Inovação tecnológica: uma nova era na construção civil

Por Juliana Meneses sob a supervisão de Manu Souza | Imagens: Divulgação

É cada vez mais comum nos canteiros de obra que se veja a utilização da tecnologia em prol do desenvolvimento da construção civil. Com os avanços da era digital, as inovações atingem diretamente o setor e trazem produtos e serviços de grande valia, que auxiliam diretamente no andamento dos empreendimentos, seja como forma de economizar tempo, ou até mesmo possibilitando que não sejam desperdiçados materiais ou insumos no decorrer dos projetos. Outro fator fundamental para a utilização das novas tecnologias é a diminuição de possíveis falhas nos projetos arquitetônicos, além de conseguir minimizar o tempo estabelecido para o projeto.

Com um mercado cada vez mais competitivo, pensar em estratégias que beneficiem o cotidiano dos profissionais envolvidos nas etapas da construção, se torna uma poderosa aliada em aumentar a produtividade e aperfeiçoar os produtos, proporcionando uma entrega de maior qualidade aos clientes.

Para a arquiteta Larissa Reis, a utilização dessas ferramentas tecnológicas além de auxiliar quanto ao tempo dos projetos, possibilita um uso mais amplo da criatividade nos projetos. “Acredito que essas ferramentas otimizam todo o trabalho, além de diminuírem a possibilidade de erros, já que muitas delas têm a capacidade de reproduzir o projeto com a máxima precisão e proximidade com a realidade. Atualmente, o meu escritório está passando por uma capacitação para inserir o archicad (software BIM) em nossos projetos, justamente para extrair o melhor dessa tecnologia. Com ele poderemos unir a capacidade criativa da modelagem 3D e a precisão técnica necessária para uma correta execução das obras. Podemos utilizar ainda a impressão de pequenas maquetes para melhor demonstração ao cliente que gosta de ter algo físico para entendimento, antes as maquetes levavam semanas para ficarem prontas e hoje temos a possibilidade de transformar um projeto em impressão 3D em poucos minutos”.

 Além de ampliar as possibilidades em detrimento da economia de tempo e dinheiro, é possível se pensar também que as tecnologias são fundamentais para garantir projetos mais seguros e práticos para o setor. Larissa afirma que uma forma de garantir projetos seguros e se valendo de praticidade é com a utilização da ferramenta BIM. “Um dos maiores benefícios do uso da tecnologia na obra é a facilidade de acesso aos dados, o que faz com que todo o processo seja mais rápido e dinâmico. Uma obra bem executada é sempre fruto de um planejamento cauteloso, que deve não apenas ser representado corretamente, mas também interpretado e a visualização e compatibilidade do projeto, através da ferramenta BIM, nos possibilita ter resultados precisos e eficientes. Bons exemplos são os projetos concebidos com ferramentas BIM que conseguem conectar e sincronizar o serviço de diversos profissionais de áreas distintas, para garantir que tudo o que está envolvido no projeto esteja integrado e funcionando corretamente. Desta forma é possível diminuir acontecimento de conflitos internos entre diferentes áreas, já que projeto está sempre atualizado para todos os envolvidos”.

Uma parcela considerável da construção civil ainda utiliza apenas as práticas tradicionais como forma de trabalho, entretanto as tecnologias afetam a produtividade e eficiência de forma significativa, uma vez que em cenários de crise, como os que o setor enfrenta ao longo dos últimos anos, toda ajuda para alavancar o mercado é útil. Inovar como forma de implementar ideias que gerem valor para o setor da construção pode ser um caminho que promove um impacto positivo e resultados promissores.

Para o engenheiro Raphael Felipe, a utilização das novas tecnologias para eliminação de falhas é um fator positivo para o projeto. “O setor pode utilizar as tecnologias de diversas formas diferentes, cada qual com sua peculiaridade e aplicação. Em termos de projeto, a utilização das novas tecnologias disponíveis permite uma compatibilização entre todos eles, desde os principais – como arquitetônico e estrutural -, até os complementares – como hidráulico e elétrico. Isso causa também uma segurança ao projetista e ao usuário, uma vez que é possível analisar possíveis interferência que um projeto pode causar no outro, considerando e eliminando este tipo de problema na fase preliminar da obra”.

