Por Otacílio Carvalho | Imagens: Otacílio Carvalho
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A Indústria de Cerâmica Vermelha no Brasil é constituída por mais de 6 mil empresas que empregam cerca de 400.000 postos de trabalho diretos e está situada em todos os estados, abrangendo perto de 1.000 municípios. São produzidos principalmente telhas, tijolos, lajotas e tubos cerâmicos para abastecer a construção civil em cada um dos 5.570 municípios do País.
Essa indústria, apesar de parecer simples é uma das mais complexas pois ela envolve diversos conhecimentos profissionais em sua operação. É como se fossem várias indústrias dentro de uma cerâmica.
Para produzir é necessário dispor de matérias-primas cerâmicas que serão misturadas e extrusadas, depois secadas, queimadas e então resultam nos produtos que são classificados e encaminhados ao mercado. Mas ainda precisam de materiais para a queima e a secagem dos produtos que em sua maioria é lenha ou seus derivados, nativas ou não.
Todas essas atividades exigem conhecimentos específicos que vão desde Geologia e Engenharia de Minas na legalização, extração e preparação das matérias-primas, Engenharia Florestal na legalização e manutenção dos planos de manejo florestais para produção de lenha nativa, até a Engenharia Mecânica para instalar e fazer funcionar os equipamentos, Engenharia química para qualificação e formulação das matérias-primas e para secagem e queima dos produtos, Engenharia de Produção para fazer a gestão, monitorar os processos e qualidade dos produtos, além da Engenharia Ambiental para garantir o suporte ambiental em todas as fases do processo.
Tudo isso o empresário ceramista faz de forma simplificada e é claro que muitas vezes vão ocorrer inconformidades que vão se refletir na qualidade dos produtos. O mercado vem exigindo a cada dia produtos melhores, mais variados e com mais qualidade. Nos últimos 10 anos, vem ocorrendo uma nítida melhora na qualidade dos produtos, entretanto essa melhora tem que ser contínua.
Pressionado pelo mercado o empresário do setor tem buscado parcerias diversas, e o Senai tem sido um grande parceiro, além de participações esporádicas de universidades e centros tecnológicos, muitas vezes com recursos do Sebrae. Um dos grandes problemas é a distância das empresas para esses parceiros tecnológicos. Tudo isso precisa continuar e ser ampliado.
Queremos destacar agora as instituições que compõem a Rede Nacional de Educação Científica e Tecnológica, vinculadas ao MEC – Ministério da Educação, composta de 661 unidades constituídas por 38 Institutos Federais (632 campis) presentes em todos estados, oferecendo cursos de qualificação, ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas; 2 Centros Federais de Educação Tecnológica; 25 Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; O Colégio Pedro II; e uma Universidade Tecnológica Federal do Paraná. São, portanto, 661 instituições de ensino situadas nos principais municípios do Brasil. Cada uma destas instituições é composta por campis que atuam como unidades descentralizadas de ensino e garantem a presença da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica ao longo de todo o território nacional, promovendo a oferta da educação profissional e tecnológica e o desenvolvimento de inovações tecnológicas alinhados com a vocação local. Vale destacar também sua atribuição no desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas por meio de pesquisas aplicadas e as ações de extensão junto à comunidade com vistas ao avanço econômico e social local e regional.
Verifica-se que por um lado as Indústrias de Cerâmica Vermelha estão carentes de desenvolvimento e inovação tecnológica e do outro estão essas instituições federais ávidas por encontrar parceiros com os quais possam aplicar e estimular suas competências. Daí que é a hora dessas empresas se aproximarem dessas instituições e procurarem implementar parcerias para resolver seus problemas.
Essas parcerias podem ser iniciadas com a visita do empresário à uma das instituições federais mais próximas, se propondo a conhecer suas instalações e ao mesmo tempo colocando sua empresa à disposição para receber turmas de alunos e professores em visitas técnicas, mostrando toda a planta de produção. Desses encontros, normalmente nascem parcerias duradouras e consistentes, com vantagens para os dois lados. O empresário vai se surpreender com a quantidade de laboratórios existentes nessas instituições e com a quantidade de parcerias que podem ser firmadas. Pode, inclusive, evoluir para a contratação de estagiários e alunos aprendizes dessas instituições e até de profissionais ali formados.
Isso não dispensa, nem invalida a articulação das lideranças estaduais direto com o Reitor do Instituto, CEFET, ou universidade tecnológica do seu estado. É fundamental a articulação dos SIndicer’s estaduais e das Federações das Indústrias dos estados.
Essas parcerias vão carecer de algum investimento. É a hora de contatar o Sebrae que, através do Sebraetec, pode ser o complemento que faltava para a realização de serviços técnicos e até a implantação de novas tecnologias e desenvolvimento de novos produtos. Essas parcerias têm tudo para acontecer e serão muito promissoras para todos.
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