Por Carlos Cruz | Fotos: Anicer
Tudo começou quando o presidente da Associação de Artesanato de Copenhage e professor da Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes, Klaus Bonde Larsen, teve a ideia de construir um condomínio com edifícios de alta qualidade utilizando apenas materiais naturais moldados por artesãos. O objetivo do projeto era demonstrar que bons edifícios podem ser feitos manualmente e competir com a grande indústria de hoje em termos de design e qualidade. O ano era 1997.
Assim nasceu o Bispebjerg Bakke, um complexo imobiliário com dois edifícios e 135 apartamentos no bairro Bispebjerg, em Copenhague, na Dinamarca. Desenvolvido pelo escultor dinamarquês Bjørn Nørgaard, em parceria com o pequeno escritório de arquitetura Boldsen & Holm, o projeto levou dois anos para ser concluído e o resultado é uma construção com formas leves e onduladas reafirmadas pela ausência de ângulos retos, que acompanham o terreno em declive “como ondas sonoras que se projetam com o vento”, conforme descreveu Nørgaard.
As paredes são feitas de tijolos maciços de cerâmica nas cores vermelho e amarela, tal como era de costume nas antigas construções do local. As entradas e os parapeitos foram revestidos com telhas cerâmicas chinesas, especialmente selecionadas por Nørgaard durante uma de suas viagens aquele país. Os apartamentos são caracterizados por áreas abertas, com amplas varandas que passam a sensação de um espaço infinito onde jardim e apartamento se confundem. A ambição estética e artesanal torna-se evidente nos detalhes, como nos azulejos chineses nas varandas e nos halls de entrada, nas janelas de madeira e alumínio e nos telhados cobertos com uma combinação de zinco ou cobre.
Dependendo do ângulo do qual seja observado, as fachadas organicamente curvadas podem ser percebidas de diferentes formas. Segundo Nørgaard, a abordagem artesanal não é a maneira mais fácil, rápida e barata para se construir. Mas, a longo prazo, a construção pode se tornar muito mais rentável, com baixo custo de manutenção e menor gasto com energia elétrica devido ao conforto termoacústico proporcionado pela cerâmica vermelha.
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