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A competitividade do sistema construtivo em Alvenaria Estrutural

Por Emil Sanchez | Imagem: Cerâmica City

A Alvenaria Estrutural, milenar sistema construtivo, mantém-se como a principal alternativa para atender ao mercado imobiliário brasileiro de baixa renda.

No início do programa, no estado do Rio de Janeiro, segundo levantamento da CEF, a construção em Alvenaria Estrutural com blocos cerâmicos era o sistema construtivo predominante. Entretanto, a partir de 2012 perdeu mercado para o sistema construtivo de paredes de concreto moldadas no local para construção de edificações, e desfaz-se a sua hegemonia devido à elaboração da norma da ABNT que aborda o dimensionamento dessas estruturas de concreto. Destarte, ocorreu uma expansão desse tipo de obra executadas, em geral, por empresas que monopolizam o mercado de grandes empreendimentos. Corporações essas que custearam a elaboração da norma, que entre suas finalidades visou corroborar procedimentos técnicos praticados no mercado, mas que não tinham respaldo na normalização brasileira. Apesar disso, a atual crise econômica aliada às ressalvas jurídicas a diversas construtoras, diminuiu drasticamente a adoção desse sistema construtivo.

Contudo, por sua versatilidade, facilidade de execução e viabilidade econômica, e devido à possibilidade de ser executada sem elevados investimentos em equipamentos, a Alvenaria Estrutural é o sistema construtivo mais viável para a forte demanda habitacional de programas sociais.

A resposta a esse premente imperativo do mercado veio por intermédio da iniciativa do meio técnico e acadêmico, que visa atender uma necessidade dos construtores e calculistas: a união das duas normas da ABNT que abordam esse sistema construtivo. Assim, no dia 15 de setembro de 2017, na Universidade Federal de São Carlos, foi instalada uma comissão para estabelecer regras e diretrizes para a concepção de nova norma para Alvenaria Estrutural, cujo um dos objetivos primordiais é a unificação num só texto das prescrições para a execução de elementos em blocos cerâmicos e blocos de concreto.

Por sua versatilidade, facilidade de execução e viabilidade econômica, e devido à possibilidade de ser executada sem elevados investimentos em equipamentos, a Alvenaria Estrutural é o sistema construtivo mais viável para a forte demanda habitacional de programas sociais.

Essa futura norma deverá, em conjunto com as normas de desempenho, aprimorar as edificações nos requisitos que visam atender as exigências dos usuários representadas em itens que contemplam a segurança, a estanqueidade, o conforto e a sustentabilidade da edificação. Constata-se, portanto, que não basta a garantia da qualidade dos blocos estruturais durante sua fabricação, meta já alcançada pela indústria cerâmica, sendo necessário cumprir requisitos criteriosos para estabelecer o uso adequado face às reais condições de exposição a que as construções se encontram, associado às necessidades dos usuários. O desempenho apropriado da edificação é de responsabilidade de todos os intervenientes da cadeia produtiva: os projetistas, construtores, fornecedores de materiais e serviços, e inclusive, dos usuários onde lhe é atribuída à responsabilidade pelos serviços de manutenção preditiva e preventiva, a fim de garantir a vida útil de projeto da edificação.

Em síntese, até a década de 1980, a concepção de projeto de obras em geral visava a segurança, a estética e o custo. Nos anos seguintes, implantou-se na indústria da construção brasileira o conceito de garantia de qualidade. Foram então disseminadas no meio técnico as normas ISO. A nova era de conceitos, já nos primórdios do atual século, foi a de garantia da durabilidade. Esses três enfoques conceituais são básicos agora e, de modo algum, podem ser negligenciados em qualquer fase da cadeia produtiva. A nova era que se vive atualmente é a da sustentabilidade, fundamental para a sobrevivência humana.

A construção em Alvenaria Estrutural, notadamente a de blocos cerâmicos, atende de modo contundente a esses paradigmas.

*O conteúdo deste artigo não necessariamente reflete a opinião da Anicer e é de responsabilidade de seu autor.

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Mestre e Doutor em Engenharia Civil, pesquisador visitante da T.U. Braunschweig/Alemanha, professor titular aposentado da Universidade Federal Fluminense, membro do ACI, PCI, FIB, IABSE, IBRACON e ABCM. Publicou mais de 250 trabalhos (artigos em congressos e periódicos, autor de 4 livros, organizador de 3 livros com autoria de 9 capítulos, e teses).

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