteriormente, o conceito de sustentabilidade era baseado no tripé “social, econômico e ambiental”. Agora, o cenário é outro. “Houve uma troca do tripé econômico pela questão de governança, porque, querendo ou não, a sustentabilidade econômica dos negócios é sustentada pela própria razão de ser dos negócios, eles existem para dar lucro”, analisou.
Treinamentos, consultorias e muito mais
O 49º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha também ofereceu um espaço de negócios, com a participação de alguns parceiros, como Bonfanti, Direxa Engineering, Máquinas Man, MBR, Fibertherm, DuraCer e Natreb.
Os participantes também puderam aproveitar o evento para receber consultorias técnicas, realizadas de forma presencial ou on-line pelo consultor técnico Antônio Pimenta.
A Anicer também promoveu dois treinamentos de chão de fábrica. No primeiro dia, Antônio Pimenta falou sobre o processo de “Queima”, considerado um dos assuntos mais importantes no dia a dia das cerâmicas. O especialista reiterou que, sem essa etapa, não há produto cerâmico, já que para ser classificado como cerâmico, o material precisa ser inorgânico, não-metálico e submetido ao aquecimento. “Essa é uma etapa crucial, importante na fabricação dos produtos e vai definir claramente dimensão, vai definir a cor do material, vai definir a resistência dos produtos, vai definir também a porosidade”, disse Pimenta, reforçando que todos os itens citados possuem características já determinadas em normas técnicas.
Pimenta também destacou os três principais itens de avaliação para identificar se a queima foi satisfatória ou não. O primeiro é o tempo de queima, que pode variar de acordo com o tipo de argila, produto e até mesmo forno. “É uma questão de economia. Um forno que queima em 20 horas vai te dar um rendimento, vai te dar uma produção mensal. Se um forno da mesma categoria, da mesma espécie, do mesmo produto demora 40, 50 horas para queimar, aí você vai ter uma produção reduzida”, exemplificou.
O segundo item se refere à qualidade do material queimado. De acordo com Pimenta, os produtos, ao saírem do forno, devem ter uniformidade, característica relacionada aos controles de queima. O último fator citado pelo especialista é o consumo de combustíveis para queima e para secagem. “O que aconteceu nos últimos anos foi uma maior eficiência dos fabricantes de fornos, fabricantes de produtos cerâmicos, fazendo com que se consuma menos combustível. Então, era normal, há algumas décadas, um consumo de até 500, 600 kg de lenha para queimar 1 tonelada de material cerâmico. Hoje se trabalha com números próximos de 100 kg de lenha, madeira ou biomassa em geral, para queimar a mesma tonelada. Então a eficiência aumentou muito na queima”, avaliou Pimenta. Ele pontuou que o assunto é tratado com mais profundidade na plataforma do Educ@nicer, em um curso de 7 horas sobre o tema.
No segundo dia foi a vez do professor e consultor nas áreas de Produção, Planejamento Orçamentário e Formação de Preço de Venda, Edson Firmino Ribeiro, falar sobre a definição de preço de venda. “O evento sempre desperta nos participantes a vontade de avaliar suas práticas de gestão e os resultados alcançados até o momento, bem como repensar a metodologia de interpretar os negócios e as estratégias para o futuro”, afirmou o consultor. E completou: “É sempre um prazer participar dos encontros da Anicer. O 49° Encontro não foi diferente. Momento de rever amigos, atualizar conhecimentos e renovar esperanças de crescimento para o setor cerâmico”, concluiu Ribeiro.
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