Por Antônio Pimenta
O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.
Com uma certa frequência alguns ceramistas debatem sobre a qualidade dos blocos cerâmicos de vedação (mais conhecidos como tijolos, 8 furos, baianinho ou bloquinho) com relação aos formatos dos furos, se podem ser redondos ou quadrados.
Este debate remonta ao ano de 2005, quando a Norma Técnica ABNT NBR 12.270 foi publicada com requisitos específicos para os blocos de vedação e estruturais. Entre estes requisitos, a resistência à compressão para os blocos de vedação, nesta versão de 2005, era de 1,5MPa, no mínimo. O que para alguns foi um exagero, alegando que na alvenaria de vedação não há uma exigência que requeira tanta resistência e outros considerando este valor muito baixo. Mas a norma foi publicada e em seguida o Inmetro publicou uma portaria com os requisitos básicos e em alguns casos testava a resistência dos blocos.
Por todo o Brasil, várias ações foram desenvolvidas em parcerias com o Sebrae, Anicer, Senai e outros para que as indústrias de cerâmica vermelha se adequassem aos requisitos da norma e portaria. Laboratórios móveis se locomoviam através de várias cidades coletando e ensaiando os blocos cerâmicos. No Paraná, por exemplo, a Mineropar fez um trabalho minucioso ao longo de anos, utilizando seu laboratório móvel e o das instalações em Curitiba.
Com estas ações foi ficando bem evidente que haviam muitas não conformidades e as indústrias de cerâmica vermelha passaram a conhecê-las e foram se ajustando. Mas as dúvidas quanto ao formato dos furos dos blocos cerâmicos e sua relação com a resistência à compressão ainda é atual para muitos empresários do setor.
O fato é que não é difícil produzir blocos cerâmicos com resistência à compressão superior a 1,5MPa. Bastam alguns ajustes e controle de processo para obter resistências bem superiores a esta. Então, entra a geometria dos blocos e a boa queima destes, principalmente.
Fatos curiosos: blocos produzidos com furos redondos que apresentavam resistência abaixo de 1,5MPa alcançavam boas resistências somente com a modificação destes furos, passando aos furos quadrados. Mas, pedreiros e até construtoras passaram a não aceitar os blocos com furos quadrados, alegando que estes ficaram mais frágeis. Era comum jogarem no chão um bloco com furos quadrados e outro com furos redondos e constatar que o de furos quadrados quebravam com mais facilidade. Isto realmente ocorria, ou ainda ocorre, mas os blocos cerâmicos não são fabricados para sofrerem quedas. São fabricados para suportar cargas na alvenaria e o teste correto é o de resistência à compressão.
Blocos com furos quadrados, geralmente têm suas paredes contínuas, sem rebaixos ou reentrâncias, como pode-se observar na foto em destque. A compressão aplicada sobre os blocos tende a ter maior resistência com as paredes contínuas e apresentar falhas nas paredes não retilíneas dos blocos com furos redondos.
Os blocos da foto, obtiveram resistências de 0,7 a 2,8 MPa, da esquerda para a direita. Outra alegação errônea é de que a norma técnica exige blocos com furos quadrados. Dentre os requisitos que podem influenciar na resistência dos blocos, a norma especifica a espessura das paredes e septos, absorção de água, desvio de esquadro e planeza das faces, não havendo qualquer restrição quanto aos formatos ou quantidades de furos nos blocos de vedação. Mas todos devem ter uma resistência à compressão mínima de 1,5MPa.
Cabe aos empresários do setor da cerâmica vermelha adquirir e estudar a NBR 15.270 na sua versão 2017 e testar seus blocos de vedação adequando-os aos requisitos normativos. Quer produzir com furos redondos? Pode, desde que alcance a resistência mínima e atenda aos outros requisitos.
Deixe um comentário