Hoje é:18 de maio de 2024

Memória viva

Museu do Tijolo, no Rio Grande do Sul, conta a história da cerâmica vermelha no país

Por Carlos Cruz | Imagens: Arquiteto Marcelo Ferraz

No município de Arvorezinha, no Rio Grande do Sul, um projeto diferente e realista conta a história dos tijolos, materiais universais na construção civil. O Museu do Tijolo foi uma ideia criada por Claudir Fachinetto, gestor da Cerâmica Fachinetto, empresa que está na família há gerações. O espaço possui 530m² de área total, sendo 330 m² no piso superior e 200 m² no piso inferior. O principal material empregado na construção são os tijolos da própria Fachinetto, que estão presentes nas paredes e colunas de todo o museu.

Fachinetto também foi presidente da Associação dos Amigos dos Moinhos, que discute questões pertinentes ao Museu do Pão, localizado em um município próximo a Arvorezinha. E foi daí que veio a ideia de criar um projeto para contar a história da cerâmica vermelha no país.

Ele conta que, antes de construir o Museu do Tijolo, já existia um pequeno espaço dentro da Cerâmica Fachinetto usado com este objetivo. O pequeno museu nasceu quando ele e sua irmã notaram que muitos materiais, como prensas de telha e máquinas, eram dadas para o ferro velho. E foi então que surgiu a ideia de juntar tudo para um dia construir um museu. “A gente acabou construindo um pequeno museu, mas aí o museu da Cerâmica Fachinetto, onde a gente guardou essas máquinas, guardou essa coisa toda e hoje ele está montado dentro do pátio da cerâmica, onde têm fotografias, algumas máquinas antigas, inclusive máquinas de calcular, de escritório”, explica.

Com características incomuns e inovadoras, o edifício foi projetado para aproveitar ao máximo a topografia do terreno e evitar movimentos significativos de terra. Isso fica evidente em diversas partes da construção, como no desnível de 3 m que há entre a parte mais alta junto à rua e a parte dos fundos do local, e em um corte que revela uma falha proposital atravessada no interior do edifício.

Claudir pontua que algumas características da estrutura do museu revelam seu diferencial. “Ele foi construído em cima de uma rocha. Tem uma rocha no primeiro piso dele que sobressai para fora da construção, onde ela ficou muito bonita, ficou aparente e ela vem como se fosse saindo da construção”, observa.

As colunas que sustentam a laje de cobertura também se destacam por serem feitas com tijolos totalmente desalinhados. “Os pilares de sustentação da laje são feitos com tijolos maciços como se fossem empilhados aleatoriamente, nada de um pilar feito no prumo, uma coisa bonita”, aponta o responsável pela obra.

O museu ainda vai abrigar um espaço para contar a história da cerâmica e do clã Fachinetto. Logo na entrada, um velho caminhão da família que foi totalmente restaurado, recepciona o público. Na sequência, uma linha do tempo com objetos e painéis conta a história da cerâmica. A partir daí, o visitante pode optar por seguir pelo mezanino, que conduz às exposições e à varanda com vista para a casa antiga da família, ou descer as escadas que levam a um pequeno auditório no térreo.

No piso inferior, há alguns espaços para atividades mais interativas, como um ateliê que oferece cursos sobre cerâmica, um café e uma biblioteca, que reúne obras e documentos sobre tijolos. Seguindo em frente, o museu se abre para o gramado que o cerca. Também é do piso inferior que sairão visitas guiadas de pequenos grupos à indústria, onde o público poderá ver os fornos e todas as instalações da cerâmica.

O empresário informa que o museu ainda está na terceira das quatro fases de construção para que seja totalmente aberto ao público, mas que já é possível realizar visitas com agendamento prévio.

Carlos Cruz é jornalista na Anicer.

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