Hoje é:19 de setembro de 2024

Preparação de massa – Parte 2

Por Antônio Pimenta | Imagens: Antônio Pimenta

O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

No artigo anterior, tratamos dos fundamentos de uma preparação de massa na fabricação de produtos de cerâmica vermelha e continuando o assunto, um pouco mais sobre esta etapa tão importante do processo de fabricação.

É notório que por todo o Brasil existem diversos tipos de argilas com características muito diferentes. Argilas de várzea, de morro, argilas muito plásticas, outras “magras = fracas”. Argilas duras a ponto de precisarem de moagem ou destorroamento prévio, além da presença de pedras e raízes.

A distribuição granulométrica também é muito variável, com algumas “argilas” extremamente finas cujas partículas estão 95% abaixo dos 45 milésimos de milímetro (0,045mm), sendo assim constituídas principalmente de argilas e silte. Já outras “argilas” podem ter até 50% abaixo dos 45 milésimos de milímetros. E todas estas “argilas” podem ser utilizadas – e são – para a fabricação de bons produtos cerâmicos.

O termo “argilas” entre aspas é para demonstrar que aquilo que geralmente é chamado de argilas na produção de blocos, tijolos e telhas de cerâmica vermelha, na verdade é um mineral que tem apenas uma fração de minerais argilosos em sua composição, variando de 20 até 90%. Em geral, estes minerais têm menos do que 50% de argilas em sua composição.

Tudo isto para demonstrar que existem muitas “argilas” diferentes em uso e mesmo dentro de uma jazida, ocorrem diversos tipos de misturas destes minerais, acarretando em comportamentos diferentes na extrusão, secagem e queima, como umidade de conformação, retração, resistência, cor, porosidade e tantos outros.

Um item determinante para uma boa produção é a plasticidade da massa cerâmica, muito afetada por todos estes fatores citados acima, além dos procedimentos de composição de massa, incluindo o teor de umidade – a quantidade de água adicionada.

Este comportamento afeta muito a regulagem das boquilhas e pode resultar em trincas, deformações e empenamentos dos produtos durante a secagem e queima.

Diante de todas estas variáveis, a preparação de massa pode reduzir drasticamente a dificuldade na regulagem das boquilhas, da seguinte forma: uma massa bem preparada, descansada 72h antes de sua utilização, com um depósito suficiente para um dia de produção, pode ter no início do turno a regulagem da boquilha, mantendo esta mesma regulagem ao longo do dia, ao contrário de condições onde a massa muda ao longo das horas por má preparação ou mudanças da composição de massa, tornando a regulagem das boquilhas uma tarefa frequente e com muita dificuldade.

Aqui constatamos novamente a importância em conhecer bem suas “argilas”, fazer seu sazonamento, uma boa preparação de massa e obter assim maios aproveitamento no processo de fabricação.

Técnico em cerâmica pelo Senai/SP, administrador de empresas e Consultor Técnico e da Qualidade.

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