Hoje é:23 de novembro de 2024

Cerâmica x Artigos funcionais para o lar

Com designer arrojado, artista plástico cria a linha “Breve” de utilitários para cozinha

Por Juliana Meneses | Imagens: Divulgação

O artista plástico Augusto Ribeiro, presente no Instagram com o perfil Breve Cerâmica (@breveceramica), desenvolveu uma série de utensílios em cerâmica vermelha, que são ao mesmo tempo versáteis e funcionais e trazem a ideia da oposição entre os conceitos artesanal e industrial.

Sua ideia era conseguir se apropriar do design estético dos utensílios pré-fabricados, que possuem uma aparência simplificada, mesclando com a maneira que a cerâmica artesanal dá de mais exclusiva para suas peças, pois nesse processo uma peça nunca será igual a outra.

A origem do nome Breve Cerâmica surgiu com a ideia da brevidade do presente e a beleza da impermanência. Um aspecto compreendido pelo artista é que tudo é passageiro e impermanente, indo além dos conceitos ortodoxos de técnica, processo ou estética, o que lhe proporciona uma amplitude para a criação e experimentações que dão origem a cada peça. “A série Chanfro surge do conflito entre design industrial e artesanato. O processo criativo e tecnologia empregados pelo design junto a técnicas de produção manuais que geram resultados únicos, colocando a estética moderna com sua simplicidade e sofisticação junto a terracota vermelha, tão banalizada em nossa cultura, para um questionamento sobre a geração de valor e estigmas relacionados a materiais. Todos os produtos da série Chanfro foram desenvolvidos em software 3D e materializados através de impressão 3D, tanto para a prototipagem quanto para confecção de moldes em gesso para a reprodução das peças e posterior acabamento manual”.

Ribeiro conta que seu trabalho começou como um hobby e posteriormente conseguiu desenvolver seu projeto cerâmico. “Foi um caminho natural juntar meu hobby (cerâmica artesanal) à minha profissão (designer industrial) pegando o melhor dos dois mundos e colocando meu olhar pessoal na criação”.

Para o artista, seu processo criativo se dá por uma grande influência de sua formação como designer, além de conceitos do minimalismo. “Como trabalhei a vida toda em consultorias de marca, aprendi muito sobre consistência e a ideia de uma criação que siga um fio condutor muito claro. Logo, na primeira coleção de utilitários da Breve, a série Chanfro, coloquei muito das minhas influências pessoais e meu olhar sobre o design, que passeiam pelo minimalismo, modernismo e símbolos populares brasileiros. Tudo isso somado a ideia de criar algo novo, que fuja dos padrões e da moda. Por isso, mesmo antes da existência da marca, eu já sabia que todos os produtos teriam o barro vermelho como seu revestimento, assim como os tijolos de nossas casas. Paralelo a isso vem a tecnologia digital como ferramenta de criação, que muda completamente o processo e o resultado, consequentemente. Como designer industrial, eu sempre utilizei o computador para projetar e na Breve não foi diferente. A ideia de experimentar e criar novos processos é combustível para a minha criação”.

O artista indica ainda que a maior dificuldade em seu trabalho é justamente lidar com a organicidade da cerâmica, que não segue um padrão e resulta em processos únicos para cada criação. “Com certeza, o maior desafio da cerâmica é a própria cerâmica. Costumo ouvir que a argila é uma matéria viva, pois além de ser muito plástica no momento de sua modelagem, continua se movimentando durante sua secagem e principalmente na queima. E a queima é sempre uma surpresa. A cada fornada, aprendo mais sobre o material, como eles interagem com o calor, as formas que lhe são impostas e os esmaltes aplicados”.

Dentre as suas criações, ele destaca que suas favoritas são as de design mais simples. “Eu sou apaixonado pelo Espremedor e a Moringa da série Chanfro. Pois são produtos supersimples e banais que ganharam identidade e sofisticação com formatos e materiais que não são comuns a eles. Também sou muito apegado aos meus trabalhos em escultura, nos quais coloco muito dos meus sentimentos e experiências pessoais, é a minha maneira de compartilhar o que sinto e me expressar”.

Juliana Meneses é jornalista na Anicer.

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