Hoje é:19 de maio de 2024

A cobertura ideal

Conheça os tipos de telhas cerâmicas mais usados no mercado e descubra qual o mais indicado para o seu projeto

Por Carlos Cruz | Imagens: Anicer e Cerâmica Brasileira/MG

O mercado oferece uma enorme quantidade e variedade de telhados que, por vezes, pode gerar muita dúvida na hora da escolha do modelo ideal para o seu projeto. Para não ter erro, é necessário considerar fatores que podem ser determinantes para a sua decisão, como questões técnicas, ambientais, estratégicas e, claro, estéticas. É importante entender as vantagens e desvantagens dos mais variados tipos de coberturas até mesmo antes de começar a construção para fazer as melhores escolhas.

As telhas cerâmicas ainda são as mais utilizadas nas construções residenciais no Brasil. E essa popularidade não é à toa: o material, além de aparecer no mercado em diferentes formatos, por conta de sua flexibilidade, também oferece diversos benefícios para a construção e o melhor custo-benefício, quando comparado a outras ofertas de telhas dispostas no mercado.

A maior vantagem das telhas cerâmicas é que elas apresentam ótimo isolamento acústico e excelente isolamento térmico, o que é essencial para manter a temperatura do local agradável. O arquiteto Caio Fontoura pontua a importância dessa característica para um projeto. “A telha cerâmica tem um conforto ambiental muito melhor do que qualquer outro tipo de telha. A troca de calor com o ambiente acontece da melhor forma e ela meio que impede de passar uma temperatura muito grande pra dentro, então é um absorvedor de temperatura muito eficiente”, afirma.

A aparência das coberturas cerâmicas também é um atrativo na hora de escolher o tipo de telhado e um dos motivos que a torna tão tradicional no Brasil. “Você tem o valor estético, que ela dá um charme bem característico, bem peculiar da própria telha, aquele vermelho, que dá um ressalto, fica bem interessante”, complementa o arquiteto Cleyton Cabral.

Fontoura observa ainda que a aparência remete a uma casa de campo ou, até mesmo, uma casa de praia, a depender do projeto. “Acaba combinando muitos fatores positivos nela: a duração, o conforto ambiental, uma estética muito boa e acaba, no final, sendo um custo-benefício muito bom para quem está construindo”.

A telha cerâmica também pode ser considerada a escolha mais sustentável para sua cobertura, devido ao seu baixo impacto ambiental. Fontoura analisa que outras telhas demandam muito mais processos e recursos naturais para serem produzidas, além de utilizar produtos e isolantes químicos, o que não é necessário na fabricação das peças em cerâmica. “Praticamente, a telha de barro demanda somente um recurso natural, que encontra-se em larga escala em muitas jazidas no país. Ela tem um processo de fabricação que, comparado a outras telhas, tem um índice de emissão de carbono muito baixo. Então, quando comparado a isso, inclusive a duração dela, ela se torna a telha ambientalmente indicada para ser utilizada”, avalia.

A telha cerâmica tem um conforto ambiental muito melhor do que qualquer outro tipo de telha. A troca de calor com o ambiente acontece da melhor forma e ela meio que impede de passar uma temperatura muito grande pra dentro, então é um absorvedor de temperatura muito eficiente

Um estudo encomendado pela Anicer à empresa canadense Quantis, para a Avaliação de Ciclo de Vida de Produtos Cerâmicos (ACV) e o seu comparativo em relação aos equivalentes em concreto, mostra que as telhas de concreto são responsáveis por um maior impacto na mudança climática e no esgotamento de recursos, quando comparadas às telhas de barro. A análise indica que os produtos cerâmicos consomem até 43% menos recursos naturais não renováveis que os produtos de concreto. “Pra mim, realmente não tem uma escolha melhor. Seria realmente a mais viável em termos sustentáveis”, pontua Cabral.

Tipos de telhados cerâmicos

As telhas de barro podem ser divididas basicamente em dois tipos: telhas de encaixe e telhas de capa e canal. Dentro das duas categorias, existem diversas opções que atendem aos diferentes modelos de construção.

As telhas de encaixe apresentam concavidades em suas bordas, que permitem que se encaixem às demais. Já as telhas de capa e canal têm formato de meia cana, resultado do processo de prensagem a que são submetidas. Enquanto as telhas de canal são côncavas, as de capa são convexas, e ambas possuem características específicas que facilitam o encaixe umas às outras e aumentam sua fixação. As peças canais, por exemplo, têm uma certa elevação na parte inferior para se apoiarem nas ripas, e as telhas capas geralmente têm curvas que permitem o perfeito acoplamento com as canais.

No momento de escolher entre as duas opções, deve-se analisar alguns fatores relacionados ao tipo de projeto que está em execução. “Essas telhas têm uma estética diferente. Cada telha vai trazer um pouco de características diferentes para a residência. Mas, acima de tudo, ela tem uma capacidade de inclinação, de fixação, de despejo de água e de produtividade. Então, esses índices são os principais para que o arquiteto possa tomar a decisão de especificar a telha. Além disso, têm as telhas duplas, que tem, já na própria folha, capa e canal. Ela tem uma produtividade mais alta na sua instalação e uma vedação melhor, então o risco de ter uma infiltração nessa telha é mais difícil que uma telha única”, compara Fontoura.

