Hoje é:3 de maio de 2024

Uso da energia solar fotovoltaica na cerâmica vermelha

Por Otacílio Carvalho | Imagem: Divulgação

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Está acontecendo uma mudança significativa nas indústrias de cerâmica vermelha quanto a energia elétrica, que antes era comprada diretamente das concessionárias de energia e agora passa a ser produzida em usinas fotovoltaicas, pela própria empresa, captando diretamente a energia solar. Isso está acontecendo, aparentemente, em maior intensidade na Região Nordeste, mas tende a se estender por todo o país.

A crise que se abateu sobre esse setor nos últimos 4 anos fez os empresários reduzirem os seus custos em todas as fases da produção. O custo da energia elétrica só tem aumentado nesse período e hoje varia de 10% a 15% do custo total da produção.

A procura por formas mais sustentáveis para gerar energia tem sido um grande desafio para a humanidade. Nas últimas décadas, a questão energética passou a ser prioridade para governos e sociedade, principalmente por questões ligadas ao meio ambiente e ao efeito estufa. Um dos aspectos importantes na utilização de fontes renováveis de energia é a reduzida emissão de gases do efeito estufa. Nos últimos 2 anos, verificou-se uma queda no preço dos equipamentos, tornando mais atraente a geração própria a partir da energia solar.

As fontes renováveis de energia permitem diminuir a dependência de energéticos convencionais, como o petróleo e o carvão mineral e ​​já desempenham um papel importante na matriz energética mundial. A energia solar fotovoltaica apresenta-se como uma opção extremamente viável, devido ao enorme potencial disponível, pois a Terra recebe anualmente energia solar correspondente a 10 mil vezes o consumo energético mundial nesse período.

São inúmeras as suas vantagens: recurso totalmente renovável, não emite ruídos, não polui, a manutenção é mínima, vida útil elevada, modularidade, facilidade de instalação e   excelente em locais remotos. De fato, essa energia vem apresentando nos últimos dez anos um crescimento exponencial em todo o mundo. Atualmente, a capacidade instalada mundial atinge valores acima de 700 GW. Esse crescimento tem sido possível graças a vários fatores, destacando-se a redução dos preços e aumento das eficiências dos módulos fotovoltaicos e os incentivos governamentais.

No Brasil, a situação acompanha o ritmo mundial. Tendo um dos melhores níveis de insolação do mundo, variando de 4,50 kWh/m2 dia a 6,10 kWh/m2 dia, nosso país vem se destacando pelo rápido crescimento da energia solar fotovoltaica na matriz elétrica nacional. A Região Nordeste destaca-se com os maiores potenciais de aproveitamento da energia solar.

Usina Solar Fotovoltaica na Cerâmica Tavares, Parelhas/RN

Recentemente, no mês de novembro/2020 a energia solar fotovoltaica atingiu 7 GW de potência instalada no Brasil, sendo 4,05 GW de geração distribuída e 2,95 GW de geração centralizada. Esse forte crescimento da geração distribuída em nosso país é decorrente da publicação das Resoluções 482/2012 e 687/2015 pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, as quais definem as regras para que os consumidores brasileiros instalem usinas geradoras a partir de fontes renováveis de energia e possam atender suas necessidades energéticas. A energia excedente gerada é injetada na rede da concessionária e seu valor em kWh poderá ser utilizado pelo consumidor em até 60 meses.

Conforme descrito em “Análise da Eficiência Energética em Segmentos Industriais Selecionados – Segmento Cerâmica” (EPE; BANCO MUNDIAL; MME, 2018), o consumo específico médio de energia elétrica no setor de cerâmica vermelha é, aproximadamente, 35,35 kWh/t.

É de se esperar, portanto, que as indústrias de cerâmica vermelha passem a gerar sua própria energia instalando usinas solares fotovoltaicas. No Rio Grande do Norte, cerca de 10 empresas já construíram suas usinas. A Cerâmica Tavares, de Parelhas/RN, já instalou a sua. Tem pouco mais de 6 meses de uso, mas já dá para observar uma redução de aproximadamente 50% nos custos da energia elétrica consumida na produção. Conversando com outros empresários que também já migraram para a energia solar, os dados obtidos são parecidos com aqueles da Cerâmica Tavares.

Neste momento, conhecemos várias empresas que já pediram orçamento de projeto de usina fotovoltaica a empresas especializadas na sua construção, adequadas ao porte de sua empresa, com o propósito de também produzir sua própria energia. Tudo indica que essa mudança é vantajosa e veio para ficar.

OBS: Convidei o colega Professor Augusto Fialho, especialista em Energia Fotovoltaica para fazermos esse artigo juntos e ele gentilmente aceitou. A ele, os nossos agradecimentos. Augusto César Fialho Wanderley é Engenheiro Eletricista, Mestre em Engenharia Elétrica, Professor do IFRN, Coordenador do IFOTOVOLTAICA, Projetista, Consultor e Palestrante.

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Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Materiais Não-Metálicos. Atuando principalmente no segmento de cerâmica vermelha, minerais industriais, prospecção mineral, gerência de qualidade total e geoquímica.

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