Por Carlos Cruz
Ceramista desde 1964 e presidente do Sindicato da Indústria de Cerâmica para Construção e de Olaria do Estado do Rio de Janeiro (Sindicer/RJ) desde 2001, Edézio Menon não teve vida fácil. Hoje, com 69 anos de idade e 54 anos de profissão, o empresário conta à Revista da Anicer um pouco da sua trajetória à frente da Cerâmica Santa Izabel e das histórias que o levaram a ser um dos ceramistas mais respeitados do país.
Localizada em Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro, a Cerâmica Santa Izabel foi fundada por seu pai, Ferdinando Menon, em 1959, alguns anos após a inauguração da primeira empresa da família, a Cerâmica Areal, que ficava no terreno ao lado. Na época, Edézio estava com 6 anos.
Mas seu primeiro contato com o setor só foi acontecer quando o jovem já estava com 11 anos, na Cerâmica Santa Fé, outra empresa da qual o pai de Edézio também era sócio. Aos 15 anos, seu pai o colocou para cuidar da parte financeira da Santa Izabel, dividindo a função com seu tio, Armando Menon. “Naquela altura, eu já estava começando a fazer curso de técnico de contabilidade. Me formei em 1971, mas não exerci a profissão”, destaca.
Dividindo seu tempo entre os estudos e o trabalho, Edézio conta que, inicialmente, precisou da ajuda do tio e dos outros sócios da fábrica para exercer a função, mas logo passou a se sentir em casa. “Estudava à noite e trabalhava de dia. Ia de bicicleta, que não era tão distante, uma bicicletazinha nova que meu pai me deu. Eu vinha todo dia pra cá. Tinha que chegar às 7h da manhã e sair às 17h. E todo esse pique durante os 54 anos”, relembra saudoso.
Quando dois outros sócios da fábrica, Marcos Teixeira e Gélcio Antunes, decidem sair da sociedade, a empresa foi dividida entre seu pai, Ferdinando, e o tio, Armando. O passo seguinte foi fechar a Cerâmica Areal e fundir os negócios. A Santa Izabel passou a ocupar todo o pátio industrial, usando os galpões da Areal para secagem dos tijolos e telhas produzidas.
Em 1974, Armando decide deixar a Cerâmica Santa Izabel para comprar outra fábrica, e seus 50% na sociedade são divididos entre Edézio e seu irmão, José Fernandes Menon. As responsabilidades, que já eram muitas, aumentaram em 1979 com o falecimento de José em decorrência de uma pancreatite. Abalado com a perda do filho, Ferdinando se afasta da empresa, falecendo sete anos mais tarde. Edézio então se vê sozinho com a responsabilidade de cuidar da empresa e da família. “Abracei tudo, sempre procurando me cercar de pessoas com capacidade para resolver as coisas da melhor maneira possível, muito embora, esse mercado de oferta de mão de obra seja muito complicado”, conta Edézio. “Tudo que passou aqui ao longo desses 54 anos foi fruto do meu trabalho, das minhas decisões. Certo ou errado, eu tinha que decidir”.
Mas o ceramista garante que nunca esteve sozinho. “Eu sempre me consultava com pessoas mais antigas, que tinham conhecimento de fato para me ajudar. Assim foi feito e assim está até hoje”, destaca.
Ao longo de todos esses anos à frente da Santa Izabel, Edézio presenciou diversas transformações na indústria cerâmica – a mais significativa foi com relação à sustentabilidade. Edézio lembra que, naquela época, não existiam tantos órgãos ambientais, e que toda a ideia de investir em processos sustentáveis e soluções ambientais veio de uma veia inovadora que ele nem desconfiava existir. “A gente tenta buscar sempre alguma inovação, alguma coisa nova, tenta acompanhar o momento. Se você não acompanhar, você vai sucumbir”, afirma.
Entre as iniciativas, Edézio implementou o uso de resíduos no processo de queima nos fornos da empresa. “Aqui tem um sistema de coleta, tem um caminhão pronto pra coletar e tem as empresas que colocam aqui (os resíduos) pra gente a custo zero”, acrescenta.
Trabalho dentro e fora da cerâmica
Desde 2001, Edézio Menon preside o Sindicer/RJ. Mas sua história de luta pelo setor começou antes, em 1998, quando entrou para o sindicato como tesoureiro, durante a gestão de José Wanderley Zainotti Peccini.
Sua principal bandeira à frente do órgão é a da união da classe. “É o trabalho coletivo em todos os níveis: material, parte fiscal, parte burocrática. A gente sempre está tentando trocar ideia, muito embora a gente saiba que o concorrente é concorrente. Mas na minha teoria, se nós nos afastarmos do concorrente, vai ser pior! Você tem que ficar atento, manter o vínculo coletivo com todo mundo”, destaca.
O mandato atual termina neste mês de junho. Cansado e pensando em reduzir as responsabilidades, Edézio não pretende se recandidatar, o que não significa que ele se afastará em definitivo: continuará na chapa como candidato à vice-presidência.
Também pensa em se aposentar na Santa Izabel, passando o controle da fábrica para seu filho mais novo, Bruno Florentino Menon, que é formado em engenharia civil e já acompanha o pai no dia a dia da cerâmica.
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