Cabral destaca que as características climáticas da região onde ficará localizada a construção também devem ser levadas em conta. “A gente precisa saber a região, porque, por exemplo, aqui no nordeste eu teria que usar um telhado com inclinação mais suave, então eu poderia usar uma telha canal sem precisar do encaixe. Mas se eu for pra região do Sul, onde às vezes chega até, dependendo do local, a nevar, precisaria de um telhado mais inclinado, porque tem uma incidência maior de chuva, e a telha realmente tem que ser mais travada. Não seria somente a estética, mas também uma questão funcional e técnica do telhado”, explica.

As principais telhas de encaixe são a portuguesa, a romana e a termoplan, enquanto as mais tradicionais telhas de capa e canal são a colonial, a paulista e a plan. Separamos as três principais opções dentre essas, para facilitar a sua escolha no momento de decidir a cobertura ideal para seu projeto.

Telha colonial

Fácil de instalar e excelente no escoamento de água, esse tipo de telhado é um dos mais utilizados em construções residenciais e o mais antigo das opções de capa e canal fabricados no Brasil. A telha colonial é encontrada em peça única, destinada tanto para os canais, como para as capas, e caracteriza-se por seu formato arredondado. O peso das peças varia, em média, entre 2,5 kg a 3,6 kg, totalizando cerca de 60 kg e rendendo em torno de 25 unidades por metro quadrado. Mesmo com o peso variando de acordo com os fabricantes, as medidas das telhas são padronizadas nas normas específicas do setor: 48 cm X 20 cm X 15 cm, e a inclinação deve ser de, pelo menos, 30%. Geralmente, as telhas coloniais são encontradas nas cores vermelha, branca e mesclada (vermelha e branca).

Telha romana

Esse tipo de telhado está entre as principais opções das telhas de encaixe e possui capa e canal interligados. Suas peças são caracterizadas por um formato achatado, proporcionando um charme particular ao edifício. O rendimento das telhas é de 16 peças por m², com peso de 2,5 kg e medindo cerca de 40 cm X 21 cm. Dentre todas as variações de telhas cerâmicas, a telha romana está entre as que oferecem melhor custo benefício, sendo uma das mais baratas do mercado.

Telha portuguesa

Caracterizada por seu encaixe mais moderno, as telhas portuguesas proporcionam um aspecto estável à cobertura. Esse modelo é considerado uma evolução das telhas coloniais, sendo ainda mais funcionais e econômicas que elas, principalmente devido ao tipo encaixe, que facilita a instalação, e ao rendimento das peças, que é em média de 16 unidades por metro quadrado, e torna esse processo ainda mais rápido, diminuindo os custos. Além disso, as peças podem ser encontradas em variados modelos e são consideradas ideais para os projetos com telhados curvos. O peso médio de cada unidade é de 2,4 kg, o que representa cerca de 40,8 kg por metro quadrado, sua medida é em torno de 41 cm X 23,7 cm e a inclinação recomendada é de 35%.

Projeto Telha Padrão

Para garantir a qualidade das telhas cerâmicas e pensando no consumidor final, são realizadas algumas iniciativas que visam auxiliar os fabricantes a desenvolverem um produto com excelente qualidade, o que consequentemente auxiliará na manutenção de boas vendas.

O projeto Telha Padrão foi criado como uma iniciativa da diretoria de Telhas da Anicer, para formação de um grupo destinado a pensar no mercado de telhas e no consumidor, onde fosse possível estudar como trazer um produto que pudesse atender também a Norma de Desempenho e por consequência alcançar a padronização das telhas.

O projeto de trabalho do Telha Padrão, é constituído por industriais da cerâmica vermelha, além de possuir o apoio de técnicos e engenheiros. Os fabricantes de moldes de telhas também auxiliaram diretamente neste trabalho, sendo cada um responsável por um modelo de telha e pelo desenvolvimento e ajustes dos moldes e acompanhamento às fábricas, de acordo com as definições discutidas no grupo.

A partir desse grupo, três modelos de telhas já foram desenvolvidas e, em breve, estarão aptas ao comércio.

Apresentação dos novos modelos em Campinas

Jeferson Faulim (Cerâmica Faulim), Marcelo Dias (CCB) e Bruno Frasson (Engenheiro) estarão juntos na apresentação de um Minicurso que vai deixar os participantes por dentro das principais propostas de mudanças para atualização da Norma de Telha.

Além disso, os palestrantes irão apresentar os modelos do projeto “Telha Padrão”, iniciativa liderada pela Anicer para desenvolvimento e padronização das telhas nos modelos “Americana”, “Romana” e “Portuguesa”, com o objetivo de fortalecer o mercado desses produtos e garantir a qualidade das peças.

O evento se realizará em Campinas, no Expo Dom Pedro, dia 10 de agosto, às 18h. Informações em: https://www.anicer.com.br/expo2022

Carlos Cruz é jornalista na Anicer.

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