Juliana Meneses | Imagens: Divulgação
O Filtro Curumim é a peça de maior destaque com o público da artista e artesã Danielle Ramalho e suas pinturas em peças tiveram início em 2019. Conhecida como Dara, a artista é carioca com raízes Manauaras. Mãe, comunicóloga por formação e artista e artesã por opção, sua identidade visual é desenvolvida em multisuportes, com distintos materiais e formas, indo desde a arte urbana até a decoração afetiva.
Dara conta que sua inspiração para desenvolver as pinturas nos filtros de cerâmica vieram de outros trabalhos autorais. “Desenvolvo um trabalho autoral de arte urbana com imagens de bonecas indígenas desde 2014, que chamo de #Resisteindio. Essas bonecas, originalmente, tiveram a pele com a coloração vermelha como o barro e um formato robusto arredondado. Em essência, artistas urbanos costumam utilizar os espaços para encaixar seus personagens e ou artes em suportes que conversem com seus formatos, a partir dessa experiência, o filtro de barro acolheu perfeitamente meus traços”.
A artista conta ainda que não possui uma fabricação própria de cerâmica, mas se apropria deste material para desenvolver um trabalho criativo e lúdico. “Uso pesquisa de referências fotográficas, unidas ao meu imaginário lúdico. As influências são os povos originários brasileiros”.
Em seu processo de pintura dos filtros de cerâmica vermelha ela utiliza materiais atóxicos. “Primeiramente, é feito um estudo a lápis da fisionomia a ser retratada e adaptada na peça (filtro) e depois, a execução da pintura propriamente dita. As tintas atóxicas e canetas hidrográficas”
A artesã tem sua marca registrada pelas paredes da cidade, em frente ao Centro de Tradições Nordestinas do Rio de Janeiro, os grafites de Luiz Gonzaga são de sua autoria. Bem como a cabocla do mato, pintada nos tapumes do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, também no Rio, realizados após o incêndio que devastou o acervo, como forma de incentivo a preservação.
Suas peças decorativas, como os filtros Curumim, têm personagens femininos e masculinos de inspiração indígena, cabocla, trazendo a fortificação da identidade nativa brasileira e originária. Incluindo também entre seus trabalhos, telas, personagens de papel machê e matrioskas.
Dara, conta que em suas criações gosta de utilizar muitas cores e valores ligados a sustentabilidade, para que suas peças possam servir de inspiração para outras pessoas. “Os produtos são de estética graciosa, traços marcantes e cores vibrantes. Tenho a sustentabilidade, o reuso e a transformação pessoal como valores fundamentais. Acredito na arte como transformação pessoal e consequentemente social”.
Para a artista é importante que seu trabalho possa refletir a conexão com a natureza. “O meu produto simboliza um respeito ao que é nosso como fundamento, como origem e que se perdeu num projeto de diluição da memória. Busco a identificação de quem sente minha arte, como uma reconexão com a nossa essência, com a natureza, a terra e tudo que somos em unidade e quero através da beleza manifestar essa memória ancestral”.
Os filtros da série Curumim e outras peças da artista estão disponíveis no site Estilistas Independentes ou contato direto com a artista pelo perfil @danidara8.
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