Por Antônio Carlos Pimenta* | Imagem: Antônio Pimenta
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Há poucos anos algumas indústrias de cerâmica vermelha no Brasil começaram a investir em secadores rápidos – conhecidos como secadores de taliscas, cuja tecnologia é amplamente utilizada na Europa e em alguns países da América do Sul. Como o próprio nome indica, estes equipamentos realizam a secagem dos produtos cerâmicos rapidamente, mas são adequados para todas as indústrias cerâmicas?
Antes de comparar os secadores de taliscas com os secadores tradicionais, vamos lembrar que a plasticidade das argilas ocorre na presença de água, permitindo a conformação por extrusão ou prensagem de blocos, telhas e outros produtos cerâmicos. Mas esta mesma água deve ser removida destes produtos para sua queima e a partir daí a criatividade dos empresários é enorme, construindo os mais diversos tipos de secadores “naturais ou artificiais”, utilizando grandes áreas para deixar os produtos secando no chão, em prateleiras fixas ou móveis, utilizando vários métodos de movimentação como carrinhos, motos, tratores e esteiras, ficando muito vulnerável ao clima e, desta forma, a secagem além de não ser completa, pode durar dias ou semanas em algumas épocas do ano. Estes sistemas requerem uso intensivo de mão de obra e não raramente resultam em muitas perdas.
Passando para os sistemas de secagem “artificiais”, estão os dois secadores desta comparação. Os secadores tradicionais são aqueles em que os produtos são colocados em vagonetas, geralmente metálicas, que de deslocam sobre trilhos em uma grande secador construído em alvenaria com ventilação, aquecimento e exaustão. Dependendo dos tipos de produtos e composições de massas, requerem de 12 a 36h para completar um ciclo de secagem. Estes secadores têm um elevado valor de investimento e manutenção – que são inversamente proporcionais – quanto maior o investimento inicial em bons equipamentos como vagonetas galvanizadas a fogo, por exemplo, maior será sua durabilidade com menos manutenção. Outro aspecto é o consumo energético, já que a energia elétrica é necessária ao longo de todas as horas de secagem e muitas vezes a secagem é interrompida em horário de pico, nas três horas em que a energia fica mais cara, diariamente. A automação de carregar e descarregar as prateleiras com produtos para a secagem também é muito utilizada e reduz manuseio, aumentando a eficiência como um todo.
Já um secador rápido de taliscas realiza uma secagem radical, em alguns casos de apenas 1h, não requer automatismo no carregamento e tem um consumo de energia elétrica restrito ao tempo de utilização, por exemplo, em uma linha de produção de um turno, das 7h às 15h, todos os produtos estarão secos até as 16h e a energia elétrica deixa de ser utilizada para a secagem, a partir deste momento. Mas como é e funciona um secador de taliscas?
O secador rápido de taliscas pode ser descrito como uma estrutura de alvenaria de até 5 m de largura por 110 m de comprimento (dependendo da produção desejada) onde está inserida uma mesa automática na saída da extrusora ou prensa até a entrada do secador. Neste ponto, os produtos são transferidos à uma esteira metálica (talisca) que transporta os produtos cerâmicos em uma seção baixa, suficiente para que os gases aquecidos passem pelos produtos e efetuem a retirada da água. Apesar dos poucos secadores de taliscas em funcionamento no Brasil, os ceramistas sempre questionam: é mais caro do que o convencional? Minhas argilas são compatíveis com a secagem rápida? O consumo de energia é muito elevado? E a manutenção, é cara e recorrente?
Da mesma forma dos secadores convencionais, um bom secador de taliscas deve ser bem projetado e construído com materiais de boa qualidade e certamente não é adequado para todas as indústrias cerâmicas. O primeiro fator a ser considerado é a composição de massa com suas argilas e aditivos que conferem certas características e requisitos na secagem. O teor de umidade, a retração de secagem e o arranjo granulométrico da massa precisam ser bem estudados e definidos, pois o projeto do secador deve ser feito sob medida para cada empresa. Esta secagem rápida requer um processo contínuo e assim é muito importante que a preparação de massa, equipamentos de produção, a extrusora e principalmente as boquilhas estejam muito bem regulados e funcionando continuamente no período de produção. O custo de instalação dos dois tipos de secadores citados é elevado e esses equipamentos têm que funcionar muito bem para fornecer produtos bem secos para a queima.
Outro aspecto importante sobre o secador de taliscas é que ao final do turno de produção, todos os produtos estarão secos e em alguns casos não é recomendado deixá-los expostos em locais onde podem reabsorver umidade, antes da enforna no dia seguinte. O ciclo de produção muda.
Com relação à manutenção, bons secadores de taliscas têm um fluxo intenso de ar para a secagem e assim não ocorrem condensações de água em seu interior, fator que poderia acelerar o desgaste de partes metálicas.
Vamos fazer uma comparação dos dois sistemas em uma indústria que produz aproximadamente 2.500 t de blocos cerâmicos por mês, ou o equivalente a 1.250.000 blocos 9x19x19, de 2 kg cada:
Secador convencional | Secador de taliscas | |
Carregamento | Automatismo | Mesa de agrupamento |
Potência instalada | 150cv | 210cv |
Utilização diária | 21 a 24h | 8h |
Tempo de secagem | 12 a 36h | 1h |
Umidade final | Menor que 3% | Menor que 3% |
No exemplo acima, a produção na extrusora é de aproximadamente 20t/h e este é outro aspecto a ser analisado – os secadores de taliscas no Brasil têm sido projetados para a secagem de 15 a 30t/h.
Finalizando, para uma indústria cerâmica do porte do exemplo acima, que não tem automatismo ou secador artificial, podem ser necessários 11 operários da extrusora até as áreas de secagem, incluindo aqueles que fazem remontagem. Já com um secador de taliscas, só é necessário o operador da extrusora e mais 4 operários na saída para a retirada do material seco que, ao final do dia, estarão todos secos. No entanto, a definição por um secador de taliscas ou convencional deve ser muito bem estudada para a obtenção de bons resultados.
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