O engenheiro destaca ainda que a utilização de realidade virtual e simuladores de cores, auxiliam os clientes na compreensão de como o projeto ficará depois de pronto, o que amplia a chance de fechar negócios. “As novas tecnologias são de grande valia no setor da construção civil. Elas influenciam no dia a dia do engenheiro proporcionando facilidades e agilidade em nosso trabalho. A realidade virtual permite ao cliente visualizar o projeto de uma forma diferente e mais atrativa aos olhos dele, causando um interesse sobre tal. Os simuladores de cores e produtos auxiliam no que diz respeito a realidade que eles proporcionam. Os projetos ficam com aspecto mais realista e isso mexe com o cliente, com o sonho que ele e a família têm, permite ir materializando isso ao longo do processo e não somente na construção em si”.

Softwares 3D são uma realidade nos escritórios de arquitetura, com esses programas é possível criar maquetes virtuais muito próximas da realidade, fazendo com que os projetos fiquem extremamente realísticos o que proporciona aos clientes uma ideia cada vez mais próxima da realidade. Para a arquiteta Rafaella Brasileiro, do Bora na Obra, o cliente ter como visualizar o projeto, facilita no andamento da obra. “O que eu uso muito é a representação realística tridimensional. A gente faz uso de renderização, com softwares bem avançados, isso faz com que o cliente já tenha uma visualização muito próxima da realidade, o que minimiza ali a vontade de mudança, aquelas insatisfações comuns dentro da obra. Quando a gente faz um 3D muito realístico, isso ajuda inclusive para os testes de cores. Então, antes da gente fazer a pintura da parede total, a gente faz aquele teste de prova, pequenininhos, para poder validar se a cor está compatível com a luz do local, com a superfície, de acordo com o 3D”.

Rafaella destaca também que sem as tecnologias, na construção uma parte considerável de material é desperdiçada, o que pode ser revertido com o uso desse tipo de artifício. “Hoje, mais de 30% do que é empregado em uma obra convencional é jogado no lixo, vira entulho, vira desperdício, é retrabalho. Então, acho que a tecnologia vem para minimizar essas perdas, para gastarmos só aquilo que é necessário. Não é pra economizar, é pra gastar o que é necessário e, consequentemente, isso vai gerar uma economia e uma agilidade, um crescimento no setor”.

A arquiteta conta que em seu escritório uma série das novas tecnologias em prol da construção civil já foram utilizadas nos projetos, como BIM, 3D e drone, o que além de impactar positivamente nas obras, gera um interesse e repercussão positiva com os clientes. “O BIM hoje é a ferramenta mais importante no desenvolvimento dos nossos projetos, isso facilita muito a questão da visualização do cliente, a dinâmica na obra e a construção, porque ele não é mais uma construção, um desenho em linhas. Ele passa a ser uma construção no computador, antes daquilo ir para obra, ou seja, isso facilita muito no planejamento da obra, isso evita muito retrabalho, evita muita dor de cabeça, muitos problemas por falta de compatibilização, então a gente usa muito. O 3D – a realidade virtual -, na verdade é uma ferramenta, é uma tecnologia que a gente já usou na apresentação de um projeto para um cliente, foi muito interessante. O cliente tem uma visualização perfeita de como vai ser, uma interação. Do ponto de vista da experiência do cliente é maravilhoso, mas financeiramente não se mostrou viável para o momento que a gente está vivendo. Para o nosso escritório, eu acredito que é o futuro, mas acho que isso vai acontecer de uma forma mais acessível, em muito pouco tempo. Já utilizamos drone para mapeamento de fachada, inclusive recentemente, foi bem interessante. O drone fazendo todo o rastreio da fachada, evitando ali uma série de horas de levantamento e isso dá uma visão 3D, o cliente ficou super encantado. Então, a gente já tem utilizado muito as tecnologias, eu busco inclusive as tecnologias da construção civil, não só do desenvolvimento do projeto, mesmo no mercado de pequenas e médias obras. Esse é o nosso desafio”.