Hoje é:20 de setembro de 2024

Terços feitos de cerâmica

Diretora de arte e ceramista apresenta sua cartela de produtos desenvolvidos com cerâmica

Por Juliana Meneses | Imagens: Divulgação

As cerâmicas artesanais vêm ganhando força e público a cada dia. As peças feitas em pequenos fornos e desenvolvidas à mão estão resgatando o valor que o produto artesanal tem de melhor; de algo exclusivo, onde o artesão ou artista deposita toda a sua atenção e carinho em uma peça única, já que neste processo nenhum produto final será idêntico ao outro, conferindo um valor afetivo enorme.

A ceramista Renata Curado, que trabalha com peças de cerâmica artesanal, produz diversos produtos, entre eles, jogos de pratos, copos, moringas, tigelas, vasos, mas o que chama atenção são as bijuterias e terços feitos à mão.

Renata conta que além de trabalhar com cerâmica, sua formação acadêmica é em design, com MBA em Marketing Digital e em determinado momento de sua vida, ela viu que deveria optar definitivamente por qual das duas alternativas seguiria profissionalmente. Foi quando decidiu fazer uma promessa para Nossa Senhora Aparecida para que a santa lhe ajudasse a tomar a melhor decisão.

“Sempre gostei de fazer bijoux e quando comecei na cerâmica é claro que elas surgiram. Comecei na cerâmica numa época em que estava perdida, sem rumo mesmo, tentando me recolocar no mercado de trabalho. Sou designer de formação, tive duas empresas de moda infantil e me descobrir nessa arte foi como um tsunami. Costumo dizer que a cerâmica foi um tsunami que passou e tirou tudo do lugar. Ela me resgatou. Fui totalmente tomada por ela, sonhei imediatamente em viver disso para o resto da vida. Mergulhei de cabeça. Frequentei muitos ateliês, queria aprender com muitos, fiz workshops, assistia tudo o que podia no YouTube, fui comprando meus equipamentos, dormia e acordava pensando, estudando e explorando a cerâmica. Em paralelo, eu fazia um MBA em Marketing Digital na FGV e meu TCC foi um projeto digital para cerâmica. Me vi dividida entre os dois caminhos, virar uma empresária da cerâmica ou ser ceramista. Então, fiz uma promessa à Nossa Senhora Aparecida, pedindo que ela me mostrasse que caminho eu deveria seguir. Encurtando a história, 2 anos depois, estou aqui, com meu ateliê, trabalhando 24/7, exausta, mas proporcionalmente feliz, feliz demais”.

Após ter tido a resposta que precisava, Renata hoje dedica-se exclusivamente à cerâmica. Ela pagaria sua promessa com uma privação alimentar, entretanto, por conta da pandemia pediu que pudesse fazer algo diferente para demostrar sua devoção, dando vida ao projeto dos terços feitos com cerâmica artesanal.

“Bem, na verdade, a primeira promessa era algo alimentar, privação. Daí veio a pandemia, cheguei a manter por 1/2mês e daí bati um papo com ela dizendo que a promessa já estava virando penitência (risos). Então, pedi à ela que me mostrasse o caminho. Acordei pensando nos terços, dezenas na verdade. Montei o projeto e comecei a fazer. Não poderia ter dado mais certo! O mais lindo são os depoimentos que recebo sobre as bençãos que ela espalha pelo Brasil afora, as pessoas criam uma relação direta com minha proposta, se engajam, querem participar também, sentem-se também doando algo à ela. É uma corrente de fé maravilhosa. Tenho absoluta certeza da alegria dela com todos os envolvidos”.

Os terços confeccionados totalmente à mão, conseguem conectar a cerâmica artesanal e a espiritualidade, não apenas da artista, mas também de todos os clientes que encomendam suas peças. Neste período que o Brasil e o mundo estão enfrentando, com a perda de muitas vidas, a fé e a religiosidade podem ser muito reconfortantes para todos os devotos.

A artista conta que seu maior desafio era encontrar um trabalho que a caracterizasse, que pudesse exprimir de fato sua personalidade. A produção dos terços que começaram para pagar uma promessa, pode ser um divisor de águas na carreira da ceramista, que consegue colocar em suas obras todo o carinho e devoção, em um trabalho delicado e feito com muita dedicação.

“Eu diria que o mais difícil é encontrar um diferencial no meu trabalho que me caracterize, que me diferencie, que uma peça possa ser identificada como da Renata Curado. Sou designer e trabalhei alguns anos no mercado publicitário, venho tentando conectar meu passado ao meu presente, para descobrir essa identidade, esse DNA. E que com isso, eu possa fazer a diferença na vida de alguém através do belo, da alegria, do assunto que uma peça possa gerar. Minhas peças precisam falar com meu público, precisam construir histórias e fazer memórias. É isso que eu busco”.

Outros trabalhos da artista:

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Juliana Meneses é jornalista na Anicer.

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