Hoje é:25 de abril de 2024

Construção Civil pode ser trampolim para retomada da economia

Um dos pilares para a recuperação do país, indústria da construção tem potencial para conduzir a retomada econômica e geração de emprego e renda

Por Juliana Meneses | Imagens: Cerâmica Argibem, Cerâmica City, Divulgação

O setor industrial é um dos fortes impulsionadores da economia do país, apesar da crise iniciada com a pandemia do coronavírus, a indústria inova e desenvolve produtos para fortalecer o Brasil e a construção civil, como pilar fundamental do setor industrial, será um dos indicadores que auxiliarão na retomada da economia brasileira.

A Pesquisa Industrial Mensal – PIM, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, revelou que no último trimestre de 2020 o setor industrial teve um avanço de 3,4%. Dados do IBGE e do Ministério da Economia, destacam que no setor industrial, a queda da economia nacional no segundo semestre de 2020 foi de 9,7%, enquanto o setor da construção civil sofreu um impacto bem menor, de 5,7%, o que já demonstra que o segmento tem chances positivas de uma recuperação expressiva.

Segundo informações da Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC, em julho de 2020 foram abertos cerca de 42 mil novos postos de trabalho, um número significativo que seria um fator para contribuir na recuperação das perdas de emprego do primeiro semestre do ano passado.

Desafios

De acordo com a Confederação Nacional da Indústria – CNI, o Brasil reúne uma série de fatores que desestimulam o empreendedorismo e a atividade produtiva, como a burocracia e as elevadas taxas de impostos. A CNI acredita que para o país ter uma política industrial positiva, são necessários investimentos públicos e privados em ciência, tecnologia e inovação, conectados com a indústria 4.0 e com a economia de baixa emissão de gases do efeito estufa.

Apesar dos dados positivos, que demostram uma melhora no setor, quando observados os números de 2019, percebemos que ainda serão necessárias várias medidas para atingir uma recuperação mais robusta. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD Contínua, do IBGE, em comparação com o terceiro trimestre de 2019, houve uma queda de 7,9% no setor da construção civil, além de uma queda de 16,6% na ocupação de postos de trabalho. Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção – Abramat, elaborada pela FGV com dados do IBGE, aponta que houve um crescimento do setor, comparando o primeiro e segundo semestre de 2020, assim como um crescimento comparando dezembro de 2020 ao mesmo mês do ano anterior (15,7% de alta) e tendência de crescimento para 2021, estimado em 4%.

Outro grande problema a ser enfrentado será o corte aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de 98% aos recursos destinados ao Fundo de Arrendamento Residencial – FAR, do Casa Verde e Amarela, programa adaptado pelo Governo Federal para Habitações de Interesse Social – HIS, e que é um forte aquecedor da economia e do setor da construção civil. Esses recursos eram destinados ao financiamento da antiga faixa 1 do MCMV, que contemplava justamente as famílias com renda mais baixa, de até R$2.600,00. Dados da CBIC indicam que, o corte gigantesco – cerca de R$1,5 bilhão -, criará um impacto negativo neste momento que a economia brasileira precisa de recursos e subsídios para auxiliar na criação de novos empregos. Sem esse investimento no setor da construção, estima-se que serão paralisadas obras de 250 mil casas já em processo de construção, afetando cerca de 250 mil empregos diretos e 500 mil empregos indiretos.

Setor da Cerâmica

O diretor de Relações Institucionais da Anicer, Jorge Lopes, fala sobre a importância da construção civil na economia brasileira. “A construção civil é um setor que representa mais de 6% do PIB do Brasil, normalmente o crescimento do PIB vem acompanhado da construção civil. O nosso setor, pela capacidade de ativos e economia, gerando investimento e expandindo o emprego e renda é de enorme importância para economia. Dessa maneira, o crédito imobiliário é determinante para a manutenção do crescimento do setor e para redução do déficit habitacional. Em geração de empregos, a construção é a atividade mais importante do país. Em números obtidos, incluindo empregos e filiais, conta com 176 mil estabelecimentos e gera 24% do total de empregos do país, representando 34% do total da indústria brasileira. A construção civil emprega 10 milhões de trabalhadores e impulsiona a economia brasileira, e de acordo com o CBIC, o setor deveria ter um aumento de 4% em seu PIB após um recuo de 2,8% em 2020. Já de acordo com a CNI, em novembro, a construção civil atingiu 63% de utilização de capacidade, o maior nível desde dezembro de 2014”.

Já o presidente da Anicer, Natel Moraes, afirma que a construção aquece a economia e destaca que a expectativa para o semestre é positiva. “A construção civil exige muita mão de obra, acho que o primeiro ponto é esse. Então, a taxa de contratação e geração de empregos na construção civil é muito grande, ela é uma das que mais geram emprego no Brasil. Por isso, não tenho dúvida que a partir do momento que a construção civil começa a girar, tudo começa a girar. Ela primeiro demora para começar, mas quando começa, é a última que para. Começa já na geração de emprego, de mão de obra, depois no consumo – temos aí os materiais de construção que acabam seguindo uma velocidade muito grande também e no setor cerâmico não é diferente -, o segmento tem ainda uma particularidade, que a partir do momento que ele começa a crescer muito, pelo setor ser muito interiorizado, a gente gera muita contratação no interior e acaba aquecendo as economias no pequenos municípios, então, o setor cerâmico tem essa função”.

Morais afirma ainda que dentro da indústria cerâmica ainda existe muita esperança que os próximos meses sejam positivos economicamente. “A expectativa para o semestre é positiva, a gente acredita que o crescimento irá continuar, mas claro, a gente tem algumas preocupações. As reformas administrativa e tributária precisam ser realizadas ou teremos sérias dificuldades no futuro. O Brasil continua com os mesmos problemas de antes da pandemia, não mudou nada. A gente tinha um país com déficit fiscal, a gente tinha um país que não vinha crescendo e isso não mudou, muito pelo contrário, atrasou. A gente aumentou muito o gasto público, devido aos auxílios que foram dados no momento da pandemia. Então, o Brasil tem que fazer as reformas, tem que fazer reforma administrativa e tributária, o Brasil precisa respeitar teto de gasto, enfim, o Brasil precisa fazer o dever de casa e isso é natural”.

Anicer faz campanha pela retomada da construção

Recentemente, a Anicer desenvolveu um vídeo para promover a retomada da construção civil, destacando a importância do setor da Cerâmica Vermelha neste momento, promovendo a criação de emprego e renda aos trabalhadores do país. Confira!

Juliana Meneses é jornalista na Anicer.

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