Hoje é:18 de maio de 2024

Panorama da economia 2020 e 2021

Como a pandemia está afetando o setor da construção civil no país

Por Juliana Meneses | Imagens: Shivendu Shukla, Julian Tilgenkam e Ümit Yıldırım

Com a pandemia que se estende ainda por um tempo indeterminado, sobretudo com o atraso no plano de imunização, que atrapalha diretamente as chances de retomada da economia, os abalos no setor da construção civil são uma realidade. Apesar disso, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), a estimativa de crescimento para o faturamento da indústria de materiais de construção se mantém de 4% para este ano em relação a 2020. A pesquisa revelou ainda que no primeiro trimestre de 2021 houve um crescimento de 15,6% neste setor, comparando os meses de março deste ano e do ano passado, quando havia começado a crise sanitária.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), observou que a indústria de materiais de construção obteve uma alta de 11,6% no faturamento comparando com fevereiro de 2020. Entretanto, comparando o último trimestre de 2020, com o primeiro trimestre deste ano, foi comprovado um recuo no setor da construção civil de 5,3 pontos no Índice da Sondagem Indústria da Construção, que é realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), juntamente com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Segundo dados oficiais divulgados pelo Ministério da Economia, a construção nos dois primeiros meses de 2021 criou cerca de 44 mil novas vagas de carteira assinada por mês, já em março esse número foi reduzido para 25 mil novas vagas, evidenciando uma retração no ritmo de contratações justificada pela redução do nível de atividades do setor.

Cortes de Orçamento

A CBIC estima 2,5% de crescimento para o PIB do setor da construção em 2021, entretanto essa estimativa pode não se manter devido aos cortes orçamentários destinados ao faixa 1 do Programa Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa Minha Vida. A verba prevista anteriormente era de cerca de R$1,5 bilhão e com o corte foi reduzida para apenas R$ 27 milhões, apesar da expectativa e pressão do setor de que o governo volte atrás na decisão, o corte orçamentário segue mantido.

Outro corte foi do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), que financia as moradias à entidades sociais, a estimativa era de R$ 720 milhões, sendo reduzida para R$350 milhões.

Sendo a construção civil um dos setores mais importantes de aquecimento econômico, esses cortes podem significar não apenas em paralisações de obras em andamento, mas redução drástica de novos empreendimentos e um agravamento ainda maior nos índices de desemprego no país, já que o setor possui uma boa taxa de empregabilidade, tanto de forma direta, quanto de vagas indiretas da cadeia produtiva.

É importante ressaltar que no passado, o antigo Minha Casa Minha Vida possibilitou que uma parcela dos brasileiros tivessem a oportunidade de adquirir a casa própria, impulsionando a economia, gerando empregos e renda, o que comprova o sucesso e importância da iniciativa para todo país, e que o programa de casas populares pode ser de grande relevância para a recuperação da construção.

O presidente da Anicer, Natel Morares, destaca ainda a importância das reformas para alavancar esse crescimento da construção. “A questão da retomada da economia na construção civil é importantíssima, porque em 2020 a gente já tinha previsão de ter um aumento da construção civil, mas a pandemia nos assustou um pouco. Percebemos que o comportamento das pessoas foi mudando, elas passaram a ficar mais em casa, arrumando a casa, isso também estimulou muito as vendas e de lá pra cá, vemos um movimento crescente de vendas, junto aos anúncios de que o PIB está crescendo. Então, uma coisa é fato: o Brasil precisa fazer as reformas. A Anicer apoia de forma muito contundente a Reforma Tributária, que é primordial e, logo em seguida, a Reforma Administrativa, para que possamos superar os desafios futuros. Precisamos de um executivo reformista, precisamos de um legislativo reformista”.

Juliana Meneses é jornalista na Anicer.

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