Hoje é:19 de setembro de 2024

Vinte e quatro quadros

Antigas instalações do Matadouro Municipal de São Paulo servem de sede para a Cinemateca Brasileira

Por Manu Souza | Foto Incêncio: Corpo de Bombeiros PMESP (CC BY-NC 2.0)

Fundada a partir da criação do Clube de Cinema de São Paulo por estudantes do curso de filosofia da Universidade de São Paulo – USP, a Cinemateca Brasileira foi criada em 1940. Fechada pelo Estado Novo, foi incorporada em 1984 ao governo federal. Recentemente, o governo editou decreto (10.830), publicado em edição extra do Diário Oficial da União, prorrogando até 5 de julho de 2022 a vinculação da Cinemateca Brasileira à União. A instituição permanece sob responsabilidade do governo desde 20 de novembro de 2020. Antes disso, a administração cabia à Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), mas o governo rompeu o contrato.

Sede da Cinemateca desde 1992, o edifício histórico do século XIX do Matadouro Municipal foi reformado para garantir a recuperação física das instalações que receberiam o acervo da Instituição. A obra foi capitaneada pelo arquiteto Nelson Dupré, que optou por não restaurar o que poderiam ser elementos originais da edificação e sim assimilar e evidenciar as alterações realizadas ao longo dos anos.

A Cinemateca Brasileira era detentora do maior acervo de imagens em movimento da América Latina, formado por cerca de 200 mil rolos de filmes, que correspondiam a 30 mil títulos.

Para não entrar em conflito com os blocos cerâmicos da construção, Dupré optou por utilizar grandes janelas de vidro. Além disso, a cobertura que conectava os três galpões também foi revestida com vidro, o que possibilitava a entrada de luz nos antigos armazéns. As janelas laterais e frontais foram estruturadas com esquadrias metálicas e vidros. Toda a parede manteve uma irregularidade que mostrava fechamentos efetuados em períodos de tempo diferentes.

A construção é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo – Condephaat. O local possuía o maior acervo de imagens em movimento da América Latina, formado por cerca de 200 mil rolos de filmes, que correspondiam a 30 mil títulos. Obras de ficção, documentários, cinejornais, filmes publicitários e registros familiares, nacionais e estrangeiros, produzidos desde 1895.

Entretanto, em 29 de julho deste ano, um incêndio atingiu um dos galpões e a Cinemateca encontra-se fechada ao público, sem plano emergencial e sem conclusão das investigações.

Manu Souza é gestora de comunicação e editora da Revista da Anicer.

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